Quem compra remédios com frequência notou que os medicamentos ficaram mais pesados para o bolso dos clientes nos últimos anos. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o preço de 65% dos 40 produtos analisados aumentou desde 2009. Ainda de acordo com o levantamento, 13 produtos tiveram reajuste de, pelo menos, 26%, o que supera a inflação acumulada, de 25%. Outros 13 medicamentos tiveram altas e apenas 14 registraram baixas no valor. “O que a gente identificou é que o preço na farmácia não condiz com o teto de reajuste estabelecido pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos)”, diz a economista do Idec Ione Amarim. Segundo ela, há um espaço grande entre o preço comercializado e o máximo ditado pela Cmed, o que deixa as farmácias com possibilidade de elevar muito o preço dos medicamentos. Apesar da pesquisa ter sido realizada no estado de São Paulo, Ione explica que os reajustes acima da inflação são praticados em todo o país. “Fizemos o estudo com medicamentos usados para tratar doenças crônicas. Esse fator, do medicamento ser de uso contínuo, acaba criando uma pressão. Em algumas situações, os valores levam ao abandono do tratamento”. Para a economista, o consumidor pode fugir dos altos preços fazendo pesquisa nas farmácias. “Nos grandes centros, tem uma ampla quantidade de farmácias, por isso, o consumidor consegue ter uma concorrência que abaixa o preço”. Quanto mais distante dos centros urbanos, diz ela, o preço fica mais próximo do teto da Cmed. “O consumidor nunca deve comprar na primeira farmácia que entrar. Deve pesquisar em mais de uma, ir à internet. Assim, ele fica menos exposto à variação de preço”, explica Ione. A sugestão da economista se confirma nas farmácias de Salvador. O CORREIO pesquisou dez dos produtos que tiveram aumento superior à inflação em três redes de farmácia. Para efeito de comparação, foi selecionado o produto mais barato de cada farmácia, independente do laboratório.
A variação entre o medicamento mais caro e o mais barato chegou a 64%. A mesma caixa de Omeprazol custa R$ 13,94 na Pague Menos da Graça e R$ 8,50 na Sant’Ana do 1º andar do Shopping Iguatemi. A segunda maior diferença de preços verificada foi do Angipress: R$ 10,70 na Sant’Ana e R$ 8,50 na Pague Menos, o que significa 25,9% de variação. Somente com a pesquisa de preço nessas três redes, o consumidor pode chegar a economizar quase R$ 35. A caixa de Cipro que sai por R$ 185,31 na Pague Menos custa R$ 150,34 na Drogasil do Salvador Shopping. Genéricos Outra observação que a economista do Idec faz é que, mesmo com a determinação legal, o medicamento genérico deve ser, pelo menos, 35% mais barato do que o de referência. Foram verificados quatro casos em que a lógica se inverteu. O remédio de marca estava mais em conta do que o genérico. Ione lembra que este medicamento foi introduzido no país justamente para concorrer com o de referência e baixar o preço dos remédios. Para o Imec, a Cmed se mostra ineficiente na regulação do preço dos medicamentos. “Conversei com o secretário do Cmed, Ivo Bucaresky, e ele mesmo admitiu que as farmácias trabalham nas brechas da legislação. O nosso entendimento é que a política de regulação só controla o preço do referencial”, diz a economista. O Imec coletou 142 preços em 36 redes de drogarias entre 18 e 24 de fevereiro deste ano em unidades. O instituto visitou as mesmas farmácias em 2009.
Matéria original do Correio Remédios têm reajuste acima da inflação
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