Duas mulheres denunciaram, na última segunda-feira (02), o ex-preparador físico Nuno Cobra, de 83 anos, por assédio sexual em um evento na capital baiana. O suspeito é conhecido nacionalmente por ter atuado com grandes nomes do esporte, como o piloto Ayrton Senna.
Segundo as mulheres, que tiveram as identidades preservadas, os casos aconteceram durante uma feira de negócios para empreendedores no dia 30 de abril, onde Nuno Cobra fez uma apresentação. Ambas vítimas prestaram queixa na 9ª Delegacia e conversaram com o iBahia sobre o caso.
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Elas contaram que o assédio começou na área reservada aos convidados do evento e com a presença da assessora de imprensa do ex-preparador. “Ele me abraçou mais tempo do que o normal. E disse: 'agora eu vou fazer uma palestra muito melhor”, contou à vítima.
No decorrer do evento, Nuno continuou: “Você despertou algo em mim que há muito tempo, eu não sentia. Anota meu número“, pontuou à mulher sem sentir o que realmente Nuno queria dizer. Ela atuava no evento na área de convidados e integrava a grade de palestras. Para a vítima, a percepção do assédio só foi clara quando ele foi mais íntimo.
“Eu fui anotar o número dele e ele disse: 'até na hora de você digitar é sensual’. Aí eu pensei: ‘Meu Deus, está acontecendo alguma coisa aqui'. Só que não deu tempo de eu reagir. Ele me abraçou de novo e colocou a mão direita na minha nuca", descreveu ela.
Depois disso, a vítima conta que o ex-preparador físico chegou a convidá-la para ir até São Paulo, onde ele mora. "Vá para São Paulo, eu preciso te ver, preciso estar com você. Eu só vou querer ficar abraçado com você, é só isso'", lembrou a vítima.
A segunda vítima foi assediada na sala vip. Ela também atuava no evento e relatou à polícia que foi tirar uma foto com Nuno. Ao se aproximar, ele tentou beijá-la. Ao iBahia, uma das vítimas relatou como está se sentindo após a denúncia.
“Ontem foi a primeira vez que eu contei isso sem chorar. Eu ainda não consegui dormir, porque eu fico tendo a sensação da barba dele no meu rosto. Ele é extremamente profissional no que faz, porque ele tem a certeza da impunidade", contou a vítima.
Investigação
O caso foi registrado na 9ª Delegacia. De acordo com as vítimas, um das abordagens será investigada por estupro e outra por importunação sexual. O suspeito será intimado para prestar depoimento e com a conclusão do inquérito, o processo deverá ser encaminhado ao Ministério Público.
O iBahia entrou em contato com a Polícia Civil da Bahia e aguarda retorno com um posicionamento. Além disso, entramos em contato com com a família de Nuno Cobra. O filho mais velho do idoso informou que foi orientado pelo advogado a não falar mais sobre o assunto. Ele ainda disse que emitirá um posicionamento formal sobre o caso.
Ao G1 Bahia, Nuno Cobra Júnior disse em entrevista: "Meu pai tem uma perda neurológica, já faz alguns anos, que vem causando uma perda de censura. A gente tem percebido isso tem alguns anos já. É uma questão senil. Ele abraça demais, sempre foi muito sinestésico. Já era uma característica dele, de tocar, de ser um galanteador, de ser muito sedutor, então o que acontece é essa confusão. Eu posso garantir que, quando se fala de estupro, é muito forte".
"Ele tem uma perda de controle que é compatível com esse quadro. O que a gente tem que perceber agora é que tem chegado a hora da gente começar a ter uma postura da gente perceber que ele esteja inadequado ao convívio social”, concluiu ao site G1.
Organização do evento
O Sebrae, instituição responsável pela organização do evento, emitiu uma nota repudiando o ocorrido. “O Sebrae/BA repudia e lamenta profundamente o ocorrido e, desde o primeiro momento, colocou sua assessoria jurídica à disposição das denunciantes para auxiliá-las no que for preciso. A Instituição está empenhada para que a apuração seja feita da forma mais célere possível e que eventuais culpados sejam punidos com o rigor da lei.”
Outras condenações
Nuno já teve a prisão preventiva decretada por violação sexual em São Paulo, em 2017. De acordo com informações divulgadas no g1 Bahia, três vítimas relataram abusos na época. Ele chegou a ser preso e ficou em uma cela isolada na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
Ainda segundo o g1, a juíza federal Raecler Baldresca, que condenou Nuno Cobra – com 79 anos na época –, disse em sua decisão que a ousadia dele não tinha limites. A Procuradoria em São Paulo tinha pedido a condenação de Cobra por outro crime de violação sexual que ele cometeu durante um voo, em 2015, contra uma jovem de 21 anos.
Como a situação aconteceu no espaço aéreo, o caso correu na Justiça Federal. A condenação à prisão foi autorizada porque ele voltou a cometer o crime, mas contra uma jornalista, no mesmo ano. Na sentença, a juíza afirmou que "violação sexual mediante fraude é o ato libidinoso que se utiliza de meios que a vítima não consegue se defender."
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Redação iBahia
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