[ARTIGO] Gestão para a Diversidade: moda ou veio para ficar?

O grande desafio da Gestão para a Valorização da Diversidade é propiciar oportunidades e espaços para que todos tenham acesso aos diversos espaços da sociedade
Foto: oregondot/Flickr/CC

Por Liliane Rocha*

De tempos em tempos, o tema de Diversidade ganha força no cenário nacional e desponta em debates, seja nas empresas, seja no setor público ou no boca a boca da sociedade. Atualmente tem sido fortemente discutido. O canal de televisão GNT abraçou a causa da igualdade de gênero, a Fundação Getúlio Vargas em parceria com a Avon lançou o curso de Diversidade de Gênero que está sendo ministrado na graduação da administração. E a Conferência Internacional do Ethos está prevendo a realização de quatro plenárias de Diversidade, umas das maiores realizações de diálogo para Diversidade em todos os anos do evento.

Nos comerciais as empresas tem apostando mais na defesa desta causa. Temos visto comerciais diversos com essas temáticas. O Boticário abordou recentemente no Dia dos Namorados a causa LGBT, a Always tem refletido o papel da menina e da mulher na sociedade “Tipo de Menina – nada pode te deter” e a Coca-Cola coloca na pauta a adoção, mostrando em um comercial uma criança negra, que segundo estatísticas é o perfil menos solicitado por pais na fila de adoção.

Em 2014 foram lançados os selos Empresa Amiga da Pessoa com Deficiência e Selo pró-equidade de gênero, ambos concedidos à empresas que tem performance de destaque no tema. E relatórios e indicadores referência no Brasil e no mundo tem se aprofundado nesta questão. O Global ReportInitiative, o Guia Exame de Sustentabilidade e os Indicadores Ethos, estão a cada ano aprimorando perguntas sobre gênero, pessoas com deficiência, raça e etnia, idade. E cada vez mais estão entrando na pauta de discussão temas antes considerados tabu como orientação sexual e religião.

Mas, afinal, o que é Diversidade e como realizar uma gestão voltada para a Valorização da Diversidade? Os conceitos são muitos, dos antigos aos mais recentes. A Declaração dos Direitos Humanos da ONU (1948) diz que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. (…) Todos os serem humanos tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”. E poucos sabem, mas, no artigo 23 enfatiza o igual direito de acesso e ascensão no mercado de trabalho.

O Instituto Ethos em 2010, no Manual “O que as empresas podem e devem fazer para promover Diversidade”, reforça e complementa: “A noção contemporânea de diversidade como um valor nas relações humanas é resultado da busca de oportunidades iguais e de respeito à dignidade de todas as pessoas. Assim, a diversidade representa um princípio básico de cidadania, que visa assegurar a cada um condições de pleno desenvolvimento de seus talentos e potencialidades.”

E mais recentemente o CEO da organização Diversity Best Practices, no livro “O Paradoxo da Inclusão”, afirma: “Diversidade é a mistura. Inclusão é fazer a mistura funcionar (…) Diversidade no local de trabalho é ter uma boa representação de pessoas com uma variedade de pensamentos, habilidades, visões de mundo e experiências. A inclusão é ter certeza que as pessoas são bem-vindas para que tragam sua contribuição e as diferenças sejam percebidas como uma vantagem competitiva.”

Falar sobre Valorização da Diversidade não é apenas um modismo, como pensam alguns. A diversidade é uma característica intrínseca da espécie humana expressa nas diferentes características dos cerca de 7 bilhões de habitantes do globo terrestre.

O grande desafio da Gestão para a Valorização da Diversidade é propiciar oportunidades e espaços para que todos tenham acesso aos diversos espaços da sociedade e que constituem as relações humanas, como, por exemplo, o mercado de trabalho. Até hoje estatísticas apontam que alguns grupos da sociedade permanecem segregados em seus direitos básicos de acesso, contudo, o tema está na pauta, um excelente conjunto de ações articulados por governo, empresas e faculdades tem sido realizados no sentido de promoção da igualdade. E certamente se fosse uma moda, seria uma que veio para ficar.

* Liliane Rocha é diretora Executiva da empresa Gestão Kairós, mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Extensão de Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Gestora com 11 anos de experiência na área de Responsabilidade Social tendo trabalhado em empresas de grande porte – tais como Philips, Banco Real-Santander, Walmart e Grupo Votorantim.