O motorista Jasson de França Azevedo Júnior comprou um Fiat Palio financiado em 60 vezes, sem dar nada de entrada. Mas isso foi há quatro anos. Hoje, para conseguir a aprovação de um financiamento assim, só sendo o cliente ideal dos bancos: aquele que já teve um financiamento quitado, nunca teve nenhuma restrição de crédito, tem salário de no mínimo três vezes o valor da parcela, já tem algum tipo de relacionamento com o banco... ufa! Para os outros, só dando entrada. "Antes não precisava de entrada. Agora os bancos estão exigindo de 20% a 30%", conta o gerente da concessionária Fiori, Diogo Cardoso. A justificativa é a inadimplência de clientes que conseguiram financiamentos na época em que o crédito era facilitado. De três meses para cá, as coisas mudaram. É certo que os juros caíram (veja boxe na próxima página), mas quem não estiver disposto a pagar entrada, dificilmente vai conseguir comprar carro novo. O empresário Franco Leonardo já sabia disso quando foi com a mãe, Avanir Celeste, comprar um Corsa Classic na Retirauto da Barros Reis. "A gente vai dar R$ 10 mil de entrada e financiar o resto em 48 vezes", contou. "Vamos ver se o banco aprova". Segundo a gerente da loja, Renata Gonzalez, o número de parcelas não conta muito na aprovação de crédito. "O que pesa mais é a entrada. É muito difícil que aprove 100% do valor. Normalmente pedem pelo menos 20%", conta.
Encalhados Segundo números divulgados no início da semana pela indústria automobilística, a mudança já está afetando as vendas. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o tempo médio em que os veículos ficam parados no pátio das concessionárias subiu para 43 dias em abril, o maior nível desde novembro de 2008, quando, no auge da crise econômica mundial, o governo resolveu facilitar a compra de automóveis no país, reduzindo o IPI e facilitando o crédito. "Estamos com mais dificuldade para vender. Antes atendíamos até 100 clientes por dia, agora são 50", destaca Diogo Cardoso, da Fiori. "A concessionária tenta facilitar. Por exemplo, se o banco pedir R$ 5 mil de entrada, a gente divide no cartão, para viabilizar pro cliente", acrescenta Renata Gonzalez, da Retirauto. A exceção é para consumidores como o corretor de imóveis Jorge Albuquerque. Cliente do Banco do Brasil, ele se enquadra no perfil da entidade financeira para conseguir mais crédito. Pode se dar ao luxo de escolher se quer dar 10% ou nada de entrada. "Quero comprar um carro 1.6 completo. Estou entre o Gol e o Palio. Vou aproveitar a taxa do meu banco, que está excelente", contou ele, depois de fazer uma simulação na Bremen do Costa Azul. Já a professora Eliane Conceição Morais Moreira, teve que recorrer a uma boa entrada para conseguir financiar seu Fiat Punto. "O resto, vou financiar em 24 vezes", contou ela, que foi à Fiori ontem com o marido Ednaldo dos Santos Morais, promotor de vendas. PromoçõesPara tentar incentivar os clientes, as concessionárias de Salvador estão procurando compensar a dificuldade imposta pelos bancos com outras vantagens. "Se o cliente der 50% de entrada e financiar o resto em 12 vezes, estamos com taxa zero", conta a gerente da Bremen, Amanda D’Almeida. Ela acrescenta que para financiamentos em até 24 vezes, a taxa sobe para 0,99% ao mês. Essas também são as condições da Fiori. "Para Línea e Bravo, estamos com taxa zero", conta o gerente.
A professora aposentada Avanir Celeste aguarda a aprovação do financiamento em 48 vezes |
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade