A proibição na entrega de alimentos e medicamentos ao policiais amotinados e o reforço do isolamento ao prédio da Assembleia Legislativa deixam o clima tenso na manhã desta quarta-feira (9), no Centro Administrativo da Bahia. Dois helicópteros do Exército posaram no CAB nesta manhã após fazer sobrevoos. A chegada de um grupo de policiais da Força Nacional aumentou a instabilidade nas negociações. As entradas de acesso ao Centro Administrativo da Bahia, pela avenida Paralela e pelo bairro de Sussuarana, voltaram a ser fechadas por viaturas e tanques do Exército. A luz do prédio também foi cortada por volta da 23h, mas foi retomada às 0h30. A falta de um acordo entre representantes do governo e policiais grevistas agrava o tom das discussões sobre o fim da greve da Polícia Militar na Bahia que já dura nove dias. Risco de greve se alastrarO governo federal considera elevado o risco de a greve da Polícia Militar na Bahia se alastrar para mais seis Estados: Rio de Janeiro, Alagoas, Pará, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro, a situação é considerada crítica. Há temor de que a greve provoque ondas de violência às vésperas do Carnaval daqui a oito dias. Policiais do Rio de Janeiro decidem nesta quinta-feira (9) se paralisam as atividades assim como na Bahia. PMs do Distrito Federal também realizaram protestos nesta terça (7). O piso dos policiais de Brasília é o maior do país, R$ 4.000. Na Bahia, o piso é de R$ 2.173,87, maior do que a média nacional. As paralisações seriam uma forma de pressionar o Congresso para votar, ainda neste ano, o segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), conhecida como PEC 300, que estipula piso salarial para policiais militares, civis e bombeiros. Reunião sem acordoAs negociações entre representantes do governo e grevistas terminou sem acordo por volta das 18h desta terça (7). Não há previsão de quando ocorrerá uma nova reunião. O governador Jaques Wagner disse, na manhã desta terça-feira (7), acreditar que esta reunião poderia ser o fim do greve parcial de PMs. "Iniciamos um processo de negociação. Nós fizemos uma proposta que eu considero bastante razoável e é com base nisso que estou fazendo essa aposta", explicou o governador. O que teria impedido o fim da greve foi a data de pagamento da Gratificação por Atividade Policial (GAP) IV. As associações queriam que o pagamento fosse realizado em 2012, mas o governador diz que só pode começar a pagar a GAP IV a partir de 2013. Na reunião, houve avanço em três pontos. Ficou decidido que os 12 PMs que tiveram a prisão decretada não irão para presídios federais, aqueles que participaram da greve de forma pacífica não serão punidos, e os policiais que cometeram atos de vandalismo durante a paralisação responderão a processos administrativos. Agora, as associações vão apresentar à categoria as propostas discutidas na reunião. A Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra), que decretou greve por tempo indeterminado em assembleia no último dia 31, não participou da reunião. Além de Dom Murido Krieger, participaram da reunião o secretário da Casa Civil, Rui Costa, o presidente da OAB da Bahia, Saul Quadros, o secretário da Administração do Estado, Manoel Vitório, o comandante geral da PM, coronel Alfredo Castro, e representantes de cinco associações ligadas à PM. Impasse“Nós, ao longo de cinco anos, concedemos 30% de aumento real. E eu tenho limite na folha. As negociações são em torno desse valor, da chamada GAP IV, e eventualmente até da GAP V, mas evidentemente isso terá que ser partilhado ao longo de 2013, 2014 e até 2015. Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque eu não tenho espaço fiscal para fazê-lo", afirmou o governador. Os grevistas recusam a proposta de reajuste oferecida pelo governo de 6,5% retroativo ao mês de janeiro. Além do aumento salarial, a categoria reivindica o pagamento da GAP IV e V, e a regulamentação do pagamento de auxílio acidente, insalubridade e periculosidade. Os grevistas também pedem anistia administrativa e revogação das prisões dos 12 líderes do movimento.
Assembleia cercadaCerca de 600 homens do Exército e 40 agentes do Comando de Operações Táticas (COT) cercam a Assembleia Legislativa desde a manhã de segunda-feira (6) para cumprir os 11 mandados de prisão contra policiais e bombeiros que estão acampados no prédio. Um policial militar foi baleado no confronto. Nesta terça-feira, o general da 6ª Região Militar permitiu a entrega de alimentos e material de higiene para os policiais militares que estão acampados no prédio da Assembleia Legislativa. Segundo oficial de Comunicação, Mário Cunha, a entrega de alimentos foi permitida por conta do avanço das negociações para o fim da greve. Por volta das 10h, soldados do Exército que fazem o cordão de isolamento em torno do prédio da Assembleia permitiram que manifestantes jogassem sacolas com alimentos, papel higiênico e água. Quatro policiais militares que estavam acampados deixaram o prédio, um deles saiu da Assembleia ainda na madrugada. Antes da saída dos PMs, soldados do Exército checaram se havia pedido de prisão expedido em nome deles.
Tropas do Exército mantém cordão de isolamento em torno do prédio da Assembleia |
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