“Quando ele vem, não quer mais sair. E não quer vir sozinho não, ele quer a galera dele para fazer essa confusão”, conta, sorrindo, a mãe de Felipe, Amiracy Costa do Carmo, 40 anos. O menino de 11 anos tem paralisia cerebral e por isso usa uma cadeira de rodas, mas, em cima do balanço adaptado, Felipe mostra que gosta de brincar, como qualquer outra criança. Ele pede para ser empurrado, chama os amigos para brincarem juntos, conversa e dá risada. Pelo menos três vezes por semana, ele deixa, com a mãe, a zona rural de Maragojipe, no Recôncavo, para o Alto de Ondina, onde recebe tratamento de fisioterapia e fonoaudiologia, reforço escolar, aulas de informática e, desde setembro, brinca.
Felipe é uma das 450 crianças atendidas no Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral (NACPC) e frequentador do parque da instituição, primeiro adaptado para crianças deficientes na Bahia. Instalado com apoio da prefeitura, o parque conta com cinco brinquedos: dois balanços, gangorra, gira-gira e um balanço vai-e-vem. A iniciativa do núcleo já serve de modelo e vai inspirar outras praças e áreas de lazer de Salvador. A primeira delas foi inaugurada, no dia 17, no Largo do Tanque, e já conta com um balanço adaptado. A próxima deve ser em Ondina, segundo o vereador Léo Prates (DEM), autor do projeto. “Já fiz um requerimento na Câmara para que sejam colocados brinquedos adaptados na Praça Bahia Sol”, conta Léo. A instalação dos brinquedos deve acontecer em 2016, mas ainda não há data definida. Enquanto os outros parques de Salvador não recebem os brinquedos adaptados, o jeito encontrado pela dona de casa Robertina Pereira Ribeiro Santos, 57, é levar a filha, Ilma, 18, para passear no Parque da Cidade e na orla de Amaralina, onde moram. “No Parque da Cidade ela não se distrai como no parque do NACPC, mas a gente leva para não deixar ela só em casa assistindo televisão”, conta. A importância de gerar novos estímulos para as crianças é destacada pelo presidente e fundador do núcleo, Pedro Guimarães. Além da diversão, o tempo que passam nos brinquedos traz resultados clínicos positivos para as crianças. Em cima do gira-gira, a mão de Gisele Santos Batista, 11, logo procura o volante para tentar fazer rodar o brinquedo com quatro cadeiras. O movimento é visto como uma conquista pela fisioterapeuta do núcleo Daniela Caribé, 32 — a menina tem o movimento de braços e pernas comprometido pela paralisia cerebral. “É uma coisa que revoluciona a cabeça dessas crianças, porque elas saem do ambiente de casa, do consultório, e entendem que também fazem parte da cidade”, afirma Daniela.
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