Da geladeira ao sofá. Do carro ao apartamento. Comprar a prazo qualquer um desses bens tende a ficar mais barato nos próximos meses. Isso porque o Banco Central reduziu nesta quarta (7) a taxa básica de juros (Selic) de 10,5% para 9,75% ao ano. Tudo agora é questão de tempo. Com a decisão do governo federal, alguns bancos começaram a repassar o corte para suas linhas de crédito. Itaú e Banco do Brasil foram os primeiros e anunciaram reduções de 0,06% e 0,04%, respectivamente, nas taxas de juros para pessoa física. O impacto no valor total do bem, no fim das contas, será pequeno. Mas, ainda assim, é considerado importante pelo vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. “É uma redução pequena, mas importante. Por isso, o conselho que eu dou para quem está pensando em comprar a prazo agora é que espere alguns dias e pesquise antes se a instituição repassou o corte”, orientou. No caso de um carro popular de R$ 25 mil, por exemplo, Oliveira mostra numa simulação (veja tabela ao lado) que o valor da prestação, se ele for financiado em 60 meses, cai pouco mais de R$ 10. Mas, no fim das contas, a economia total chega a R$ 625. De acordo com Oliveira, a taxa média das operações para consumidores deve cair em torno de 0,06%. Atualmente em 6,4% ao mês, elas ficarão em 6,34% com o corte anunciado. Entre as taxas para pessoa física, os juros do cartão de crédito devem cair de 10,69% ao mês para 10,63%. Assim, a utilização do rotativo sobre o valor de R$ 3 mil por 30 dias deve passar a custar R$ 318,9 de juros, ante R$ 320,7 cobrados anteriormente. Procurados pelo CORREIO para saber se repassarão a redução da Selic para suas linhas de crédito, o Bradesco e o Santander informaram que ainda estão avaliando a decisão do governo. Já a Caixa Econômica não retornou o contato da reportagem. Crescimento O economista Fernando de Holanda Barbosa, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), explica, entretanto, que o barateamento das operações de crédito não é o principal benefício trazido pela redução da Selic. “Essa é uma medida para aumentar o mercado doméstico. O objetivo é ampliar o consumo e o investimento. Com isso, a economia vai crescer e, consequentemente, gerar mais empregos”, afirmou. “Vai mudar muito pouco para o consumidor, mas impacta no agregado da economia”, acrescentou. Barbosa ressalta ainda que o corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros só foi possível porque o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu abaixo do esperado em 2011 (2,7%). “Quando se cresce num ritmo inferior, se tem espaço para baixar juros, sem aumentar a inflação”. Ivo Barbiero, presidente da proScore, Bureau de Informação e Análise de Crédito, analisa que a nova taxa não deve impulsionar de imediato a economia. Para ele, seus efeitos devem ocorrer entre três e quatro meses. “O efeito imediato e direto é a redução do custo dos juros da dívida interna, além de desestimular o ingresso de recursos especulativos”, comentou. Poupança está mais atrativaA redução da taxa Selic para 9,75% ao ano torna ainda mais interessante os rendimentos das cadernetas de poupança frente aos fundos de renda fixa. Segundo especialistas, nas aplicações de curto prazo (menos de seis meses), a caderneta já ultrapassa os fundos DI, que são atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e acompanham os juros de mercado. Com a queda da Selic, um fundo DI com taxa de administração de 1% ao ano e prazo de até 12 meses está praticamente empatado em rentabilidade com a poupança, devido à incidência do Imposto de Renda. Diante disso, a dica para quem investe em fundos de renda fixa é começar a repensar as possibilidades. “Como a tendência é de que a Selic continue caindo, já é hora de redistribuir o investimento”, analisa o consultor da Trader Brasil Escola de Investimentos, Matheus Massari. De acordo com ele, para quem busca rentabilidade no CDI no curto prazo, a melhor opção no momento é migrar para as aplicações atreladas à inflação. Uma delas é o Tesouro Direto. Nesse caso, o investidor deve optar por corretoras que não cobrem taxa de administração. “O brasileiro não tem o costume de negociar com corretoras ou bancos, mas isso é essencial”, disse. Caso contrário, orienta Massari, mais vale ficar na poupança, devido à praticidade da aplicação. Por lei, a caderneta de poupança tem seu ganho garantido (Taxa Referencial + 6% ao ano) e não sofre qualquer tributação. Já os fundos de renda fixa são tributados do imposto de renda sobre seus rendimentos. O vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, destaca que a poupança só não é a melhor opção para quem tem valor grande aplicado (a partir de R$ 50 mil). A tabela ao lado indica que a poupança já ganha dos fundos na maioria das situações, sendo que, quanto menor o prazo de resgate da aplicação, bem como quanto maior for a taxa de administração cobrada pelo banco, maior vai ser a vantagem da poupança.
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