Ter um consulado americano na Bahia ainda é um sonho distante. Em reunião com o prefeito João Henrique ontem pela manhã no Palácio Thomé de Souza, a representante Especial de Ações Intergovernamentais Globais do Departamento dos Estados Unidos, Reta Jo Lewis, diz que essa é uma decisão que apenas o Congresso Americano pode tomar. “O prefeito me deu uma carta direcionada à secretária do Departamento de Estado dos EUA, Hillary Clinton, com o pedido de ter a emissão de vistos em Salvador. Vou entregar o documento, mas por enquanto não há determinação para criar um consulado aqui”, diz. Apesar da negativa, o prefeito continua otimista. “Salvador é a terceira maior cidade do Brasil e a Bahia possui uma das maiores economias do país. A necessidade de uma viagem para tirar visto gera transtornos e acarreta um custo financeiro adicional à viagem. Recentemente, o CORREIO fez uma matéria muito interessante sobre o assunto. E acredito que a força da opinião pública aliada às articulações governamentais podem levar ao êxito desta justa causa”, declara. O único ponto concreto discutido no encontro foi o reforço ao anúncio do presidente Barack Obama de aumentar em 40% nos próximos 12 meses a capacidade de processamento de vistos para Brasil e China. “Vamos contratar mais funcionários para trabalhar nos consulados. Isso permitirá que todo o processo aconteça de maneira mais rápida. O processo deve passar de dois a três meses para algumas semanas. Estamos muito contentes com essa determinação”, afirma Reta Jo Lewis. Crítica O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Pedro Galvão, ressalta que a medida não resolverá o problema. “Lamentavelmente, a providência que a prefeitura quis tomar não surtiu efeito. Aumentar o quadro de funcionários não beneficia os baianos que continuarão tendo que viajar para outros estados”. De acordo com a Abav, a Bahia é o estado nordestino que mais envia turistas e imigrantes para os Estados Unidos. São cerca de 30 mil vistos emitidos por ano. Mesmo com números tão significantes, os baianos que desejam estudar ou passear em solo americano têm que viajar para Recife, Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília para entregar a documentação e realizar uma entrevista para obterem um visto. A empreitada é cara. Além de pagar entre R$ 318 e R$ 398 pelo visto, a Abav estima que o percurso encarece o trâmite em cerca de R$ 1,5 mil por casal levando em conta passagem, hospedagem, alimentação e transporte. “Tem famílias que chegam a gastar R$ 3 mil. Isso dificulta e encarece muito a viagem”, diz Galvão. A ordem da Casa Branca é assegurar que 80% das solicitações de vistos sejam atendidas em até três semanas no Brasil e China, exceto em casos que envolvam a segurança do país. Segundo a embaixada americana de Brasília, em 2011 foram processados 944.868 vistos no Brasil, 51% a mais que em 2010. A expectativa é que, com a decisão de Obama, até 2016 haja um crescimento de 274% do número de visitantes brasileiros nos EUA frente a 2010. A prefeitura também aproveitou o encontro para sugerir a realização de um workshop entre representantes da capital baiana e da cidade de Atlanta, nos EUA. Segundo o assessor de Relações Internacionais e chefe do escritório da Copa, Leonel Leal, o objetivo é possibilitar a troca de experiências em preparação de grandes eventos, como o Mundial de Futebol. Prefeito está desinformado O presidente da Abav, Pedro Galvão, criticou a iniciativa do prefeito João Henrique. Ele diz que o chefe do Executivo elaborou um documento sem ao menos tomar conhecimento que o setor turístico, no ano passado, se reuniu com o embaixador dos Estados Unidos em Brasília. “O prefeito está desinformado. Esse pedido de ter um consulado em Salvador é inviável. No encontro, o embaixador relatou que o custo anual de um consulado é US$ 6 milhões. Com a crise financeira mundial o Congresso americano não quer ter esse gasto. Até mesmo o consulado que estava previsto para ser aberto no Rio Grande do Sul foi cancelado”. Galvão sugeriu ao embaixador dos EUA que se sensibilizasse com a declaração do presidente Barack Obama, e passe a revalidar algumas medidas adotadas até 2002 e que foram suspensas após o ataque terrorista ao World Trade Center, em Nova York. “Nessa época a documentação para um baiano conseguir o visto era reunida e encaminhada pela Abav, bem como os passaportes. O transportador da Abav Bahia era recebido em um guichê exclusivo e, após conferência e aprovação, recebia os passaportes com vistos. Apenas 5% precisavam ir para a entrevista”, explica. Para ele, o encontro entre o prefeito e a representante dos Estados Unidos, Reta Jo Lewis, seria mais proveitoso se esse pedido fosse reforçado. “É uma solicitação mais viável e mais prática”.
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