O piloto Robson André Textor, 30 anos, já tinha feito mais de 350 apresentações de acrobacia aérea no Brasil. Este ano, foi campeão brasileiro na categoria Advanced e sonhava em conquistar o título mundial. Terceira geração de uma família de aviadores, André — como era mais conhecido — também trabalhava como piloto agrícola, mas era dos shows que ele gostava.
“Ele era um cara diferente. Era muito respeitado (na Aviação)”, disse o cunhado de André, Danilo Pimenta, 25. Na tarde de anteontem, o avião que André pilotava, um Slick 540 de 745 quilos, caiu no mar da Barra, próximo ao Farol. Ele participava de um evento em comemoração ao Dia do Aviador, fazendo acrobacias, acompanhado do irmão e do pai, com a Esquadrilha Textor Air Show. A maior parte do avião ainda esta no mar — algumas partes, no entanto, se desprenderam e foram levadas pela correnteza. Segundo a Marinha, destroços foram vistos próximos ao Yacht Clube, na região do Porto da Barra. O CORREIO teve acesso a imagens feitas por mergulhadores da escola Submerso Esportes Aquáticos que mostram destroços da aeronave usada por André Textor. Duas embarcações com equipes da Capitania dos Portos, incluindo mergulhadores, ficaram no mar ao longo do dia, para preservar o local da queda. Eles aguardavam técnicos da Aeronáutica que viriam do Rio ainda ontem para fazer dar início à perícia. As investigações para descobrir as causas do acidente serão conduzidas pela Aeronáutica, que ainda não forneceu detalhes sobre os trabalhos. Mas, para a família do piloto, tudo indica que se tratou de um problema técnico. “Não acredito que foi falha dele. Pode ter acontecido, mas não acredito. Foi o avião que não segurou”, desabafou Danilo. FeriadoAndré não tinha vindo à Bahia somente pelo evento promovido pela Base Aérea de Salvador. Para curtir o feriado, a família tinha alugado uma casa em Morro de São Paulo, Baixo-Sul do estado, onde ficaria até hoje. “Na hora do acidente, minha irmã estava lá. Por isso, ela só ficou sabendo depois”, contou Danilo, referindo-se a Marília Textor, mulher de André. Juntos há 16 anos, eram pais de Valentina, de 2 anos, e esperavam outra filha - Marília está grávida de sete meses de Sofia.
“Ela está em choque, ainda não caiu a ficha. Estamos todos tentando ser fortes. Ele era um cara sempre disposto a ajudar, muito amigo, prestativo e competente no que fazia. Só tenho coisa boa para falar dele”, disse o cunhado. O piloto começou cedo na aviação – aprendeu com o avô e com o pai, Ruy Alberto Textor, líder da Esquadrilha. Natural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, morava em Rio Verde, Goiás, onde família tem uma empresa de aviação agrícola. Ele nunca tinha se envolvido em acidente. Em julho, em uma entrevista ao canal Aeronews, no YouTube, André falou sobre a carreira e contou que o gosto por aviões acontece de forma natural em sua família. “Para quem quer formar alguma coisa na aviação, é se dedicar, trabalhar com amor, fundamentar bem as coisas, fazer com segurança e acreditar em Deus. As coisas acontecem com naturalidade. O segredo é esse”, afirmou, na ocasião. No Facebook, parentes e amigos fizeram homenagens e postaram o texto: “Aviadores não morrem... Apenas voltam aos céus com as próprias asas”. O corpo do piloto será sepultado hoje, em Rio Verde.
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