Com um mês e 15 dias, o pequeno Miguel se contorcia e chorava no colo da mãe, Tatiane Carvalho, na manhã deste segunda-feira (29). O barulho e movimentação intensa de pessoas nos corredores do Ambulatório de Oncologia, do Hospital Martagão Gesteira, assustou o pequeno. A agitação foi por conta da visita do cantor Saulo Fernandes, que foi participar da reinauguração da unidade e da UTI Pediátrica. Ele participou de uma campanha do hospital, raspando a cabeça, que ajudou a arrecadar os recursos para as reformas. No evento, ele recebeu os certificados de embaixador e de amigo do Martagão. “Eu fui instrumento de algo grandioso, eu acredito nesse amor que envolve essa instituição, então, eu movimento, e faço alguma coisa pra movimentar esse amor, faria qualquer coisa pelo Martagão”, disse o cantor, que recebeu algumas homenagens. O setor de Oncologia recebeu o nome de Cantinho de Saulo.
O pequeno Miguel, que estava agoniado com a movimentação em torno de Saulo, vai ser beneficiado com a nova infraestrutura. Ele tem leucemia e já está em tratamento. “Aqui ficou maravilhoso. Ele veio transferido da maternidade e aqui descobriu que tinha leucemia e já começou o tratamento. Sei que ele vai ser bem cuidado”, disse a mãe Tatiane.Os dois espaços foram reformados com recursos coletados por meio de doações, de pessoas físicas e jurídicas, num total de R$ 400 mil. Agora, o espaço tem uma estrutura de melhor qualidade, com novas camas, novo sistema de ar condicionado. Doações“Mudamos desde uma cadeira de plástico para uma que fosse acolchoada até resolver os problemas de infiltração, que já nos causaram muitos problemas, tendo até que suspender o atendimento”, afirmou o superintendente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, Antônio Novaes.Saulo aproveitou para pedir doações ao Martagão. “Eu quero que vocês conheçam o amor e abracem essa causa, muita gente de coração maravilhoso envolvido nisso, você vai sair cheio de amor. Contribua de alguma forma”, disse.Pais de crianças atendidas no hospital também aproveitaram para relatar a importância da unidade. “Se não existisse esse hospital, seria uma tragédia para mim e para outras pessoas também. A saúde está despencando, mas temos esse lugar para nos abraçar e nos acolher. Graças a isso, eu tenho minha filha nos braços”, disse o auxiliar de pedreiro Anderson Couto, 29 anos, sobre a filha Ester Vitória, de 3 anos, e que fez uma cirurgia no coração.Mãe de Luana, Noêmia Soares lembrou de quando a filha foi diagnosticada com o neuroplasma maligno. “Eu cheguei aqui em 2009 e quando Luana foi diagnosticada foi muito difícil, mas eu quero agradecer de todo coração pelo tratamento que a gente tem aqui. A gente não sabe até onde vai essa doença e nós, que precisamos, devemos manter o Martagão e precisamos de doações”, afirmou.
ApeloO evento também foi um momento de protesto para chamar alertar sobre a situação dos hospitais filantrópicos, entre eles o Martagão Gesteira e as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). “A gente reivindica melhorias no sistema e mais recursos do SUS, porque se os repasses continuem assim, vai ficar ainda pior e há risco de suspender os serviços. Os hospitais filantrópicos estão em crise”, afirmou Antônio Novaes.Segundo ele, um dos motivos é a falta de reajuste na tabela do SUS. “A gente recebe R$ 10 por consulta, quando gastamos R$ 90 para fazê-la. E a gente vê que fora, com um médico particular você paga até R$ 300 por uma consulta. Não tem como fechar as contas”, pontuou.No Martagão, os honorários médicos estão atrasados em três meses, o que totaliza uma dívida de R$ 1,8 milhão. “Nós somos abastecidos por 98% do SUS e 2% de doações, que são muito importantes, mas são recursos carimbado, que têm destino certo”, explicou o superintendente. No caso do show de Ivete Sangalo, por exemplo, o dinheiro será usado para a construção de uma nova estrutura e não pode ser desviada para pagar os médicos.Na Osid, a situação não é diferente. Lá, por causa da crise, as doações diminuíram cerca de 30%. “Tivemos uma queda muito grande nas doações, em torno de 30%, e estamos com dificuldade de ampliar o leque de parcerias as empresas também estão segurando o dinheiro. Eu tenho 25 anos a frente das obras, eu nunca vi nada parecido”, disse a superintendente das Obras, Maria Rita Lopes.Segundo Maria Rita, a situação deve ficar ainda mais grave a partir do segundo semestre. “Os próprios técnicos do Ministério da Saúde, nos alertam que os recursos devem terminar até agosto. Se agora já está difícil, o que vai vir por aí? É extremamente preocupante”, avaliou. Além disso, as organizações estão preocupadas com a PEC 143, que desobriga estado e município a repassarem recursos de saúde e educação.
Foto:Marina Silva/Correio |
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Redação iBahia
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