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SALVADOR

Moradores de Pau Miúdo cancelam protesto por medo de retaliações

Clima no bairro é de muita tensão. Recentemente, segurança de maternidade foi morto ao voltar da casa de namorada

• 09/01/2015 às 9:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 18:25 - há XX semanas

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Os últimos dias têm sido de muita tensão para quem mora nos bairros de Cidade Nova, IAPI e Pau Miúdo. A guerra entre as facções criminosas Caveira e CP (Comando da Paz) já provocou a morte de inocentes e o medo virou rotina.
Gleidson não tinha passagem pela polícia
O último assassinato — o quarto em dez dias — aconteceu na noite de quarta-feira, na Rua Professor Batista Vieira, no final de linha do Pau Miúdo. O vigilante Gleidson Fernandes Brandão, 29 anos, foi morto com oito tiros no rosto e no pescoço, quando chegava em casa após visitar a namorada. “Você é de qual facção?”, perguntou um bandido, ao abordá-lo. “Nenhuma, sou de Jesus”, respondeu Gleidson, segundo testemunhas. Não adiantou. Ele, que há cinco anos era segurança da Maternidade José Maria de Magalhães, na Rua Marquês de Maricá, no mesmo bairro, foi morto a tiros. Segundo testemunhas, ele foi abordado por quatro homens e um disparou contra o vigilante. Gleidson morava há mais de 15 anos no bairro e dividia a casa, que fica a poucos metros do local do crime, com a mãe. “Ele estava indo para casa dormir, era um homem de bem, trabalhador. Não tinha envolvimento com nada”, contou uma moradora. Segundo a polícia, Gleidson não tinha passagem em delegacias. A mãe de Gleidson desde o crime está dopada e não se conforma com a morte do filho. Amigos contam que ela pediu que o filho não chegasse tarde em casa com medo do conflito entre as facções criminosas. “Ela sempre dizia: ‘Meu filho, por favor, não chegue tarde’. Ela chegou a ligar para a namorada dele e pedir a ela que não deixasse Bob (como ele era conhecido) voltar tarde. Na quarta-feira (7), ele voltou até mais cedo, mas não teve jeito”, disse um morador. Vizinhos tentavam entender a morte do amigo. “Eu só queria entender por que isso, por que ele estava andando naquela rua sinistra?”, indagava uma amiga. Logo após matar Gleidson, os homens fugiram em um Corsa prata.
Rua Prof. Batista Vieira, onde ocorreu crime: ‘sinistra’, segundo morador
Whatsapp A suspeita é de que o crime tenha sido comandado pelo grupo Lucas, Edy, Nay, Buia e Baco, que é do Brongo, onde há concentração de integrantes da facção CP, e que também seria responsável por outros atentados nos últimos dias. Entre os moradores do bairro, por meio do aplicativo Whatsapp, circulam as fotos dos suspeitos (abaixo) e relatos da tensão na área. “Fica todo mundo com medo de ficar andando pela rua. Aqui fecha tudo cedo”, contou um morador.
Lucas, Edy (de boné), Nay, Buia e Baco: suspeitos de crimes no bairro
“Estamos vivendo em tensão máxima, o pessoal do Brongo ameaça invadir a Cidade Nova a qualquer momento”, diz um dos textos. “Facção do Brongo se reúne nesta noite (quinta à noite) para invadir o Pau Miúdo, e eles não querem nem saber quem é quem, toque de recolher foi dado para 20h, quem passar desse horário na rua o aviso foi pra que matasse em resposta ao ataque contra eles nas noites passadas”, diz outra mensagem. Moradores também relatam que homens andam circulando com armas pesadas, como fuzis, fazendo ameaças. “Eles saem gritando que vão matar todo mundo. Aí todo mundo já sabe que não é para ficar circulando até tarde por aqui”. Conflito De acordo com a polícia, a região do Pau Miúdo, onde aconteceu o homicídio, é comandada pela facção Caveira, mas o Comando da Paz, segundo relatos, estaria tentando tomar conta do tráfico na área. Desde o dia 30 de dezembro, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) registrou quatro homicídios no Pau Miúdo, Cidade Nova, Curuzu e Liberdade, além de oito tentativas de homicídio no Pero Vaz, Cidade Nova e Pau Miúdo. No dia 31 de dezembro, um adolescente conhecido como Juninho foi assassinado no mesmo local em que Gleidson foi morto, por volta das 20h40.
Lucas, Edy, Nay, Buia e Baco também são suspeitos do atentado na Rua das Almas, na Cidade Nova, no último domingo, que causou a morte da cuidadora de idosos, Sandra Maria Vilaça, 51, e deixou outras três pessoas feridas. No dia seguinte, outro homem de identidade ignorada foi morto no Curuzu. Segundo o titular da 2ª Delegacia (Liberdade), Luis Henrique Costa Ferreira, a polícia está trabalhando para mapear as quadrilhas. “É importante que se saiba que nada do que está acontecendo está passando batido pela polícia”, disse. A PM, com guarnições da 37ª CIPM (Liberdade), Rondesp e Apolo, iniciou operação que deve durar dez dias. Segundo a 37ª CIPM, o policiamento foi reforçado na área e as rondas foram intensificadas. No início da noite, a 37ª CIPM informou ter recebido denúncias de que homens estariam circulando armados e afirmou que viaturas verificariam o caso. Até às 21h de ontem, nenhuma ocorrência havia sido registrada. Com medo, moradores cancelam até protesto contra homicídioO corpo de Gleidson foi enterrado, na tarde da quinta-feira (8), no Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, na Quinta dos Lázaros. Parentes e amigos se despediram do vigilante, que não tinha filhos. Augusto Costa, que liderou a equipe de segurança em que Gleidson trabalhava, lembrou que o rapaz estava de folga no dia do crime.
Músico amigo de Gleidson presta homenagem durante o sepultamento
“Quarta-feira era o dia de folga dele. Ele era uma pessoa excelente, não fazia mal a ninguém. Era um profissional competente”, lamentou. Uma senhora sob anonimato disse que o filho dela, morto há três anos no mesmo bairro, era muito amigo de Gleidson.“Eles trabalharam juntos na maternidade. Não consigo me conformar. Essa guerra está matando muita gente inocente. Levou o meu filho, há três anos, e agora leva ele (Gleidson), que era um rapaz maravilhoso”, lamentou.Um protesto contra a morte estava marcado para depois do sepultamento, mas não ocorreu. Segundo uma ex-cunhada de Gleidson, “as pessoas recuaram com medo de represália, pois o clima no bairro é de insegurança”.
Correio24horas

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