Todo lucro deve ser reinvestido no negócio com o objetivo de ampliar os impactos positivos
Foto: Ron Mader/Flickr/(cc)
Houve um tempo em que o sonho das pessoas era trabalhar em grandes corporações, ostentar crachás de multinacionais e distribuir cartões de visita onde a logomarca representava produtos e serviços que foram pensados para gerar ganhos financeiros altíssimos. Isso pode estar ficando para trás. O modelo tradicional de negócios que visam apenas o lucro está ultrapassado e já começamos a ver mudanças tanto dos profissionais quanto das empresas e consumidores.
Ainda que os profissionais de hoje queiram sim ganhar dinheiro e ter uma carreira promissora, a cada dia, vemos mais pessoas questionando-se sobre o seu papel na sociedade. Mais do que isso, eles querem se identificar de fato com as causas das empresas que representam. Do ponto de vista do consumo, estamos também vivendo um momento de transição em que a sociedade está, paulatinamente, exigindo do mercado uma postura mais comprometida com relação à sociedade e ao meio ambiente.
Esses fatores por si só estimulam o surgimento de empreendimentos mais responsáveis e interessados no impacto positivo na sociedade. São os chamados negócios sociais, que surgiram nos Estados Unidos, quando empresas observaram que era possível exercer atividades tradicionalmente realizadas por ONGs com características de negócio lucrativo. Essas organizações tiveram tanto êxito em seus propósitos, gerando lucro inclusive, que inspiraram pessoas em outros países.
Início no Brasil
No Brasil, o negócio social está apenas começando. “O movimento de negócio social em si começou a ganhar espaço há apenas cinco ou seis anos e têm sido impulsionadas pela atuação de incubadoras especializadas, como a Yunus, e também pela difícil situação econômica, em que as pessoas acabam buscando empreender na ausência do emprego formal”, explica André Palhano, especialista em sustentabilidade da Rede de Repensadores e idealizador da Virada Sustentável.
Há uma geração de profissionais chegando agora aos cargos de nível gerencial e que cresceu num ambiente onde essa exigência já era real. “Esses profissionais enxergam o empreendimento social como uma oportunidade de negócio e carreira. Eles estão desenvolvendo esse mercado e criando modelos rentáveis e, ao mesmo tempo, satisfazendo suas necessidades de engajamento em causas sociais”, diz Erich Burger, especialista em gestão de resíduos da Rede de Repensadores e fundador da Recicleiros.
Mas afinal, o que é um negócio social? Segundo André e Erich, de maneira geral, essas organizações se caracterizam por:
- Atividade principal deve ser gerar impacto positivo na sociedade e no meio ambiente
Mais do que uma atividade paralela, a empresa deve nascer com a finalidade de atender alguma demanda social. A ‘Recicleiros’, por exemplo, foi criada para oferecer soluções para gestão sustentável de resíduos. A responsabilidade social e ambiental está na missão da empresa.
- Ter saúde financeira inerente ao modelo de negócio
A organização pode ser uma ONG, uma empresa privada ou uma cooperativa. O modelo não importa desde que ela possa gerar receita por conta própria. Essa receita deve ser maior que o custo operacional, ou seja, não pode dar prejuízo e nem depender de filantropia.
- Oferecer soluções para a base da pirâmide
Independente do seu produto ou serviço, a organização deve prover algum tipo de benefício para esse público. A ideia aqui não está relacionada apenas com o consumidor final, mas também com os beneficiados durante o processo. Essas soluções podem ser: geração de empregos, capacitação e profissionalização.
- Gerar lucro, mas não distribuí-lo
Todo lucro deve ser reinvestido no negócio com o objetivo de ampliar os impactos positivos. A organização deve ser capaz de manter uma estrutura adequada para oferecer produtos e serviços competitivos (qualidade e preço), inclusive com profissionais remunerados de acordo com o mercado.
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Redação iBahia
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