Com 64 veículos a menos para fiscalizar o trânsito, a Superintendência de Trânsito e Transportes de Salvador (Transalvador) tenta equilibrar as dívidas com a locadora, mas pode ampliar seus débitos com a população. Ontem à tarde, o condutor do Hyundai i30 prata, que pediu para não ser identificado, teve que esperar quase duas horas para receber atendimento do órgão num pequeno acidente em que se envolveu com o motociclista Edson dos Santos Nascimento, na rua Caetano Moura, Federação.
“Fiquei mais de 50 minutos esperando que a viatura do órgão chegasse. E mais uma hora aguardando que uma Saveiro viesse rebocar a moto. Eu não poderia deixar o local por causa da perícia, do boletim de ocorrência”, lamentou o dono do i30. Em média, diz o gerente de trânsito da Transalvador, Janivaldo Rosário, as viaturas chegam em 15 minutos. “Não é o padrão (50 minutos), mas podem ocorrer várias situações. O endereço pode ter sido fornecido errado. Essa demora não tem a ver com a redução da frota necessariamente”. A escala dos agentes foi reformulada e agora metade fica em pé nos cruzamentos e em pontos fixos críticos. A mudança fez-se necessária, de acordo com o superintendente Renato Araújo, porque 64 veículos estão sendo devolvidos gradativamente à empresa Tradekar Transporte e Serviço Ltda., por falta de pagamento. O objetivo é quitar débitos atrasados de nove meses. A dívida chega a R$ 2,6 milhões. O superintendente Renato Araújo disse ao CORREIO que o custo mensal dos aluguéis dos veículos é de R$ 322 mil. Com a devolução, serão economizados R$ 197 mil, abatidos da dívida. Uma parcela de R$ 322 mil foi paga anteontem. Faltam oito. VeículosO contrato é de 157 veículos. Desse total, 77 carros e 33 motocicletas estavam disponíveis para a Gerência de Trânsito (Getran), responsável pela coordenação do fluxo de veículos. “Foram devolvidos 40 carros e 33 motocicletas. Essa é a mais complexa gerência”, diz o presidente da Associação dos Servidores em Transportes do Município (Astram), Adenilton Júnior. Dos 93 veículos restantes, dois são kombis e quatro carros administrativos. Os demais veículos, de acordo com ele, atendem também à Gerência de Táxis (Getax) e à Gerência de Fiscalização de Transportes (Gafit). “Na Gafit, eram nove motos. Só restaram três para uma cidade do tamanho da nossa. As motos fazem o trabalho mais rápido”. Ontem, apenas as motos permaneciam no pátio da Getran para serem entregues hoje à locadora. O gerente de trânsito preferiu não informar os números dos veículos disponíveis, nem devolvidos. “Só posso garantir que as 16 saveiros continuam à disposição. São veículos mais versáteis e que facilitam o nosso trabalho”. RecomendaçãoDesde abril, a Secretaria Municipal de Planejamento, Gestão e Tecnologia (Seplag) recomendou às autarquias que reduzam em, no mínimo, 25% as despesas, até a próxima segunda-feira, 16. Segundo o titular da pasta, Oscimar Torres, hoje haverá uma reunião com todos os gerentes financeiros das secretarias para tratar a questão. “Todos os órgãos estarão reunidos. Não tenho conhecimento de outras dívidas, como a da Transalvador, mas precisamos obedecer as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, que determina que todos os serviços contratados durante um exercício devem ser pagos nesse mesmo exercício. Temos até 31 de dezembro para deixar tudo em ordem”. No caso da Transalvador, o titular da Seplag diz que o órgão protelou a medida de corte nas despesas. “Só agora, a superintendência adotou essa postura mesmo com a nossa recomendação anterior. A orientação não é só para redução dos contratos de locação, mas de telefonia e aluguéis, por exemplo”, concluiu ele. Trabalho ficará limitado, afirmam agentesO CORREIO circulou pela cidade e conversou com agentes de trânsito que estavam a pé e em viaturas. Um deles foi taxativo. “Se a fiscalização motorizada já é ineficiente, sem viatura será pior ainda. Tá sucateado e vão botar agente a pé em plena época de chuva”, criticou. Outro, porém, acredita que pode haver alguma melhoria na fiscalização. “A pé, tem disponibilidade de contato maior com o público. Essa proximidade vai permitir uma melhor orientação no trânsito. O que pega é numa situação que precise de deslocamento”, analisou. O gerente de trânsito, Janivaldo Rosário, no entanto, argumentou que quem faz a fiscalização é o agente e não o veículo. “O carro não fiscaliza. Por isso, redistribuímos em pontos críticos e cruzamentos, locais com reincidência. O agente faz o trabalho que seria feito com a viatura. Houve redistribuição para minimizar o máximo esses impactos”, enfatizou Rosário. Mobilidade O presidente da Astram, Adenilton Júnior, reiterou que o trabalho dos agentes está limitado. “O nosso efetivo ainda é muito reduzido. Os pontos em que estarão a pé não terão condições de cobrir trechos maiores. Com a viatura, a mobilidade é outra”. Segundo ele, as principais infrações – estacionamentos irregulares e uso de celular – podem ser fiscalizadas pelos agentes em pontos de observação, os chamados P.O. “Eles estarão em locais estratégicos. Não haverá brechas para que o número de infrações aumente”, insistiu o gerente de trânsito. As blitze de alcoolemia não sofrerão impactos, segundo Rosário. “Nesses casos, usamos em torno de cinco viaturas. A Lei Seca é aplicada à noite, quando tanto o efetivo quanto a frota são reduzidos. Os veículos usados durante o dia são também usados nessas ocasiões sem qualquer problema”, salientou. Matéria original do CorreioSem veículos, agentes da Transalvador ficam em pontos fixos
Carros de fiscalização da Transalvador permanecem no pátio do órgão antes de serem devolvidos (Foto: Rafael Martins) |
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