Encravada entre o Morro do Ypiranga e a Avenida Centenário, a pequena comunidade da Roça da Sabina passou três anos sem ter nenhum homicídio, segundo registros da 14ª Delegacia, na Barra. Mas, de acordo com moradores e policiais, a tranqüilidade foi embora dos becos da região no momento em que traficantes do Calabar e Alto das Pombas buscaram refúgio ali, depois que seu território recebeu a primeira Base Comunitária de Segurança (BCS) da Bahia, em abril do ano passado. No dia 27 de dezembro, o professor de boxe Jorge Rosa de Jesus, o Niola, de 41 anos, foi fuzilado dentro de casa. A polícia suspeita que os traficantes o executaram por ele ter denunciado a existência de um laboratório de refino de cocaína na Vasco da Gama, onde tinha uma oficina. Na terça-feira passada, dia 10, mais uma vítima da violência: Ari Jesus Borges, que foi atingido em via pública por criminosos dentro de um Celta. A polícia acredita que o crime tenha relação com o tráfico de drogas. Segundo um agente do Departamento de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil, a paz que reinava na Sabina vinha da presença, há quase uma década, de um único chefe dos pontos de venda de droga na localidade: Alessandro Martins dos Santos, conhecido como Sandro, 34 anos, que já foi preso duas vezes por tráfico.
MovimentoO mesmo policial afirma que, depois que a BCS foi implantada, Sandro passou a receber suspeitos que continuam morando no Calabar, mas atuam no tráfico da Sabina. Entre eles estaria Edeílson da Silva Miranda, 22 anos, o Coco – membro da família Floquet, que controlou por anos o tráfico na comunidade, e dois bandidos identificados como Carioca e Ed. “O movimento na Sabina agora está bem maior. Tem muito usuário entrando pra comprar droga, então tem mais gente de olho pra vender.”, afirma o policial. Numa estimativa feita por ele, o tráfico da Roça da Sabina movimenta cerca de R$ 100 mil por semana.
“Todo mundo sabe quem sai e quem entra, porque eles têm informantes, mas não moram lá. O negócio não é nem o dia, eles vem mais de noite, quando a marginalidade se reúne no pagode”, confidenciou um morador. A aproximação entre Sandro e o grupo do Calabar, ainda segundo o agente do Denarc, foi intermediada pelo traficante Dilton Lima Silva, que tem mandado de prisão em aberto e é o Rei de Copas do Baralho do Crime, que aponta os criminosos mais procurados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Conhecido na Roça da Sabina, mas sem poder circular livremente pela área, Dilton deixou seu irmão, conhecido como Tubá, atuando no comércio de drogas junto com Sandro. O delegado João Roberto Cavadas, titular da 14ª Delegacia (Barra), reconhece que a quadrilha que comanda o tráfico na localidade movimenta muito dinheiro, principalmente devido à proximidade com bairro nobres como Barra, Graça e Vitória, mas não acredita que a demanda tenha aumentado após a pacificação do Calabar. Segundo Cavadas, a informação de que Sandro comanda o tráfico na região está sendo investigada, assim como a migração de bandidos do Calabar e do Alto das Pombas.
Entre os novos moradores, estaria Edeílson da Silva Miranda, 22 anos, o Coco |
Tráfico do Calabar migra para a Roça da Sabina após instalação de Base Comunitária |
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