Numa das salas de um imóvel na Rua das Pitangueiras, em Brotas, onde funciona a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), a delegada plantonista Simone Malaquias ouve um relato estarrecedor da bisavó de um garotinho de 4 anos.
A mulher é uma das 4 mil pessoas que vão à Dercca todo ano denunciar casos de violência contra crianças e adolescentes em Salvador. O número indica que, em média, dez denúncias são feitas por dia na unidade. Às vezes, a própria vítima busca ajuda: em julho, uma menina de 10 anos ligou para o 190 e sugeriu que a polícia conversasse com o pai. Ele batia a cabeça dela contra a parede repetidamente.
As imagens que ilustram esta reportagem são desenhos feitos por crianças vítimas de violência em Salvador, atendidas no Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca/Bahia). |
No caso do menino de 4 anos, após ser espancado pela terceira vez pelo padrasto, ele acabou passando um dia internado no Hospital do Subúrbio. “A avó materna levou pro hospital após chegar na casa da mãe do menino e encontrar ele todo mole, passando mal, porque levou muita pancada na cabeça”, contou a delegada.
A bisavó, que recebeu do Conselho Tutelar a responsabilidade de cuidar da criança, pedia ajuda para si e para a criança: por conta da idade, ela disse não ter como cuidar do bisneto. Já o garoto parece não ter mais espaço na casa dos pais. “A mãe disse que, se o menino voltar, vai entregar para adoção”, contou a bisavó. De acordo com a delegada titular da Dercca, Ana Crícia Macêdo, as situações são bastante diversas. “Desde a injúria, o xingamento, até a violência física e sexual”, conta.
DISQUE 100
Outro canal de denúncias também recebe relatos todos os dias. Em Salvador, segundo números divulgados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, foram registrados, de janeiro a julho, 1.453 denúncias através do Disque 100, a maioria relacionada a negligência (514).
Os casos de violência psicológica (344), física (337) e sexual (204) são os outros mais recorrentes. No interior, foram registrados, no mesmo período, 4.063 denúncias pelo número gratuito 100 ou através do site www.disque100.gov.br.
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