Os motoristas de ônibus da capital baiana acumularam 2.322 multas entre 1º de janeiro e 31 de março. A média é de 25 multas a coletivos por dia. De acordo com dados da Transalvador, a soma das multas dá um valor aproximado de R$ 350 mil. As infrações foram captadas pelos fotossensores e pelos 360 agentes de trânsito da capital. O maior número de multas foi registrado na Avenida Suburbana, com 357 ocorrências, seguida da Avenida Oscar Pontes (veja mapa). Quase todas as multas (2.114 das 2.322) foram registradas por fotossensores espalhados na cidade. Dessas infrações, 1.377 foram por avanço de sinal - considerada gravíssima -, 629 por excesso de velocidade e 108 de paradas sobre a faixa de pedestres. Das aplicadas diretamente por agentes de trânsito (208), 39 foram por avanço de sinal, 31 por estacionamento irregular, seguidas de utilização de celular (22) e parada afastada da calçada (20). O número de multas é “exorbitante”, na opinião do presidente do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Manoel Machado. Segundo ele, é difícil encontrar um motorista de ônibus na capital que nunca tenha sido multado. “Existe uma pressão. Quando o motorista pega a ordem de viagem, já estão determinados, pré-fixados, os horários que tem a fazer, as viagens que tem a dar. Então, quando ele não cumpre aquela carga horária, ele é chamado pela empresa, porque a prefeitura multa a empresa por aquele horário queimado. E a empresa cobra o valor da multa ao motorista”, declara. Sobre as paradas sobre a faixa de pedestre e os avanços de sinal, o sindicalista declara que, muitas vezes, existe um erro de cálculo dos motoristas: “O camarada tem que analisar se o carro dá para passar todo no sinal, até os carros da frente dele avançar. Tem motorista que, às vezes, falha no cálculo. É uma coisa que falta um pouco de conscientização, realmente, mas o camarada quer chegar no horário previsto para ele”, aponta. Um motorista que tem 20 anos na profissão e não quis se identificar diz que já foi multado, depois de discutir com um agente, por excesso de velocidade. “Cobram horário, cobram prazo. A tendência é essa aí. As empresas cobram da gente, pressionam para cumprir horários. A gente acaba recebendo a multa, mas é porque a empresa manda. O resultado é que acontecem situações como o acidente entre os dois ônibus na Avenida ACM, domingo passado”, diz, se referindo à colisão entre um ônibus da empresa União e outro da BTU que matou quatro pessoas. Já o gerente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Horácio Brasil, não considera alto o número de multas. “Se você levar em consideração que são 6 a 8 mil motoristas, a quantidade não é elevada”, diz. Ele afirma que a cobrança de horários é natural e que as multas são separadas para empresa e motorista de acordo com a responsabilidade de cada um: “Se existe uma questão na manutenção do carro, é com a empresa, porque o motorista não teve culpa. Mas se o motorista avança o sinal, não é justo que a empresa pague”, pondera. Ainda de acordo com Brasil, a maior parte das multas ocorre por imprudência dos motoristas. Ele confirma que a prefeitura multa as empresas caso o número de viagens não seja cumprido, mas nega que a cobrança para que os motoristas cumpram horários seja uma justificativa para as infrações. “O fato de você ter que cumprir horário não justifica que você tenha uma velocidade de 70, 80 km/h em uma via de 40 km/h. Infelizmente, as pessoas buscam justificativas para casos que não têm perdão. Na maioria das vezes, é imprudência”, afirma. Cobrança O Ministério Público do Trabalho (MPT-BA) informou, através de sua assessoria de comunicação, que não existe impedimento legal para a empresa cobrar as multas dos motoristas. O órgão afirma, porém, que são comuns as ações em que se pede para tirar do funcionário o ônus da multa, mas não informou o índice de sucesso nessas ações. Acidente da ACM: mulher segue internada no Hospital do Subúrbio Quatro pessoas morreram em um acidente entre um ônibus da empresa União e outro da BTU no corredor exclusivo da Av. ACM, na tarde de domingo passado. Outras 11 pessoas ficaram feridas na colisão, que ocorreu depois que o motorista da União, Carlos Bernardo de Jesus, 36 anos, que fazia a linha Colina Azul - Campo Grande, invadiu a pista contrária e se chocou de frente com o da BTU. Em depoimento na segunda-feira ao delegado Nilton Tormes, titular da 16ª Delegacia, ele afirmou que teve um mal súbito, perdeu os sentidos momentaneamente e, quando acordou, já não era possível evitar a batida. Ele disse que não estava cansado e tinha iniciado as atividades 15 minutos antes da colisão, que ocorreu às 15h30. Depois de ouvido, ele foi liberado. O resultado da perícia têm prazo de 30 dias para ser divulgado pelo DPT. Segundo o delegado Nilton Tormes informou durante a semana, passageiros ouvidos pela polícia afirmaram que o veículo não trafegava em alta velocidade. Ontem, o delegado Nilton Tormes foi procurado, mas não foi encontrado para comentar o andamento das investigações. Dos 11 feridos, apenas uma mulher ainda se encontra internada: Sônia Nunes Pacheco permanece no Hospital do Subúrbio e o seu estado de saúde é estável. As principais multas: AVANÇO DE SINAL 1.416 multas (1.377 registradas por fotossensores e 39 por agentes de trânsito). Valor: R$ 191,54 EXCESSO DE VELOCIDADE 629 multas (todas por fotossensores) Valor: R$ 85,13 a R$ 191,54 PARADA SOBRE FAIXA 108 multas (todas por fotossensores) Valor: R$ 85,13 ESTACIONAMENTO IRREGULAR 31 multas (todas por agentes de trânsito) Valor: R$ 85,13 UTILIZAÇÃO DE CELULAR 22 multas (todas por agentes de trânsito) Valor: R$ 85,13 PARAR AFASTADO DA CALÇADA 20 multas (todas por agentes de trânsito) Valor: R$ 85,13 TRANSPORTE CLANDESTINO 20 multas (todas por agentes de trânsito) Valor: R$ 85,13 NÃO USO DO CINTO DE SEGURANÇA 6 multas (todas por agentes de trânsito) Valor: R$ 127,69
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