Negócios de impacto social foram apresentados durante o 1º Yunus Demo Day, realizado no mês de agosto, em São Paulo. O evento é uma etapa importante para os empreendedores participantes do primeiro ciclo de incubação e aceleração da Yunus Negócios Sociais Brasil, organização ligada ao Nobel da Paz, Muhammad Yunus, que iniciou suas atividades no Brasil este ano.
Entre os projetos que passaram pelo programa de capacitação, mentoria e consultoria nos últimos três meses, há soluções para melhorar o acesso à saúde para a população de baixa renda, o estímulo à alimentação saudável nas cidades por meio de hortas urbanas, alternativa ao saneamento básico, inclusão social de deficientes auditivos, educação financeira para crianças, valorização do artesanato desenvolvido por pequenas comunidades do Brasil, entre outros.
Rogério Oliveira, gestor da Yunus Negócios Sociais, explica que agora os projetos incubados serão avaliados pelo time local e global da Yunus e que os aprovados entrarão numa fase de due dilligence para estarem aptos a receber investimento do fundo Yunus no Brasil. Os projetos aprovados receberão também o selo Empreendedor Yunus, passando a integrar uma rede de empreendedores internacionais.
“Nosso modelo de fundo de investimento social é similar aos fundos de maior sucesso do mercado tradicional. Depois de realizarmos aportes nos projetos nos manteremos muito participativos na gestão e no acompanhamento da implementação do negócio social. Temos clareza de que, assim como nos negócios tradicionais, nos negócios sociais o que determina o sucesso ou não de uma solução é a qualidade e a disciplina na execução do projeto”, informou Oliveira.
Confira os projetos de empreendedores comprometidos em criar negócios sociais que modifiquem a realidade de comunidades no Brasil:
- Solar Ear: O Brasil tem 10 milhões de deficientes auditivos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 77% não têm acesso a aparelhos. A Solar Ear fornece aparelhos auditivos de baixo custo (R$ 372,00 cada), recarregáveis por energia solar para crianças menores de três anos. “A principal missão é contribuir para a educação das crianças deficientes, pois, com o aparelho, poderão ingressar na escola regular” afirmou o idealizador Frederico Fernandez.
- Meu Doutor: O projeto busca resolver o problema de agendamento de consultas no Sistema Único de Saúde (SUS) e as enormes filas de espera enfrentadas pela população carente, colocando à disposição médicos bem preparados, com disposição e tempo para o atendimento. A solução liga, por meio de um site e aplicativo, quem precisa de atendimento a médicos voluntários, explica Rodrigo de Salles Oliveira Malta Belda, um dos organizadores do projeto.
- Pé de Feijão: Durante o período de incubação o projeto originalmente chamado “Hortas Urbanas”, ganhou novo nome: Pé de Feijão. O objetivo continua o mesmo: cultivo de hortas para facilitar o acesso a alimentos saudáveis, promover educação alimentar, mudança de hábitos e práticas de atividades físicas. “Pretendemos oferecer agricultura urbana em espaços ociosos como telhados, lages e terrenos de empresas, onde os colaboradores dessa organização possam participar do programa desde o plantio até a colheita e consumo do que foi plantado”, comentou o francês Cyrille Maxime Bellier, representante do projeto.
- Saneamento Sustentável: A iniciativa propõe uma solução de baixo custo e de fácil reprodução para resolver o problema de saneamento básico. São quatro etapas: venda de privadas com caixas coletoras e serviço de coleta residencial com limpeza e substituição das caixas; construção de biodigestor; alimentação do biodigestor pelos dejetos; e geração de biogás e energia. “Existem 7 milhões de pessoas sem acesso a banheiro no país”, afirma Thais Almeida Costa, uma das empreendedoras do projeto. A não utilização de água da solução foi enfatizada na apresentação como mais uma vantagem do saneamento sustentável.
- Nossa Cidade: O objetivo do negócio é ser um grande distribuidor de tecnologias sociais para pequenos municípios brasileiros. O negócio é especializado em entender a necessidade, os atores e a cultura de cada município e conectar a ela provedores de soluções de impacto social que se encaixem na necessidade daquela cidade. O empreendedor Renato Pereira, líder do projeto, explica que a iniciativa busca levar produtos, métodos, processos ou técnicas criadas para resolver um problema social para prefeituras, escolas, associações, empresas e comunidades de cidades com menos de 50 mil habitantes.
- Finanduca: Plataforma interativa, ainda em fase de projeto, usa jogos e competições para ensinar crianças e jovens a gerir o dinheiro. Guilherme Samora é o empreendedor à frente do projeto que buscará a renda do negócio a partir das assinaturas pagas pelas escolas (públicas e particulares) para inscreverem seus alunos e por empresas parceiras, que terão a oportunidade de patrocinar os games em troca de exposição da marca. “A missão é erradicar o analfabetismo financeiro. Toda criança precisa ter educação financeira para garantir no futuro uma vida financeira saudável”.
- A Gente Transforma: Projeto liderado pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum propõe despertar potenciais coletivos e individuais para a criação de peças de decoração, artesanato, móveis com alto valor agregado para serem levados para feiras de decoração, eventos de design internacionais e lojas de decoração no Brasil. “Queremos reconstruir o Brasil por meio do Design. Trazer de volta as origens dos índios, transformar não só os objetos, como também o coração das pessoas”, idealiza Rosenbaum.
Yunus Negócios Sociais
Braço local da Yunus Social Business, a Yunus Brasil iniciou em 2014 o processo de incubação e apoio a empreendedores sociais brasileiros. A Yunus Social Business tem sede em Frankfurt e está presente em sete países: Brasil, Haiti, Albânia, Tunísia, Togo, Colômbia, Índia, com previsão de abertura de uma unidade no México.
A inspiração vem do Nobel da Paz Muhammad Yunus, que desenvolveu o modelo de negócios sociais no fim dos anos 70. Em 1983, fundou um banco, o Grameen Bank, que emprestava dinheiro aos pobres de Bangladesh a juros módicos. Em 20 anos, emprestou mais de US$ 13 bilhões a 8,3 milhões de pessoas. Depois disso se envolveu diretamente na criação de mais de 50 outros negócios sociais.
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