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SALVADOR

Tabeliã flagrada em esquema acusa tio de usar seu nome em empresa de documentação

Dra. Solução afirma que não fez nada ilegal

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01/11/2011 às 8:52 • Atualizada em 06/09/2022 às 8:02 - há XX semanas
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A tabeliã acusada de ter ligações com a empresa Solução Documentação Imobiliária e Fiscal Ltda., que agiliza e facilita serviços de cartórios em Salvador, resolveu se defender. Titular do 12º Ofício de Notas, no Iguatemi, Conceição Aparecida Nobre Gaspar acusou o tio - a quem chama de “aquele louco” - de utilizar o seu nome indevidamente. Como denunciou ontem o CORREIO através de certidão da Junta Comercial da Bahia (Juceb), a Solução tem como sócios Luciano Antônio dos Santos Nobre, tio da tabeliã, e Paloma Caramelo Ortins Rivera, filha da escrevente Marilene Caramelo Ortins Rivera, subordinada de Conceição no mesmo cartório. Inicialmente, depois de uma conversa por telefone, Conceição proibiu que suas declarações fossem publicadas no jornal e afirmou que não atenderia pessoalmente o CORREIO. Mas, procurada ontem novamente, ela negou prestar assessoria para a Solução, como a própria funcionária da empresa afirmou ao CORREIO. “Não tenho qualquer ligação (com a empresa). Eles usam meu nome porque abre portas. Dizer que tem um tabelião na empresa pode gerar a ideia de uma solução rápida nos cartórios”, defendeu-se Conceição, que enviou nota oficial em nome também de Marilene, confirmando as declarações. A tabeliã classificou como “loucura” o fato de Luciano ter afirmado em conversa com a reportagem na semana passada que jamais colocou os pés e nunca recebeu dinheiro da Solução. Luciano ainda garantiu que jamais conheceu Paloma, sua sócia. “Ele é irmão de criação de minha mãe e nem falo com aquele louco. Só a loucura justifica o fato de ter falado essas coisas para vocês”, disse Conceição. Para Conceição, não há ilegalidade no fato de seu tio e a filha da escrevente serem sócios. “Então um juiz não pode ter filho advogado?”, compara. Conceição diz ainda que Luciano conheceu Paloma através de um amigo dele, que seria primo dela. “Uma nutricionista foi a primeira sócia da Solução. Depois, o controle acionário ficou com uma corretora. Depois disso, Luciano e Paloma resolveram entrar no negócio”, afirmou a funcionária pública. Linha telefônica O número (71) 3450-3476, que aparece no cartão de visitas da empresa Solução (imagem acima), está no nome da tabeliã Conceição Gaspar, conforme conta telefônica da companhia Oi. Na lista telefônica, o número, porém, consta como sendo do 12º Ofício. Com relação à coincidência, Conceição afirma que a linha era pessoal e, inicialmente, fora instalada no cartório, que teria assumido a linha como se fosse da unidade e divulgado o número, o que explicaria ela aparecer na lista como sendo do 12º Ofício. E este ano, ela diz que transferiu o número para a Solução, por isso ela apareceria no cartão da empresa. “A linha foi transferida (para a Solução) em fevereiro, deveria ter a sua titularidade e endereço alterados, mas esta providência não foi adotada por equívoco da empresa Solução”, argumentou. Consultada, a corregedora Maria Helena Lordello considerou o fato “estranho”. “Nunca ouvi falar de linha pessoal instalada em local público”, afirmou a corregedora, que deve ficar à frente da sindicância que vai investigar a tabeliã e a escrevente.
Titular do 12º Ofício, Conceição tem tio dono de empresa de documentação cartorária
SóciosNa última segunda (31), a empresa Solução funcionava normalmente no Empresarial Thomé de Souza. Uma funcionária informou que não estava autorizada a falar. Disse apenas que Paloma Caramelo e Luciano Nobre não estavam. Uma funcionária da Solução que se identificou como Nana disse que não conhecia Luciano, apesar de ele ter 10% na sociedade e de agora Conceição afirmar que ele usa seu nome. Luciano afirmou que nunca pisou os pés ou recebeu dinheiro da Solução, e que sequer conhece Paloma Caramelo, sua própria sócia. Na segunda-feira (31), o rapaz não foi encontrado em casa. Uma senhora que atendeu o telefone e se disse sua mãe de criação informou que ele havia viajado. “Tem 15 dias que ele viajou. Foi morar no interior. Foi trabalhar lá. O que você quer com ele? Esqueça Luciano. Acabou, tá!”, bradou. Paloma Caramelo enviou nota. Ela diz que a atuação da mãe não a impede de ter a empresa. “O fato de minha mãe – Marilene Caramelo Ortins Rivera – ser escrevente do Cartório do 12º Ofício de Notas, nesta capital, não me impede de ter atuação profissional na iniciativa privada”, diz a mensagem. “O modelo caótico de funcionamento dos cartórios criou a necessidade do tipo de serviço que prestamos para aliviar as agruras do cidadão baiano. Nos estados que já privatizaram, esta atividade foi extinta”, conclui.

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