'Pagamos caro por segurança e acabamos sem ela', diz cliente

O homem que sequestrou e estuprou uma médica de 32 anos, na noite de sexta-feira, em um estacionamento pago no bairro de São Rafael, estava vestindo um jaleco e usou um preservativo durante o ato, de acordo com a Polícia Civil. Ontem, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) divulgou o retrato falado do suspeito, que abordou a vítima no Wellpark, localizado em frente ao Hospital São Rafael, onde ela trabalha, por volta das 18h40.

Retrato falado do suspeito divulgado pela Polícia Civil

De acordo com a polícia, a vítima descreveu o agressor como “um homem negro, de 1,70 m de altura, boa oratória e esclarecido, demonstrando bom conhecimento geral”. Ainda segundo o depoimento da médica à polícia, o rapaz entrou no estacionamento trajando jaleco branco. Ele teria afirmado à médica que tinha medo de ser identificado através de um exame de DNA - assim, optou pelo uso da camisinha.A vítima ainda chegou a considerar que o agressor não soubesse dirigir, pois ele “a obrigou a ficar no volante, indicando o itinerário que ela deveria fazer”. Ela foi levada no próprio veículo, um Honda Civic prata, até o bairro de Águas Claras. No entanto, ela não soube descrever o percurso realizado. Além disso, as informações da polícia apontam que o bandido fugiu sozinho, dirigindo o veículo.Segundo a corporação, a intenção dele era forçá-la a efetuar saques em uma agência do Banco do Brasil, mas como encontrou o local fechado, o suspeito obrigou a médica a dirigir até um matagal localizado no mesmo bairro, onde cometeu a violência sexual.O caso está sendo investigado pela 10ª Delegacia (Pau da Lima), mas até a noite de ontem ninguém havia sido preso e o carro da vítima também não tinha sido localizado. Até ontem, o furto não tinha sido registrado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, na Baixa do Fiscal.A assessoria do Hospital São Rafael preferiu não divulgar há quanto tempo a médica trabalha no local, nem sua especialidade. O posicionamento, segundo a unidade, foi adotado na tentativa de “preservar a vítima”. Mas segundo seu perfil em uma rede social, a profissional de saúde é casada e tem um filho recém-nascido.O Wellpark funciona 24h e fica localizado em uma área que possui muita vegetação. Em nota, a assessoria jurídica do estacionamento informou que forneceu à polícia todas as imagens do circuito interno de filmagem. A empresa, que lamentou o ocorrido e disse estar à disposição da médica e de sua família, também entregou a relação dos veículos que estavam no estacionamento nos horários de entrada e saída da vítima.Na manhã de ontem, o estacionamento funcionou normalmente. Não foi possível observar seguranças no local. Apenas duas pessoas trabalhavam na recepção. No lugar existem duas câmeras de segurança visíveis - uma na entrada e outra na saída - de responsabilidade da empresa Segurança Salvador Soluções e Tecnologia.O ocorrido criou um clima de insegurança entre os clientes. “A gente se sente muito vulnerável. Como não temer a violência depois de saber desta situação?”, questionou a administradora Maria Lúcia Santos, 45. “A gente nunca pensa que isso vai ocorrer dentro de um estacionamento. Pagamos caro por segurança e acabamos sem ela", lamentou a vendedora Maria José Santos, 47.De acordo com o advogado Rui João Ribeiro, cabe aos responsáveis pelo estabelecimento - no caso, o estacionamento - preservar a integridade dos clientes. “A direção tem que garantir a segurança das pessoas dentro do local e devem ser responsabilizados no caso de ato de violência, furtos e roubos, cabendo indenização por danos morais ou materiais”, explicou.