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SALVADOR

Suspeito de matar estudante queimou roupa após crime

Adolescente apontado como motorista de grupo negou saber dirigir

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03/09/2015 às 7:22 • Atualizada em 26/08/2022 às 20:18 - há XX semanas
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O silêncio de Gilmário Alves do Nascimento, 20 anos, acusado de assassinar com um tiro a universitária Marianna Oliveira Teles, 22, no sábado (29), em uma rua do Costa Azul, foi mantido, ontem, apenas durante a sua apresentação à imprensa. No trajeto entre o Complexo Penitenciário da Mata Escura – onde estava preso desde a véspera, junto com outros três acusados de participação no crime – e a sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), no CAB, Gilmário confessou o crime e informou que gostaria de se desculpar pelo ocorrido. “Me arrependo e quero pedir desculpas à família”, relatou, segundo os policiais que o escoltavam.
Conhecido como Novato, Gilmário atirou em Marianna de forma fatal, no pescoço, quando ela tentou fugir de um assalto, ao chegar para visitar o namorado na Rua Coronel Durval Mattos. Questionado sobre o motivo de ter apertado o gatilho de um revólver calibre 38, ele respondeu que estava sob efeito de crack. “Eu tava usando pedra. Tava com droga no juízo”, justificou, antes de ser posto de volta numa viatura, ontem. Apesar da confissão do Novato, outras três pessoas apresentadas pela polícia negaram participação no crime. São eles: Jackson Leones Almeida Carneiro, 20 anos, Fábio dos Santos, conhecido como Bibi, 25, e Marcos dos Santos Ferreira, 24. Um adolescente de 13 anos, que também é acusado de participação no latrocínio, foi apreendido e encaminhado à Delegacia do Adolescente Infrator (DAI). Ele seria o motorista do “bonde” no dia da morte da universitária.

Segundo a polícia, todos os presos faziam parte de uma quadrilha envolvida em roubos de veículos e tráfico de drogas da comunidade Santa Rosa de Lima, mais conhecida como Inferninho, que fica entre os bairros do Costa Azul e Boca do Rio. De acordo com as investigações, o alvo do grupo era o carro que Marianna dirigia, quando chegou ao edifício Edifício Costa Brava. O veículo seria levado para um desmanche em Feira de Santana, no Centro Norte do estado, onde seria negociado por cerca de R$ 1.500.Ontem, uma operação das polícias Civil e Militar foi realizada no Inferninho e em Pernambués, onde o veículo usado pela quadrilha para chegar ao local do crime estaria. O objetivo era achar o carro modelo Citröen e a arma usada no crime. Funções Gilmário e os comparsas foram presos durante outra operação policial, no Inferninho, na madrugada de terça-feira. O atirador já havia sido preso em 11 de dezembro do ano passado por tráfico de drogas, na mesma localidade, e, segundo a polícia, já colecionava, até então, oito passagens pelo mesmo crime. Após ser preso em dezembro, Novato havia recebido alvará de soltura no dia 4 do mês passado, apenas três semanas antes de matar a estudante de Medicina. No bando, Jackson era o responsável por levar os carros roubados para Feira de Santana - ele já foi preso por porte ilegal de arma e homicídio. Já Fábio dos Santos, que não tinha passagem pela polícia, teria convidado Gilmário para praticar o assalto no Costa Azul. O adolescente, por sua vez, dirigia o Citröen, tomado de assalto dias antes e que até agora não foi localizado. Apenas Marcos dos Santos Ferreira não participou diretamente do crime. Também sem passagem, ele seria o responsável por guardar armas do bando.

Corpo de Marianna foi cremado na tarde do domingo (30), no Cemitério Jardim da Saudade
Durante a busca pelos criminosos, a polícia encontrou uma pistola 380, um revólver calibre 32, munições, maconha, material para acondicionar cocaína e uma balança de precisão. Todos foram autuados por organização criminosa, tráfico de drogas, posse de ilegal de arma e latrocínio (roubo seguido de morte). Durante a apresentação, a delegada Andreia Ribeiro, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que assim que o quarteto chegou à rua Coronel Durval Mattos, Gilmário desceu do veículo para praticar assaltos, sem uma vítima específica. Quando avistou a estudante chegando na frente do edifício Costa Brava, ele abordou a vítima. “Nas imagens que checamos, Marianna esboça uma reação e corre para a portaria do prédio, o que teria provocado os disparos”, contou a delegada, que não confirmou a ação de Marianna de jogar a bolsa por cima do muro do edifício. “Ela, mesmo baleada, conseguiu tocar o interfone e pediu socorro ao namorado”, comentou Andreia. Fogo na roupa Depois dos disparos, os comparsas se separaram. Nas imagens de uma câmera de segurança de um edifício vizinho, Gilmário aparece correndo e, em seguida, roubou um Chevrolet Cruze, que dirigiu até o Inferninho, onde encontrou com o adolescente e Fábio. Juntos, os acusados queimaram as roupas que utilizaram na ação. “A intenção era eliminar os vestígios do crime. Gilmário queimou tudo, menos o tênis que usava e que foi encontrado na casa dele”, comentou a delegada.Ainda conforme Andreia Ribeiro, uma denúncia anônimima, na madrugada de terça, levou a polícia ao paradeiro dos criminosos. “O primeiro a ser preso foi o próprio Gilmário, que de imediato confessou o crime. Em seguida, ele mesmo levou os policiais ao encontro dos outros acusados, inclusive do menor de 13 anos”, contou. Críticas A coletiva para apresentação dos presos foi iniciada pelo secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, que criticou o Judiciário pela soltura de Novato. “Não podemos mais viver com situações como essas, de pessoas que saíram do sistema prisional há menos de 20 dias e voltaram a delinquir, causando tragédias. Não temos mais condições de assistir presos saindo pela porta da frente e levando dor às famílias”, declarou o secretário, que propôs uma discussão urgente “sobre o cenário de impunidade do nosso país”. Barbosa disse ainda que as polícias precisam de ajuda. “Queremos leis mais rígidas, melhor estrutura para nossas polícias. Precisamos ser ajudados. Precisamos da modernização das leis para que bandidos não voltem a delinquir e que os policiais não tenham a sensação de que estamos enxugando gelo”, concluiu.

Secretário criticou legislação e disse que polícia está apenas "enxugando gelo
Adolescente que teria conduzido carro de bonde nega saber dirigirO adolescente de 13 anos, apontado como motorista do bando no dia da morte da universitária, disse ontem, na Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), que não sabe dirigir. “Ele contou que no dia do crime estava na casa da mãe, em Plataforma”, afirmou a delegada Claudenice Mayo, titular da DAI. O adolescente disse morar na casa da avó, no Inferninho, e que só conhece, entre os presos, Marcos, que mora em sua rua. “Ele chorou muito, dizia que não tinha necessidade de roubar. Não parece agressivo”, contou Claudenice. A mãe do garoto será ouvida hoje e, em seguida, ele será encaminhado ao Ministério Público.
Correio24horas

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