À sombra do poder público, algumas comunidades de Salvador e Região Metropolitana passaram a servir de refúgio para integrantes de facções criminosas forçados a mudar de pouso quando os territórios onde atuavam foram ocupados pelas Bases Comunitárias de Segurança. No mapa ao lado, o CORREIO mostra para onde os bandidos se deslocaram após a instalação de cada uma das sete Bases Comunitárias instaladas até hoje no estado - Calabar, Nordeste de Amaralina (3), Fazenda Coutos, Itinga e Bairro da Paz. O secretário da Segurança Pública do Estado (SSP), Maurício Teles Barbosa, explica que as movimentações são previstas no planejamento das Bases e garante que elas estão sendo monitoradas pela Superintendência de Inteligência (SI) da SSP. “Trabalhamos com inteligência. Sabemos que existe a migração, mas os grupos já não têm a mesma força de antes”, assegurou o secretário, na quinta-feira, após inaugurar a sétima Base, instalada em estrutura provisória no Bairro da Paz. Segundo ele, no caso específico do Bairro da Paz, ainda é cedo para dizer o paradeiro dos bandidos, inclusive do traficante que exercia o comando na região, identificado como Florisvaldo, o Flor. Para a SSP, fora de seus territórios os traficantes ficam mais vulneráveis à ação da polícia ou de grupos rivais, o que acaba enfraquecendo as atuações. No entendimento da SSP, ao chegar em novos territórios, os bandidos não têm o mesmo poder, não sabem bem como se estabelecer e, geralmente, acabam entrando em conflito com outros grupos. Essa disputa, inclusive, explicaria o aumento da violência nas áreas de destino desses traficantes. “As facções tentam no desespero tomar o domínio de grupos que já estão estabelecidos na região e a briga resulta na morte entre eles”, declara o coordenador das Bases, coronel Zeliomar Almeida, responsável pela Superintendência de Prevenção à Violência da SSP. Ele pontua, ainda, que, ao ficarem vulneráveis, os traficantes que chegam tentam às vezes fazer alianças com os criminosos já estabelecidos na área. Os acordos, porém, são frágeis. “Esse pessoal não faz uma aliança duradoura, logo começam as discussões pela concorrência. Por mais que se faça um pacto, a disputa pelo poder interno vai acontecer em qualquer momento”, explica Zeliomar. MigraçõesO bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, por exemplo, sofreu este ano com um aumento no índice de criminalidade. Segundo o titular da 27ª Delegacia (Itinga), o delegado Jacinto Alberto, o motivo foi a migração dos bandidos do Complexo do Nordeste de Amaralina, devido à instalação, em setembro de 2011, de três Bases nos bairros de Nordeste de Amaralina, Santa Cruz e Vale das Pedrinhas. “Sempre houve uma ligação muito forte entre Itinga e a comunidade do Nordeste. Os primeiros fundadores de Itinga foram oriundos do Nordeste. Nesse caso, há um laço”, explicou. A situação na região só melhorou depois da instalação da Base no bairro, no mês passado. Os traficantes arrumaram suas trouxas e foram para Simões Filho, Vila de Abrantes e Alto do Coqueirinho, segundo o major Paulo Sérgio Ribeiro, comandante da 81ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Itinga). “Houve uma diminuição significativa no número de ocorrências de crimes, mas um aumento de apresentações à 27ª Delegacia, fruto das ações da 81ª CIPM e da Base”, afirma. CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
AcompanhamentoSegundo o major Jutamar José Oliveira, comandante da 41ª CIPM (Federação), o Serviço de Inteligência (SI) da SSP está catalogando os bandidos da região, pois os traficantes que faziam o Altos das Pombas e Calabar como reduto foram parar em várias localidades da Federação depois da instalação da Base do Calabar, em abril do ano passado. “Durante um ano, realizamos diversos flagrantes de evadidos do Calabar e Alto das Pombas”, diz. A migração também aconteceu no Subúrbio, com a instalação da Base Comunitária de Fazenda Coutos, em janeiro deste ano. De acordo com o major Gomes Filho, comandante da 19ª Companhia Independente (Paripe). “Constatamos que houve aumento no número de roubos, homicídios e tentativas de homicídios em duas áreas dos Subúrbio: Cocisa (Paripe) e Lagoa da Paixão (na própria Fazenda Coutos)”, declara. ProximidadeApesar do caso do Nordeste, em que os traficantes se deslocaram para Itinga, bem longe do território original, o major Jutamar, da 41ª CIPM afirma que, em geral, é menos arriscado para os traficantes tentarem se estabilizar em regiões próximas de suas áreas de origem. “Se forem para locais distantes, é um problema grande. Além de contarem com a dificuldade de outras facções, tem o questão da comunidade que estranharia a chegada de estranhos e avisaria à polícia”, diz. Matéria original Correio 24h Traficantes que fogem das Bases da polícia buscam atuar em outros bairros
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