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SALVADOR

Telhado e forro da Igreja da Conceição da Praia estão ameaçados

Apesar da série de problemas, a Igreja da Conceição da Praia não tem qualquer previsão de reforma. Isso apesar do Iphan assegurar que há R$ 1,4 milhão para obras no forro e telhados

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09/05/2012 às 8:41 • Atualizada em 08/09/2022 às 15:02 - há XX semanas
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Talvez a elegante penumbra que envolve a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, impeça que os devotos identifiquem uma série de deficiências estruturais no santuário. No entanto, os problemas cada vez mais aparentes motivaram uma reunião, na semana passada, entre o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, e representantes da Irmandade do Santíssimo Sacramento e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O encontro, porém, foi adiado porque o Iphan não enviou representante. Ainda não há nova data definida para tratar das questões da restauração do templo, que começou a ser construído há 389 anos. “São infiltrações, rachaduras, ação de insetos e fungos, rede elétrica e, o mais grave, o telhado e o forro estão se desprendendo aos poucos e correm risco de desabamento”, diz o gerente de manutenção da igreja, José Gonçalves. O Iphan assegura que uma carta de crédito no valor de R$ 1,4 milhão para obra de estabilização do forro e do telhado está disponível. No entanto, a irmandade alega que não foi informada oficialmente sobre isso. Além disso, um projeto global com investimento estimado em R$ 14 milhões não foi aprovado pelo Ministério da Cultura.
Antes, a igreja era menor e foi a primeira construída no Brasil, em 1549, por determinação e devoção de Thomé de Souza a Nossa Senhora da Conceição. Em 1623, segundo integrantes da irmandade, portugueses ricos encomendaram um santuário maior e as primeiras pedras começaram a ser montadas. “É a única igreja móvel importada da América Latina. Em tese, ela poderia ser desmontada e montada em qualquer lugar. A estrutura é pré-moldada e foi trazida de Portugal em embarcações”, conta Gonçalves. Da história para os dias atuais, o santuário da padroeira da Bahia, tombado pelo Iphan, abriga riquezas arquitetônicas, suntuosidade, fé e atrai multidões. TemploNas dependências do santuário construído a 10,5 metros acima do nível do mar, há a predominância da arquitetura barroca, mas com influências do rococó e da neoclássica. “A beleza do templo está nos arcos que, além de sugerir movimento, sustentam a laje”, diz Gonçalves. Quem olha para o alto vê, no teto, além dos candelabros de prata, o maior painel de pintura a óleo em terceira dimensão da América Latina, segundo membros da irmandade. “Está ruindo. As tábuas podem cair e há fendas em vários pontos”, diz o gerente. Segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), existe um risco presumível (quando devem ser tomadas medidas de precaução) de desabamento da nave, que é o teto da igreja, e a irmandade já foi notificada para que faça os reparos o quanto antes. A Superintendência de Controle e Uso do Solo do Município (Sucom) apenas notificou a igreja, entregando juntamente uma cópia do relatório elaborado pela Codesal e pelo Iphan, onde estão apontadas as falhas na estrutura do templo.
Nos altares, as talhas douradas (madeira esculpida e posteriormente dourada) sofrem. “Estão infectadas por fungos e são deslocadas pela ação de cupins”, alerta o gerente. As sanefas com caras de anjos (ornamentos das tribunas laterais) também têm rachaduras. “Estão presas, mas não sabemos como nem em quais condições. Não temos como dar manutenção. Até para bater um prego é preciso autorização do Iphan”, expõe o integrante da irmandade. “A única manutenção que podemos fazer é a limpeza com espanador e aspirador de pó”, aponta ele, enquanto dois funcionários trabalham na limpeza. No chão do santuário, 56 jazigos reúnem os restos mortais de membros de famílias influentes na igreja. “O último corpo sepultado aqui foi o de Irmã Dulce, que ficou oito anos. Depois, foi levado para a igreja da beata, no Largo de Roma. Segredos Num passeio pelos corredores da basílica, além das deficiências, os segredos também são revelados. Uma sala secreta era usada pelos padres como esconderijo e guarda de valores da igreja, a fim de preservá-los de ataques estrangeiros. “Quando a igreja foi construída, a Bahia já havia sido atacada. Esse ambiente era a salvaguarda dos bens da igreja”, relata o gerente. Os problemas estruturais da basílica podem ser observados desde a entrada. A fachada, toda em mármore de lioz (material poroso e que contém fragmentos marítimos), sofre com o desgaste do tempo. “As janelas, as grades, luminárias, tudo deve ser restaurado”, assinala Gonçalves. Para Nivaldo Andrade, presidente do Instituto dos Arquitetos da Bahia (IAB), a fachada e as talhas concentram a parte mais cara da reforma. “São as partes mais delicadas e específicas. Os técnicos trabalham como se fossem cirurgiões”, analisa. No alto das duas torres, estalactites tomam conta das arcadas. Os 16 sinos da basílica sofrem com ferrugens. Ao lado da basílica, dois casarões em ruínas onde funcionavam o Projeto Axé e o Cedeca, e pertencem à Irmandade, devem ser restaurados para servir aos eventos da igreja.

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