Os corpos dos dois agentes de Combate a Endemias da prefeitura de Salvador, Marcos Vinícius Santos, 38 anos, e Itamar de França Nascimento, 32, assassinados por dois homens em uma moto, em Valéria, foram enterrados no final da tarde de ontem, no cemitério Campo Santo, na Federação. Apesar de a polícia ter informado que as duas vítimas fingiam ser advogados de Tiago Bispo da Silva, 23 anos, o Mil, e que ao serem descobertas teriam sido executadas, familiares e amigos dos agentes estiveram na manhã de ontem no Instituto Médico-Legal (IML) e negaram que os rapazes praticassem a farsa.Segundo o advogado Ciro Brito, Marcos cursava o 7º semestre da Faculdade Maurício de Nassau, era estagiário dele e costumava ser pago por cada cliente indicado. “Marcos era meu amigo e estagiava para mim. Eu remunerava ele por cada indicação. Até que se prove o contrário, ele era pastor e um rapaz honesto. O Tiago foi indicação dele, mas o advogado sou eu. Marcos não tinha nada a ver e indicou porque Tiago era um vizinho e conhecia a família dele”, contou o advogado. Ainda segundo o advogado, não houve nenhum pagamento de Tiago, preso na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) por roubo de carros, pelos serviços. “A família dele é pobre e ainda não me pagou nada. Eu fiquei surpreso com o crime, mas não descarto a possibilidade de Tiago ter ordenado”. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Segundo o delegado Antônio Cláudio Pereira, Mil, o suposto mandante do crime, foi encaminhado para o DHPP para ser interrogado.A polícia, contou o investigador, chegou a Mil por indicação de um familiar de Marcos, com quem o rapaz teria comentado preocupação com as ameaças que recebeu. “Tiago confirmou a história, contou que os rapazes fingiram ser advogados e que ele pagou até honorários. Descobrimos também policiais que pensavam que os dois eram advogados, porque eles se apresentavam assim. Tiago não confessou o crime, mas deu a entender que foi ele o mandante. Já temos certeza disso e agora vamos descobrir os executores”, disse o delegado. Já o pai de Itamar, o motorista José Costa, 59, disse que o filho não estava envolvido com criminosos. “Itamar foi um menino criado dentro da igreja. Pelo menos do meu conhecimento, ele nunca teve envolvimento. Meu filho morreu sem saber o porquê”, lamentou o motorista. “Como é que ele iria se passar por advogado se ele só tinha o ensino médio? Tenho certeza que se ele soubesse que o amigo se passava por advogado, ele se afastaria. Estou revoltada. Acho que nem ele mesmo deve ter entendido essa violência toda”, acrescentou uma tia de Itamar. O Sindicado dos Agentes de Saúde da Bahia (Sindacs), segundo o coordenador Adenilson Rangel,vai realizar uma manifestação amanhã. A categoria fará uma passeata do Campo Grande até a Secretaria da Segurança Pública, exigindo mais proteção.
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