Medo domina Castelo Branco depois de triplo e duplo homicídios

Em pouco mais de 12 horas cinco homens foram executados no bairro de Castelo Branco. Na tarde de domingo, um triplo homicídio. No início da manhã desta segunda, outras duas mortes foram registradas. Enquanto moradores reclamavam da falta de segurança ao CORREIO, ontem no final da tarde, dois homens armados assaltaram o supermercado Todo Dia do bairro. O primeiro registro, de três mortes, foi na Rua Sacramento, no Caminho Um, próximo do Centro Social Urbano (CSU). Dentro de um veículo Corsa, de cor azul, a polícia encontrou os corpos de Adilton Santos dos Anjos, 28 anos, e de Willian de Jesus Sales da Silva, 22, que apresentavam oito e nove perfurações de arma de fogo, respectivamente. Já na laje de uma casa da mesma rua, o adolescente Matheus dos Santos Lima, 16, também morreu após ser baleado. As investigações policiais apontam que o crime tem relação com o tráfico de drogas na região.“O menino que estava na laje fugiu quando ouviu os tiros. Deve ter visto a cara dos atiradores, aí eles mataram. Dizem que morreu inocente”, conta uma moradora do bairro que prefere não se identificar.Para o delegado Odair Carneiro, porém, essa versão ainda não foi confirmada. “Ainda estamos investigado, mas não descartamos que o rapaz da laje era pra ser vítima também. Não temos a confirmação se tem passagem policial, mas os outros dois têm, como usuários (de droga)”. Nesta segunda, dois corpos foram encontrados no Loteamento São Cristóvão, também em Castelo Branco. Com pés e mãos amarrados, sinais de tortura, e trajando apenas cuecas, os dois homens foram executados com três tiros na cabeça. Um deles foi identificado como Josué Fábio Correio de Lima, sem idade informada. O outro pode ser João Batista, segundo apuração policial, mas a identificação do corpo também não havia sido feita até a noite de ontem. desova Moradores da região contam que o local tem se tornado ponto de desova e que, apesar de haver policiamento constante na Via Regional, próximo dali, a PM não entra no local durante a noite, quando a maioria dos crimes ocorrem. “Achamos muito estranho terem deixado papelotes de cocaína em cima do corpo. Traficante não perde dinheiro, não faria isso”, suspeita outra moradora que também pede anonimato. A Polícia Civil, através do Departamento de Comunicação, descarta que os casos tenham relação. Os crimes são apurados por delegacias diferentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O triplo homicídio é investigado pelo delegado Odair Carneiro, da Delegacia de Homicídios Múltiplos, que ontem começou a colher depoimentos de pessoas próximas às vítimas. Já as duas mortes no Conjunto São Cristóvão são apuradas pela delegada Cleuba Regina, titular da 2ª Delegacia de Homicídios. “As informações preliminares do triplo (homicídio) dão conta que as vítimas tinham envolvimento com o tráfico, segundo moradores, e eram conhecidos como usuários. Os do Loteamento São Cristóvão foram executados em outro local e largados lá. Ninguém do local conhecia as vítimas”, detalha o major Gilson Seixas, comandante da 47ª Companhia Independente da PM (Pau da Lima). Insegurança No bairro, os moradores temem pelo aumento da violência. Invasões e arrombamentos às casas, com bandidos usando disfarces de agentes de endemias e de funcionários da Coelba, foram relatados por moradores, que falam ainda da exibição de armas por traficantes. “Meu filho chamou a polícia quando os traficantes estavam fazendo racha com motos. Quem disse que vieram?”, conta uma dona de casa moradora da Quadra Um. Nas redondezas do CSU, os moradores reclamam que só há policiamento nos finais de semana e apenas nas ruas principais. O metalúrgico Gerson Oliveira, 49, lembra que quando se mudou há nove anos, o cenário era diferente. “Hoje as coisas acontecem à luz do dia. São adolescentes de 15, 16 anos, assaltando trabalhadores”, lamenta. Rondas diárias são realizadas, diz PM Em relação às queixas de falta de policiamento no local, a Polícia Militar garantiu que há rondas diárias pelo bairro, realizadas pela 47ª Companhia Independente da PM (Pau da Lima), além de operações com abordagens preventivas e incursões com o apoio da Rondesp. “Foi um fato isolado. Não é todo o dia que temos triplo e duplo homicídios aqui. O triplo foi de fato na nossa área e há envolvimento com consumo e tráfico de drogas”, diz o major Gilson Seixas, comandante da 47 ª CIPM. O major diz que o bairro “tem merecido atenção maior da PM por ser o mais extenso entre os bairros de atuação (da 47ª)”. Ele explica que 118 homens e quatro viaturas trabalham nos sete bairros que estão sob responsabilidade da companhia: São Marcos, Pau da Lima, Vila Canária, Dom Avelar, Jardim Cajazeiras, Porto Seco Pirajá e Castelo Branco. “Mantemos boa relação com associação de moradores. Atuamos em uma área muito acidentada e que requer um trabalho especial”, diz. Seixas confirma que o local conhecido como Caminho Quatro, onde ocorreu o triplo homicídio, é ponto de consumo de drogas. Supermercado assaltado Segunda, o supermercado da rede Todo Dia do bairro de Castelo Branco foi assaltado por dois homens armados. De acordo com a assessoria de imprensa da Walmart, dois caixas foram saqueados. Este não foi o primeiro assalto ao estabelecimento, segundo a PM. Um vigilante do local acionou a polícia, que chegou no momento da fuga dos assaltantes em uma moto. Houve troca de tiros, mas os bandidos conseguiram fugir. Ninguém ficou ferido e o valor roubado não foi divulgado. O caso foi registrado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, segundo a assessoria. Matéria original Correio 24h Medo domina Castelo Branco depois de triplo e duplo homicídios