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SALVADOR

População sofre e se revolta com paralisação de rodoviários

Sexta-feira (11) foi marcada pelo caos e pelo sofrimento da população que dependia dos ônibus

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12/04/2014 às 12:43 • Atualizada em 30/08/2022 às 13:28 - há XX semanas
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O caos tomou conta de Salvador, ontem pela manhã, quando um grupo de rodoviários decidiu fechar as estações Pirajá e Mussurunga, impedindo que os ônibus saíssem. O clima de tensão se espalhou e durante todo o dia houve boatos de manifestações e a população sofreu com a frota reduzida nas ruas. Eram 6h da manhã quando os motoristas anunciaram que nenhum ônibus iria entrar ou sair da Estação Pirajá. Foi a quarta paralisação em uma semana, pela falta de pagamento da gratificação do Carnaval, e a população resolveu protestar. Revoltados, os passageiros apedrejaram ônibus dentro da estação e fecharam os dois sentidos da BR-324. Na estação, as janelas dos ônibus foram quebradas, os pneus foram esvaziados e um dos coletivos quase foi incendiado. A passageira Daiane Costa, 33 anos, estava dentro do ônibus quando uma bola de algodão em chamas foi jogada dentro do coletivo. "Fiquei muito assustada, nunca tinha passado por isso antes. Até o motorista disse que, se soubesse dessa confusão, não viria para cá", contou a passageira.
Resignados, usuários esperam sentados na Estação Pirajá. Terminal ficou fechado durante a manhã e pelo menos 230 ônibus deixaram de sair. Rodoviários reivindicam gratificação. (Foto: Mauro Akin Nassor)
Com o princípio de incêndio no coletivo, a confusão ficou ainda maior e quatro homens foram detidos por policiais da 48ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Sussuarana). Eles foram levados para a 11ª Delegacia Territorial, em Tancredo Neves, e negaram que tivessem relação com o vandalismo. "Eu me aproximei para ver o que estava acontecendo e me prenderam", se defendeu o ajudante de pedreiro Dêivide Alves. Além dele, foram detidos dois rapazes de prenomes Jeferson e Tiago, além de Jamilton Oliveira, único do grupo que tinha passagem pela polícia, inclusive um mandado de prisão em aberto por tentativa de homicídio. Segundo o delegado plantonista, Márcio Maltez, os quatro foram autuados por dano qualificado. O clima já estava complicado, quando foram disparados tiros dentro da estação. "Foram dois tiros para cima para dispersar, foi uma agonia grande", contou o contador Sinval Rocha. A polícia não soube informar quem efetuou os disparos. Já na BR-324, na altura da Jaqueira do Carneiro, o protesto dos passageiros gerou um congestionamento de cerca de 10 km nos dois sentidos da rodovia. Por volta das 7h, pneus e madeiras foram queimados e três coletivos tiveram os pneus esvaziados. "Eles abriram a porta na tora e mandaram todo mundo descer. Disseram que, se não descessem, iam colocar fogo no ônibus", contou o rodoviário Osmar Tavares, que conduzia o ônibus da empresa Capital. Os passageiros que estavam nos ônibus ficaram assustados com a situação. "Os manifestantes jogaram pedras nos ônibus e mandaram o ônibus parar, foi muito assustador", contou uma passageira que preferiu o anonimato. Os manifestantes não permitiram a passagem de ninguém, nem dos motociclistas. Mais confusão e, com a chegada da polícia, tiros foram disparados. "Foi um desespero isso aqui. As mulheres se jogaram aqui na vala, um terror", contou a ambulante Verônica Oliveira. Na correria, algumas pessoas se machucaram. As pistas foram liberadas 1 hora e meia depois. Em Pirajá, 230 coletivos foram afetados pela paralisação. Os veículos ficaram estacionados ao longo da Rua da Indonésia, onde fica localizado o terminal de transbordo.
Com Estação Pirajá fechada e sem transporte, algumas pessoas resolveram fecharam a BR. Engarrafamento chegou a 10 km. (Foto: Mauro Akin Nassor)
PontosOs pontos de ônibus ficaram cheios na Fazenda Grande e em São Caetano, bairros afetados diretamente com a paralisação dos coletivos. A recepcionista Maria Cristina Pereira, moradora do bairro de São Caetano, fazia a segunda tentativa para ir ao trabalho, por volta das 9h. Ela chegou ao ponto de ônibus na saída do bairro, que dá acesso à BR-324, mas teve que voltar para casa. "Estou voltando agora (9h), para ver se eu consigo pegar o ônibus para ir para o trabalho", contou. Já a Estação Mussurunga virou um deserto. Temendo a depredação dos ônibus como aconteceu na Estação Pirajá, os rodoviários levaram os veículos de volta às garagens. A técnica de enfermagem Meire Silva, de 43 anos, chegou à estação por volta das 7h, e ainda aguardava o transporte cerca de quatro horas depois. "Quando cheguei aqui, não tinha ônibus, e o ônibus em que vim, sumiu. Já perdi meu dia de trabalho. Até quero ir para casa, mas não tenho como, pois até agora não apareceu nenhum ônibus", contou Meire. Com a falta de transporte, trabalhadores tiveram diversos prejuízos, a exemplo da diarista Andrea dos Santos. "Perdi R$ 85 de diária. Se soubesse, não tinha vindo, fomos pegos de surpresa. Esse tipo de protesto tira a razão dos rodoviários, pois no fim das contas a população é que se dá mal", reclamou Andrea, que já esperava o ônibus havia 3 horas.
Alguns ônibus foram apedrejados por usuários revoltados com o fechamento da Estação Pirajá. Confusão teve até tiros. (Foto: Mauro Akin Nassor)
ReivindicaçõesO grupo de rodoviários que fechou a Estação Pirajá na manhã de ontem, intitulado União Rodoviária, disse não reconhecer o Sindicato dos Rodoviários da Bahia (Sintroba) como representante da categoria. Além da gratificação do Carnaval, eles disseram protestar também por melhorias na segurança e estrutura do terminal. Eles pediam, ainda, a diminuição da carga horária de trabalho para seis horas. Sabendo dos transtornos causados, eles pediram compreensão da população. "Não fechamos vias, estamos protestando dentro do nosso local de trabalho", disse o rodoviário Luciano Ramos. AmeaçaMesmo com uma extensa lista de reivindicações, o grupo não quis falar com alguns veículos de comunicação, alegando que a imprensa estava distorcendo o que estava sendo reivindicado pela categoria. À reportagem do CORRREIO, o grupo chegou a relatar os problemas. Ao fim da entrevista, porém, cerca de 30 rodoviários impuseram a condição de fotografar o bloco de anotações da repórter. Segundo eles, caso não pudessem fazer as fotos, a repórter não poderia levar o que havia anotado. Após a ameaça, cercada e sentindo-se coagida, a repórter entregou o bloco, que só lhe foi devolvido após ser fotografado por eles. A ocorrência foi registrada e o caso será investigado pela 4ª Delegacia (São Caetano).
Ônibus fazem fila na BR depois do fechamento da Estação Pirajá. (Foto: Mauro Akin Nassor)
ConsequênciasEmbora o protesto tenha afetado a população, o Ministério Público do Estado (MP-BA) informou que o problema não faz parte das atribuições do órgão, mas do Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA). Já a Transalvador informou que não poderia se pronunciar sobre as penalidades que podem ser aplicadas aos rodoviários e às empresas por não cumprirem os horários das viagens. Matéria original: Correio24h População sofre e se revolta com paralisação de rodoviários

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