Essa seria uma segunda-feira (29) feliz para Adriano Rosa, quando completa 15 anos. Mas o semblante do jovem era de tristeza, após sobreviver a um afogamento na praia da Barra, e ver o amigo Rafael Ventura Rodrigues da Silva, 14 anos, morrer na mesma situação. O terceiro amigo, Antônio Carlos da Costa Silva, 16 anos, ainda não foi encontrado.
De cabeça baixa, ele lembrou de como conseguiu se salvar. “A onda veio e me jogou nas pedras, me agarrei nas pedras e comecei a gritar socorro. Meus colegas, como a gente fica brincando, achou que era mentira, aí abaixei a cabela chorando, os caras acreditaram”, contou o jovem, que ficou com as pernas arranhadas por causa do impacto nas pedras.
Na memória de Adriano, tudo aconteceu muito rápido. Ele, Rafael e Antônio entraram no mar quando já era noite, para continuar as brincadeiras que faziam na areia da praia. O mar estava agitado e as ondas estavam “quebrando” nos jovens, por isso resolveram ir um pouco mais para trás.
“A onda pegou e bateu na gente, coma a maré estava esvaziando, levou a gente pro fundo, pisou e não achou chão. O primeiro que desceu foi Antonio Carlos, que começou a bater os bracos, aí deu cãibra de nó e desceu. Aí o outro tentou salvar o colega e não consigo, aí desceu também. Como eu não achei chão, eu nadei cachorrinho devagarzinho”, lembrou o jovem.
Adriano foi salvo por pessoas do grupo que os acompanhava no passeio. Um grupo de amigos tinha o costume de jogar bola e dessa vez, os mais novos foram convidados a participar da ida à praia. “Só foram dois dias que eu fui pra lá, no outro dia e nesse que eu fui agora e aconteceu a tragédia. Tinham dito pra gente que tinha um buraco outro dia, mas aí a gente entrou no mar e esqueceu”, completou.
Os três jovens moravam na mesma rua desde a infância. O afogamento abalou a comunidade. “Os meninos eram supercalmos. A rua ficou abalada. Eram uns meninos que não mexiam com ninguém. Todo mundo da rua gostava deles, tanto que quando soube o que tinha acontecido com eles, todo mundo se juntou para fazer uma oração”, contou Lícia, 18, irmã de Adriano.
A mãe de Adriano não sabia que o filho tinha ido à praia e foi surpreendida com a notícia do afogamento. “Eu achava que ele estava na outra rua, trabalhando no lava-jato. Quando soube já foi a notícia”, contou Georgina Souza.
O corpo de Rafael Ventura será sepultado nesta tarde, no Cemitério das Quintas dos Lázaros.
Localizado
No sábado (27), o tio de Rafael, Roque Hudson contou que Rafael não sabia nadar muito bem. Ele morava com os parentes na Liberdade e costumava ir à Barra encontrar os amigos. "Ele sempre ia jogar bola, pegar o babinha dele. Ele nadava mais ou menos, não tinha costume, mas quanto tinha intervalo do baba gostava de dar um mergulho", contou Hudson, na ocasião.
Rafael, Antônio Carlos e Adriano jogavam futebol com um grupo de amigos na areia da praia do Farol da Barra, em frente à região do Barracenter, na noite de sexta-feira (26).
Ainda na sexta-feira, a Capitania dos Portos foi acionada e fez buscas no local até por volta das 2h de sábado (27). O Graer, da Polícia Militar, também foi chamado, mas os jovens não foram localizados.
De acordo com o major Rogério Cerqueira, subcomandante do Grupamento Marítimo dos Bombeiros (GMar), o corpo de Rafael foi localizado na região do morro do Cristo, numa vala próxima às pedras.
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Redação iBahia
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