Biojoias são confeccionadas com sementes de árvores
Fotos: Aritana Aguiar/G1
Sementes de árvores da floresta amazônica são utilizadas por moradores das comunidades da Floresta Nacional (Flona) do Tapajós, em Belterra, oeste do Pará, para a confecção de acessórios como brincos, colares e pulseiras que são vendidos para turistas.
Para facilitar e melhorar o rendimento dos moradores foi realizado um curso de artesão em biojoias na comunidade Jamaraquá, que faz parte da Flona, no período 30 de novembro de 2015 a 8 de janeiro de 2016. A proposta foi ensinar os que não sabiam produzir e qualificar aqueles que exerciam a atividade.
O curso ofertado pelo Pronatec em parceria entre Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBio), MEC e MDS buscou também contribuir com a perpetuação dos costumes e valorização da natureza. Participaram 25 pessoas das comunidades Jamaraquá, Maguari, São Domingos, Pedreira e Piquiatuba. Os participantes receberam o certificado de artesão e no final desfilaram com as joias confeccionadas por eles.
O chefe da Flona, José Risonei da Silva, ressaltou ao portal G1 que o uso de material da própria floresta é de forma sustentável. “As comunidades têm bastante visitação turística e se encantam pelo local. É importante eles conhecerem um pouco da cultura das comunidades e gerarem a renda para essas comunidades de forma que não agrida a natureza”.
Cooperativa
Silva informou ainda que além das vendas nas comunidades, algumas famílias produtoras são vinculadas a Cooperativa Mista no Tapajós (Coomflona) e por isso muitas biojoias são vendidas no município de Santarém, no oeste do estado e na vila de Alter do Chão.
A artesã Iraneide Azevedo da comunidade Maguari, atua há 10 anos na produção das joias artesanais. Ela fez o curso que serviu de aperfeiçoamento. “Sempre gosto de inovar, fazer peças diferentes que chama atenção do cliente. Fazer esses produtos de origem da natureza é muito importante. É preciso preservá-la e com isso sempre temos os materiais para contribuir com nossa renda”.
Aos 70 anos, a artesã em biojoias Maria Anaíde Rodrigues buscou mais conhecimentos na confecção dos adereços. Em casa, ela tem uma exposição dos produtos criados. “Os turistas vão lá e compram. Já tem um tempo que aprendi a fazer as joias, e para mim é importante, porque na época de férias consigo vender melhor e dá um bom dinheiro”.
Maria Anaíde desfila com os brincos e colar confeccionados por ela
Depois desse trabalho de beneficiamento e todos os itens em mãos, é preciso usar a imaginação e ser criativo para produzir biojoias diferentes, que agradem os visitantes. A artesã Iraneide afirma que o acessório deve ser o máximo natural. “Colocar a semente, evitar o máximo de artificial. Quando os turistas de fora olham as joias produzidas em artesanato eles gostam muito e compram”.
A artesã Maria conta que o tempo de duração para fabricar um par de brinco, pulseira e colar, é variado. “Tudo depende do tipo e o tamanho, às vezes dura 20 minutos para montar um brinco”.
Preço para venda
Os preços das biojoias variam de acordo com os tipos de semente, grau de dificuldade na confecção e até mesmo o risco na coleta das sementes, segundo Quezia. “Há sementes que não estão na época e por isso a dificuldade para encontrar é maior. Ainda tem a questão do risco de ser atacado por algum animal peçonhento dentro da floresta e isso vai valorizando o produto”, justificou.
Dona Maria vende brincos e pulseira simples no valor de R$ 5, cada. Um colar simples custa R$ 20, mas os itens podem ser vendidos até R$ 60. A intenção é oferecer a um preço acessível aos turistas ao mesmo tempo valorizar o trabalho e esforço do artesão.
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