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Acabou! Foram mais de quarenta horas de insegurança na capital baiana e uma série de negociações entre os policiais militares grevistas e o governo do estado. Saques, assaltos, paralisações, prisões e até mortes assombraram Salvador da noite da última terça-feira (15) até o início da tarde desta quinta (17), quando as duas partes chegaram a um acordo e o movimento chegou ao fim.Uma assembleia no início da tarde desta quinta-feira (17) decretou o final do movimento. Lá no Wet'n Wild, líderes da greve explanaram para os oficiais as condições propostas pelo governo do estado. Durante sua fala, Marcos Prisco, coordenador-geral da Aspra, comemorou o fim das negociações e o saldo positivo: "Vamos fazer um churrasco em comemoração a nossa vitória". A maioria levantou as mãos, em sinal de que aprovava o fim da paralisação, gritando em coro "ô, ô, a PM voltou".A contra-proposta do Governo foi elaborada durante a madrugada e apresentada aos líderes dos grevistas pelo coronel da Polícia Militar Alfredo Castro na manhã desta quinta (17), no Quartel do Comando Geral da Polícia, nos Aflitos. O arcebispo-primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, foi convidado para participar da reunião e abençoou o acordo.
Multa - Na tarde de quarta-feira (16), o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), sediado em Brasília, concedeu liminar determinando a imediata paralisação da greve dos policiais militares na Bahia, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1,4 milhões. A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens de Marco Prisco, das associações envolvidas no movimento e de seus dirigentes. A decisão foi tomada a partir de pedido urgente ajuizado por meio do Ministério Público Federal diante da deflagração da greve da PM baiana. Segundo a Justiça, o bloqueio de bens visa garantir o ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos, a exemplo do uso da Força Nacional de Segurança Pública para o estado.
Em tempo real, acompanhe tudo sobre a greve da Polícia Militar da BahiaNo último dia 11 de abril, o governo da Bahia apresentou o novo programa de reestruturação e modernização da Polícia Militar. Dentre as propostas, foram anunciadas medidas como o novo processo de promoção dos praças e oficiais, a emancipação do Corpo de Bombeiros, que passou a ganhar autonomia em suas ações; aposentadoria especial para policiais femininas e, principalmente, a implantação de um novo Código de Ética da categoria. Bastaram quatro dias para a polícia responder, de forma contundente, que não ficou satisfeita com as novidades e queria mais. Após uma assembleia realizada no Wet'n Wild, na última terça-feira,
o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar do Estado da Bahia (APPM-BA), Agnaldo Pinto, confirmou a greve alegando que a tropa entendia que "o oferecido era muito pouco". A resposta fez a Bahia lembrar de 2012, quando liderados por Marco Prisco, hoje vereador e coordenador-geral da Aspra, uma das associações da PM envolvidas na greve, os PMs cruzaram os braços e deixaram Salvador a mercê dos bandidos até que as suas exigências fossem cumpridas pelo governo.
Exigências dos grevistas - Os policiais militares cobravam revisão do CET dos Praças na proporção de 25% para os praças administrativos, 45% para os operacionais e 60% para os motoristas; retirada para nova discussão da proposta do Código de Ética e rediscussão das propostas do Estatuto e Plano de carreira; revisão dos projetos administrativos relacionados a mobilização de 2012; além da regulamentação do art.92, nas bases negociadas com o Governo do Estado, Associações e PM. Além disso, os líderes da greve pediam a não punição de policiais que participaram da greve de 2012 e também da atual. Ou seja, anistia. Apesar da greve deste ano ter durado oito dias a menos do que a de 2012, o balanço foi igualmente aterrorizante.
Mais de 20 mortes registradas e 29 carros roubados, estabelecimentos saqueados, arrastões e muito pânico promovido.
A presidente Dilma Rousseff autorizou a ida da Força Nacional para Salvador, estabelecimentos comerciais e faculdades fecharam as portas antes do habitual, premiações e eventos culturais foram adiados, bem como shows e jogos de Bahia e Vitória; até a Guarda Municipal resolveu fazer paralisação por falta de segurança.