Subiu para 65 o número de famílias do bairro de Boa Vista do Lobato que tiveram que deixar suas casas após uma cratera se abrir na última segunda-feira (5), na rua Osvaldo Martins de Castro, durante as obras de implantação dos túneis do Corredor Transversal 1, que ligarão o bairro do Lobato a Patamares. Na manhã desta quarta-feira (7), a Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) embargou a obra e autuou a Consórcio Transoceânico Salvador (CTS), empresa responsável pela obra.
Segundo a CTS, a retirada dos moradores das residências é uma medida preventiva, mas não há riscos de desabamentos no local, nem de ampliação da cratera. A empresa ainda estuda o que ocasionou a abertura do buraco. De acordo com Marcelo Nery, gerente de contrato da CTS, o consórcio está prestando apoio as famílias através do pagamento de auxílio aluguel no valor de R$ 500 por família, além de R$ 100 de auxílio mudança. A CTS também reservou um andar do Hotel Miron, no bairro da Calçada, para os moradores que optarem continuar próximo do bairro.
“Estamos dando todo o apoio necessário. Temos uma equipe de assistentes sociais em campo, que estão prestando todo o apoio necessário a essas famílias. Esperamos que no prazo máximo de um mês todos já estejam de volta em suas residências”, disse. “Está sendo feita uma investigação para apurar todos os elementos envolvidos no acidente. No momento, obra está paralisada e estamos preocupados em garantir a segurança das famílias e o retorno delas para sua rotina normal”, completou Nery.
Por conta da cratera, a CTS efetuou o isolamento das residências que ficam entre as ruas Boaventura, Osvaldo Martins de Castro e Paulo Geovane. A empresa não informou o tamanho do perímetro delimitado. O porteiro Valadomiro Santos, 61 anos, reside em uma das ruas isoladas. De acordo com ele, assistentes sociais estiveram no local e informaram da necessidade de deixar a residência. “A minha casa não tem nenhuma rachadura, mas eles comunicaram que precisava sair por precaução. Achamos uma casa aqui no bairro mesmo e já estamos fazendo a mudança”, disse.
Obras paradas
Segundo o projetista e construtor Carlos Eduardo Marffei, a cratera tem uma profundidade de aproximadamente 20 metros e está sobre um dos tuneis. Funcionários do consórcio trabalham no local para conter o buraco. "Fizemos o tamponamento dentro do túnel com muito reforço para que não haja mais possibilidade de entrada de material. Na superfície, vamos sempre obturar o buraco, fazer injeções de cimento. Os tamponamentos são injeções de concreto. Se não há mais solo exposto, não há mais riscos”, explicou.
Ainda de acordo com Marffei, as obras dos túneis continuarão paralisadas até que o problema seja resolvido. A previsão é de que o buraco seja fechado em 15 dias, mas não há previsão de quando as obras dos túneis serão retomadas. Por conta disso, o cronograma de obras sofrerá atrasos. A previsão inicial de conclusão de todo o corredor era para março de 2017. Um estudo será realizado pela empresa para determinar as causas da abertura da cratera.
Após a abertura da cratera, o abastecimento de água foi interrompido nos bairros de Boa Vista do Lobato, Bela Vista do Lobato e Marechal Rondon. Em nota, a Embasa informou que “as localidades foram afetadas por uma interrupção temporária do fornecimento, por motivo de segurança”, em decorrência do acidente. Ainda segundo a Embasa, “o fornecimento de água permanecerá interrompido somente em três ruas, com 56 imóveis cadastrados pela Embasa, até que o consórcio responsável pela construção de um túnel no local afaste o risco de movimentação de solo. Desses imóveis, os que continuam ocupados estão sendo abastecidos por carros-pipa enviados pelo consórcio executor da obra”.
A dona de casa Maria da Graça, 52, mora na rua Boaventura e informou que teve que buscar alternativas para não ficar sem água em casa. “Tive que comprar, o carro-pipa não dá para abastecer todo mundo. Essa situação tem me deixado nervosa”, reclamou. Ela também precisará desocupar o imóvel onde mora com esposo e dois filhos. Após o embargo da obra, a Sucom informou que fará fiscalizações periódicas no local. Caso o embargo seja descumprido, será gerado um auto de infração, o que poderá acarretar em multa. O valor não foi estipulado. O CORREIO também entrou em contato com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), mas não obteve retorno.
*Colaborou Juliana Leite, integrante da 9ª turma do Programa Correio de Futuro
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