“Qual o principal problema do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS)?”. Pergunta obrigatória e uma resposta direta: “A emergência”, concordam os novos diretores da maior unidade médica do estado. O novo diretor-geral, o médico nefrologista Antonio Raimundo Pinto de Almeida, vai além. “O hospital é incrível, tem áreas de alta complexidade que nos orgulham. A emergência nos mata”. Força-tarefa apresenta diagnóstico para o Roberto Santos Nomeados na quarta-feira (4), dois dias depois de o CORREIO denunciar a presença de um cadáver em um banheiro utilizado por pacientes da emergência — além de mostrar a superlotação e o atendimento precário —, Antonio Raimundo e o novo diretor médico da unidade, o pediatra Hugo da Costa Ribeiro Júnior, não poupam elogios ao hospital. Mas sabem que problemas de gestão transformaram a emergência em um caos.
Frequentando o hospital há quase 60 dias, tempo de preparação para assumir a unidade, os dois diretores prometem fazer mudanças para transformar a emergência. Entre elas, melhorar a triagem no atendimento e contratar médicos que fiquem a semana inteira no hospital — não só plantonistas. A primeira intenção, diz o novo diretor médico, é tirar da emergência quem não precisa estar lá. “Vamos colocar uma equipe que vai fazer rodar mais rápido os pacientes que não precisam ficar. Diagnósticos mais rápidos, equipamentos de exames tem que ser consertados para dar alta”, afirma Hugo Ribeiro. “Vamos definir equipes horizontais, ou seja, com médicos que ficam o dia inteiro todos os dias, não só plantonistas. Isso facilita a alta, dinamiza o hospital”, explica.Assim, cenas como a de corredores lotados de macas e pacientes passando noites em cadeiras não vão mais existir. “Se eu disser que é problema de leito, não é. Se não ordenar a emergência o hospital vai ficar refém dela para sempre. Paciente sentado em cadeira, tudo isso a gente vai equacionar”, garante Hugo Ribeiro, apostando em uma triagem mais rigorosa. “As enfermeiras podem definir no início do atendimento os casos mais graves. Isso não significa negar atendimento. Isso organiza o sistema”, acredita. DemandaMas, dizem os diretores, nenhuma mudança de gestão terá resultado satisfatório se a rede não funcionar. A demanda é gigantesca e isso afoga a emergência. É necessário que as demais unidades e postos de saúde retenham pacientes que não são de urgência e de alta complexidade, perfil do HGRS. “Vamos abrir leitos de UTI e neuro cirurgia, mas não resolve. Postos de saúde do interior e capital, hospitais do estado e município precisam nos ajudar”, afirma o diretor-geral. Antonio Raimundo promete uma articulação com a rede e com o município, o que atrairia para o HGRS apenas o que é vocação sua. “Nossa porta nunca fecha. A equipe atual teria condições de atender três vezes o movimento de urgência, mas quem está lá amontoado não é de urgência”, explica. Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde informou que obteve uma grande expansão de atenção básica no último ano. De 18% de cobertura, passou a 41,6%.Técnicos Até assumir o cargo, o nefrologista Antonio Raimundo Pinto de Almeida era professor de clínica médica da Ufba e chefe do Serviço de Medicina Interna do Complexo Hospitalar Prof. Edgard Santos (Hospital das Clínicas). Consultor da Organização Mundial de Saúde, o pediatra Hugo da Costa Ribeiro Júnior é especialista em nutrologia infantil e tem experiência em gestão hospitalar. Depois de quase dois meses fazendo parte de uma força-tarefa para salvar o Roberto Santos, eles enxergam seu novo desafio com otimismo. “Infelizmente a emergência traduz a imagem do Roberto Santos. Uma imagem injusta. Ele tem serviços de excelência. Tem uma das maiores produções de cirurgia digestiva do país”, revela Hugo Ribeiro. “Estamos há 60 dias mergulhados ali e vamos sim melhorar as condições do maior hospital público do Norte-Nordeste”, diz Antonio. O otimismo dos novos diretores tem outro motivo. Segundo eles, suas indicações não foram políticas. “É um momento muito especial. O governo parece querer resolver o problema. Não houve arranjo político. Não somos de carreira política, somos técnicos de universidade, professores que conhecem gestão de hospitais”, diz Hugo Ribeiro. “Nossa indicação é técnica e o desafio é grande”, encerra Antonio Raimundo.
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