O repórter Marcelo Castro, um dos investigados pela Polícia Civil no que ficou conhecido como "golpe do Pix", foi até a Delegacia de Estelionato e Outras Fraudes (Dreof), no Centro de Salvador, nesta quarta-feira (3). O jornalista, que foi demitido da TV Itapoan após as denúncias, afirmou que ainda não foi chamado para depor e que está à disposição da polícia.
"Apesar de não ter sido intimado, eu respeito a Polícia Civil da Bahia, e nesta quarta compareci na delegacia ao lado do meu advogado para prestar esclarecimentos, e estou à disposição da polícia. Quem pode determinar alguma coisa é a polícia, é o delegado, não é fulano, não é ciclano. Eu ainda não fui ouvido", disse em um vídeo publicado nos Stories do Instagram.
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Nas imagens, Marcelo aparece ao lado do advogado Marcos Rodrigues, que tanbém falou brevemente sobre o caso. "Ja vim aqui [na Dreof] várias vezes. Sempre respeitando a dinâmica e metodologia do delegado. Hoje marcelo pediu para vir. Ele sofre ameaças, represálias e fake news. Achei conveniente trazê-lo à delegacia, mas a autoridade não quis fazer a ouvida. Apenas disse que em um prazo de 15 dias o convocaria", revelou.
Além de Marcelo, o editor Jamerson Oliveira também é investigado pela polícia, assim como outras 11 pessoas.

O esquema
Também já se sabe como o esquema funcionou. De acordo com a polícia, o telespectador era contatado no programa Balanço Geral, da Record, TV Itapoan. As pessoas pediam ajuda e o número para doações era exibido na tela, para quem estava em casa. Às vítimas, era feito o pedido da chave Pix, com a promessa de que o valor arrecadado seria repassado.
Mas, a chave Pix informada seria de um laranaja que integrava o esquema, mas colocada no ar como se fosse da emissora. As investigações apontam que menos da metade do valor era transfeiros ou não recebiam nada.
A polícia também está investigando se funcionários da emissora receberam valores. Cerca de 27 pessoas que trabalham no local.
"Algumas chaves PIX utilizadas foram desativadas, comentou o delegado, após afirmar que pediu ao Banco Central informações sobre pessoas que estariam vinculadas as contas bancárias.
As vítimas das fraudes também foram escutadas. Ainda de acordo com a polícia, ainda não há um valor exato das quantias desviadas. A polícia enquadra o crime como estelionato por meio virtual e também investiga uma possível associação criminosa e lavagem de dinheiro.
"Então, o que a pode afirmar é que um conjunto de indícios forma uma prova, e essa prova está nos apontando verdadeiramente pela existência de uma fraude", disse.
Na coletiva, o titular da DreofCiber detalhou o que foi relatado pelas vítimas nos depoimentos.
"Essas vítimas informaram que a chave PIX era fornecida pela pessoa que entrevistava. A chave teria que ser da empresa para fins de controle, [mas] a própria empresa diz que não fornecia a chave PIX. Outros repórteres informaram que estranham isso", detalhou.
A polícia disse que a investigação será feita em três fases. Dois jornalistas suspeitos ainda vão ser ouvidos e não há data para os depoimentos.
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