Para percorrer pouco mais de 1,5 km, motoristas que trafegam pelo Largo do Luso, na Avenida Suburbana, chegam a perder até 60 minutos no trecho que segue para bairros como Plataforma, Rio Sena ou Alto da Terezinha. “Isso aqui é um horror. Eu, que moro aqui e já conheço, desvio por trás (do largo) e já vou sair lá na frente”, entrega a rota o taxista Juarez Santos, 58 anos, apontando para os lados do Parque São Bartolomeu. É lá que a prefeitura trabalha na construção de um retorno, primeira de dez intervenções que buscam reduzir o tempo de viagem na Suburbana e aumentar a segurança na via, considerada a mais perigosa da capital pelos gestores de trânsito. “O Largo do Luso é um problema não só no volume de tráfego, mas, principalmente, pelos pontos de ônibus e retornos. Ela trava por si só. A partir do momento em que você tira os retornos dali, a nossa expectativa é que não tenha nenhuma retenção e se consiga atravessar em cinco minutos”, diz o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller.
A autarquia toca o projeto idealizado pela Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob). A ideia é desativar a rotatória e criar dois retornos mais distantes do centro do problema — um na altura do Parque São Bartolomeu e outro no Posto Gameleira, distantes 1,5 quilômetro. “A região da rotatória já está saturada por conta da quantidade de linhas de ônibus e carros. Essa rotatória será fechada e vamos construir dois retornos nas extremidades. Com isso, a gente faz uma dispersão nesse volume de tráfego e melhora a fluidez”, aponta o diretor de Trânsito da Transalvador, Marcelo Corrêa. Reclamações A novidade divide opiniões. A técnica em Enfermagem Naiara Borges, 25 anos, que passa pelo local duas vezes por dia para ir de casa, no Uruguai, ao trabalho, no Alto de Coutos, aprova a mudança. “Sempre achei que as rotatórias deveriam sair. No final de semana é ainda pior, porque tem feira”. Já as comerciantes Jailma Ferreira Badaró, 43, e Taise Cristina Cruz de Assis, 30, acreditam que o retorno de São Bartolomeu será válido, mas o da Gameleira poderá obrigar os motoristas a enfrentarem outro engarrafamento na volta. Intervenções Ao todo, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) fará dez intervenções em toda a Avenida Suburbana, entre mudanças para aumentar a fluidez e a segurança no trânsito até a alteração de alguns pontos de ônibus. São dez pontos críticos, segundo a pasta: Uruguai, Novos Alagados, Lobato, Alto do Cabrito, Largo do Luso, Alto da Terezinha e rotatórias de Periperi, da Glória, de Coutos e de Paripe. As obras da primeira intervenção, no Largo do Luso, começaram na quinta-feira com o início da construção do retorno de São Bartolomeu. Essas primeiras obras estão previstas para durar de 60 a 90 dias e custarão R$ 1 milhão, com verba da prefeitura.
Assim que o retorno de São Bartolomeu estiver pronto, ele servirá para os veículos que seguem para qualquer um dos sentidos da Suburbana. Em seguida, a Transalvador executará as obras do retorno no posto Gameleira. Entre as dez intervenções, consta, ainda, a criação de baias para ônibus nos dois sentidos da via – sentido Paripe e sentido Calçada. Cada baia terá capacidade para receber de cinco a dez coletivos simultaneamente. Além do congestionamento, outra preocupação com na Suburbana é o risco de acidentes. De acordo com a Transalvador, a avenida é uma das mais movimentadas da capital e perigosa. Este ano, cinco pessoas morreram em acidentes na via — a Paralela, três vezes mais movimentada, registra três mortes. Em 2014, foram 11 mortos e 276 feridos na Suburbana e, na Paralela, 14 e 389, respectivamente. “Em médio prazo, implantaremos faixas de pedestres elevadas a cada 800 m, fiscalização eletrônica, além de redutores de velocidade”, explica Mota. Ainda segundo o secretário, o projeto também prevê o recapeamento asfáltico dos 14 quilômetros da Avenida Suburbana. Por fim, será instalada uma ciclovia em toda a extensão da avenida, pelo canteiro central. A faixa para os ciclistas terá dois metros de largura, com sinalização a cada 30 metros, e ligará os bairros do Uruguai e de Paripe. De acordo com o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, pesquisas internas apontam que é no Subúrbio e no bairro de Itapuã onde mais se pedala em Salvador.
Largo do Luso hoje: trecho de pouco mais de 1,5 quilômetro atrasa deslocamentos em cerca de uma hora (Foto: Almiro Lopes) |
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