Salvador teve uma média de quatro afogamentos por dia nos cinco primeiros meses de 2017. E esse período de transição entre o outono e o inverno é o mais perigoso para tomar banho de mar, segundo a Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar). Os dados comprovam o risco: só neste mês já foram registradas 30 ocorrências, entre afogamentos, resgates e óbitos. Na noite última sexta-feira (26), três amigos se afogaram após entrar no mar na região do Farol da Barra.
De janeiro a 29 de maio, foram registradas 663 ocorrências em Salvador, no trecho entre o Jardim de Alah e Ipitanga. Foram 20 registros a mais do que o mesmo período no ano passado. Desses, cerca de 40% foram entre Jaguaribe e Piatã. “Ali tem várias valas, buracos, correntes de retornos e pedras, o que facilita o afogamento”, explica o coordenador da Salvamar, João Luiz Moraes.
De acordo com Moraes, nessas estações, os ventos e as correntes marítimas são mais intensas. “Nesse período de transição do outono para o inverno, as correntes são mais fortes, as ondas são grandes, as correntes de retorno são mais fortes, e tudo isso dificulta o salvamento”, explica.
O banhista que quiser entrar no mar mesmo nessas condições, deve seguir algumas recomendações, como pedir orientação do salva-vidas da praia sobre qual o local mais seguro, estar sempre com a água no limite da cintura e nadar em paralelo ao mar, nunca em direção à parte mais funda.
Durante a noite, o banho não deve acontecer, como fizeram os adolescentes na praia da Barra, na última sexta-feira. “Principalmente a noite, a gente desaconselha o banho de mar à noite. No farol tem uma corrente muito forte”, explica.
Em caso de afogamento, Moraes recomenda que o banhista tente manter a calma e boiar, nunca tentar ir contra a corrente. “Quando estiver se afogando, procure boiar, nunca ir em direção a onde está se afogando ou você vai continuar naquele local. A corrente te leva pra um local e para, é só manter a calma e esperar o socorro”, garante o coordenador do Salvamar.
Não foi o que aconteceu com os jovens, que tentaram nadar para sair da corrente de retorno. “A onda pegou e bateu na gente. Como a maré estava esvaziando, levou a gente pro fundo. Pisei e não achei chão. O primeiro que desceu foi Antonio Carlos, que começou a bater os braços, aí deu cãibra de nó e ele desceu. O outro [Rafael] tentou salvar o colega e não conseguiu, aí desceu também. Como eu não achei chão, nadei cachorrinho devagarzinho”, lembrou o sobrevivente Adriano Rosa, que completou 15 anos ontem.
Buscas
As buscas pelo adolescente Antônio Carlos da Costa Silva, 16 anos, continuam nesta terça-feira (30). Ontem, um corpo foi encontrado boiando próximo à Ilha de Itaparica, mas a hipótese de ser o jovem foi descartada, já que vestia roupas que não condiziam com a descrição do adolescente. Além disso, o corpo estava em estado de gigantismo.
Na noite da última sexta-feira (26), os adolescentes Antônio Carlos da Silva, 16 anos, Rafael Ventura Rodrigues da Silva, 14, e Adriano Rosa, 15, foram à praia do Farol da Barra jogar futebol. Depois, já de noite, decidiram entrar na água. Adriano conseguiu se agarrar às pedras e se salvou. Os dois outros jovens foram levados pela água.
Ainda na sexta-feira, a Capitania dos Portos foi acionada e fez buscas no local até por volta das 2h de sábado (27). O helicóptero do Graer, da Polícia Militar, também foi chamado, mas os jovens não foram localizados. O corpo de Rafael foi encontrado neste domingo (28) e sepultado nesta segunda.
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Redação iBahia
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