O servidor público José Augusto Alves, 57 anos, saiu de casa, na Santa Cruz, por volta das 6h30 para ir a sua agência bancária, em Brotas. Depois de ficar mais de uma semana com o cartão da conta bloqueado, ele foi tentar sacar o salário, retido no banco devido à greve dos vigilantes, que durou dez dias e foi encerrada na quinta-feira. “Assim que eu vi na televisão que a greve tinha acabado, pensei em vir cedo para resolver meu problema e sair do sufoco”, disse José Augusto, que, às 9h, era o primeiro da fila que já formava na agência do Banco do Brasil da Avenida Dom João VI. Pois ontem, na maioria dos bancos, os clientes precisaram ter paciência, porque o dia foi de muita espera na fila. Espera como a da dona de casa Edilene Ribeiro, 30, que ficou três horas em pé na mesma agência de Brotas. “Por causa dessa greve dos vigilantes, não pude matricular minha filha e comprar os materiais da escola”, relatou Edilene. A dona de casa precisava fazer um saque na boca do caixa porque seu cartão venceu no dia 27 de fevereiro. Com a paralisação, o jeito foi esperar. Para atender à demanda reprimida durante os dias de greve, o Banco do Brasil da Dom João VI abriu às 9h. A decisão foi tomada pela gerência para tentar normalizar o atendimento o quanto antes. NormalizarAinda assim, na opinião do gerente de caixas Gilmar Araújo, ainda serão necessários alguns dias para que o tempo de espera nas agências volte ao normal. “Essas filas assim, esse terror, só vai terminar na terça ou quarta-feira”, estima Araújo. Numa das agências do Bradesco da Pituba, mesmo com a fila chegando na área dos caixas eletrônicos, o gerente Luís Nogueira comentou que esperava um fluxo maior de pessoas ontem, por causa do encerramento da greve. “Eu imaginava que seria muito mais, então pode ser que as pessoas estejam com medo das filas e venham depois. Até quarta-feira, creio que estará tudo normal”. O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Euclides Fagundes, concorda com a visão de que o fluxo de atendimento só esteja regularizado em dois ou três dias úteis. “Hoje muita coisa pode ser feita no caixa eletrônico, as demandas que teremos é de reativação de cartões, validação de senha, procedimentos rápidos. Acredito que até quarta-feira tudo vai estar normal”. Outro transtorno gerado pela greve foi a falta de dinheiro nos terminais eletrônicos. Por indicação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os caixas não foram abastecidos, por questão de segurança. Assim, para o auxiliar de veterinária Wendel Silva, 30, os 45 minutos na fila da Caixa Econômica Federal da Avenida Manuel Dias foram até pouco, diante da expectativa de, enfim, retirar o salário. “Para quem estava sem dinheiro há uma semana, foi até rápido”. Desempregada, Alexandra Souza, 33, chegou no banco às 14h40 para retirar o FGTS. Só foi atendida às 17h40. “Fiquei apertada todo esse tempo, precisando desse dinheiro, e ainda tive que esperar”. Justiça viu paralisação como abusivaO presidente do Sindicato dos Vigilantes do Estado da Bahia (Sindvigilantes), José Boaventura, afirmou ontem que a categoria, obrigada pela Justiça a encerrar a greve, já articula outras formas de lutar pelo adicional de 30% de periculosidade. “Entendemos que a Justiça resolveu a questão de forma equivocada e penalizou aqueles que pagam com a própria vida para garantir a segurança dos outros”, reclamou. Na quinta-feira, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou o fim da paralisação, considerada abusiva. Os vigilantes já recebem 18% por periculosidade e querem os outros 12%, já aprovados por lei mas ainda sem regulamentação. O presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada da Bahia (Sindesp), Lauro Santana, diz que o aumento só será concedido após a regulamentação. “Enquanto não for regulamentada, as empresas não são obrigadas a pagar”, concluiu. Matéria original: Correio 24h Vigilantes voltam, mas tempo em fila nas agências chega a três horas
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