Que a ligação de polícia com traficante pode acabar em tragédia, não é novidade. E o que seria um triângulo amoroso envolvendo as duas “profissões”, pode ter culminado na morte do policial militar Tiago Serra Gonçalves, 24 anos, na noite de quarta-feira. O soldado, que era casado, foi assassinado por quatro homens com quatro tiros no rosto. De acordo com a PM, o policial foi atraído para uma emboscada por sua amante, de apenas 16 anos. O corpo do PM foi encontrado no porta-malas do carro dele, um Gol branco. Segundo a Polícia Militar, o crime foi encomendado pelo traficante Naílson, o Gordo, com quem a menor também teria um relacionamento. A adolescente foi apreendida horas depois da morte do policial. Além do mandante, a polícia caça os homens apontados como executores: Ginevaldo Brito Santos, o Gil; Jailson Souza dos Santos, conhecido como Macaquinho; um homem identificado como Marcos; e Elton Carlos Souza Brito, apelidado de Carcunda - que até o meio-dia de quarta-feira, segundo a polícia, estava preso na 26ª Delegacia (Vila de Abrantes). Segundo o major Ricardo Passos, comandante da 40ª Companhia Independente (Nordeste de Amaralina), Gordo exigiu que a garota terminasse com Tiago, mas eles continuaram juntos.“Ontem (quarta-feira), a garota ligou para Tiago pedindo para que ele fosse vê-la. Ele chegou a dizer que não iria porque ia trabalhar até mais tarde”, contou o major. Diante de insistência da adolescente, o policial desviou o caminho para casa, na Saramandaia, e seguiu para Vila de Abrantes. “Ela ligou para o traficante informando o horário que Tiago chegaria, além dos dados do veículo dele”, acusa Passos. Por volta das 22h, o soldado chegou à rua em que a garota mora, no bairro de Nova Abrantes e, quando desceu do carro, teria sido cercado por Gil, Macaquinho, Marcos e Carcunda, que atiraram nele. O corpo foi jogado no porta-malas do Gol e levado para a localidade de Catu de Abrantes, onde foi abandonado. Agentes da 26ª DP estiveram todo o dia de ontem realizando diligências para prender os acusados pelo crime. outra versão O delegado titular da unidade, Marcos Tebaldi, mostrou cautela ao falar sobre a motivação do crime. “O traficante Gordo já namorou com a menor mas, a priori, ele não tem ligação com o crime”, disse. Segundo Tebaldi, a garota não foi apreendida e é considerada apenas testemunha do crime. “Sabemos de três pessoas que estão envolvidas no homicídio, sendo que uma delas é menor”, afirmou. “Todos já respondem a processos e são ligados a Gordo”, disse. Até a tarde de ontem, um traficante de prenome Léo, havia sido preso. “Ele é do bando de Gordo e tinha mandado de prisão em aberto, mas não tem ligação com o crime”, diz o delegado. Ele negou que Carcunda tenha sido solto um dia antes da morte de Tiago. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que Tiago foi morto por ser policial. “Ele estava no lugar errado e na hora errada”, ressaltou Tebaldi. O policial foi enterrado ontem à tarde, no cemitério Quinta dos Lázaros, Baixa de Quintas. “Ele era um menino bom”, declarou o primo, de prenome Edésio. Segundo ele, a família não sabia do relacionamento extraconjugal. Tiago, que servia na Base Comunitária do Nordeste de Amaralina, deixa uma filha de três meses. ChavesDepois do assassinato do soldado, a mãe da adolescente, que preferiu não se identificar, afirma estar vivendo amendrontada. Ela conta que, por volta das 2h da madrugada de ontem, policiais militares invadiram sua casa e retiraram a filha à força. A dona de casa disse ter sido agredida verbalmente pelos policiais. Ela contou também que sabia do relacionamento da filha com Tiago, mas não aprovava. “Pedi que ela terminasse com ele, mas os dois se encontravam constantemente”, contou. Segundo ela, o casal se conheceu há uma ano e meio, no restaurante Língua de Prata, em Itapuã. “Ontem, o rapaz ligou dizendo que queria devolver as chaves que minha filha deixou no carro dele”. Ainda de acordo com a mãe da jovem, o casal discutiu do lado de fora. Depois da briga, a jovem entrou em casa e as duas ouviram os disparos. Assassinos de PM comandam tráfico na regiãoO descontrole da violência em Vila de Abrantes por conta do domínio do tráfico de drogas na região foi denunciado pelo CORREIO, em uma série de matérias publicadas em setembro do ano passado. Ginevaldo Brito Santos, o Gil, foi apontado pela polícia como o líder do tráfico no bairro de Nova Abrantes, local onde o policial militar Tiago Serra Gonçalves foi morto. Gil é apontado pela corporação como um dos responsáveis pela execução do PM. Segundo a polícia, Ginevaldi passou de mero usuário a dono de “bocas” após a saída de um traficante conhecido como Jack, que foi expulso da área por rivais. Ele teria adotado a estratégia de atrair garotos entre 14 e 16 anos para o tráfico. Na ocasião, um policial da Rondas Especiais (Rondesp), que fazia o patrulhamento de Nova Abrantes, falou sobre o adolescente conhecido como Macaquinho - também apontado como executor de Tiago. “Ele tem 16 anos, mas é muito perigoso. Franzino, faz estrago se estiver de posse de uma pistola”. No período, traficantes já haviam imposto toque de recolher para moradores e a disputa por bocas de fumo contabilizaram diversas vítimas. Até escolas e postos de saúde foram fechados devido à imposição de Macaquinho e Carcunda. De acordo com o delegado Marcos Tebaldi, todos os acusados do crime já respondem a processos.
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