Foto: Agustin Rafael Reyes
Em todo o mundo, as florestas têm sido desmatadas em um ritmo alarmante: mais de cinco milhões de hectares por ano. Para agravar a situação, o comércio de madeira ilegal é um importante elo dessa cadeia nefária, pois provê os recursos necessários que financiam esse desmatamento.
Na soma de esforços para minimizar esses impactos, a cúpula mundial que trabalha na construção da Norma Florestal ISO 19.228 se reunirá entre os dias 16 a 20 de março na capital baiana para discutir, minuciosamente, os padrões internacionais e princípios mundiais da certificação florestal.
Para o evento, que é capitaneado pela Associação Brasileira de normas Técnicas (ABNT), foi programada uma agenda de reuniões que englobam debates acerca de temas variados, tais como: manejo florestal, legalidade e procedência da madeira comercializada, inclusão de pequenos produtores no contexto da norma, mecanismos de controle, gerenciamento de fornecedores, entre outros.
Nas reuniões, que serão realizadas à portas fechadas, estarão presentes mais de 50 representantes das principais economias mundiais interessadas na produção e no comércio responsável de madeira - norma florestal 19.228, que prenuncia impactar diretamente todos os produtores, distribuidores e revendedores de produtos florestais.
Em regiões como América Latina, Sudeste Asiático e África, por exemplo, estima-se que o impacto seja ainda maior, pois são regiões com baixo percentual de produtos florestais com rastreabilidade.
Impactos da norma
Em última análise realizada pelo comitê mundial, se chegou à conclusão que o consumidor final será o grande beneficiário dessa empreitada, uma vez que ao comprar um produto de uma empresa certificada na norma, ele terá a garantia de que a madeira tem uma origem legal, e que sua compra não está contribuindo para a destruição das florestas.
"Ela beneficia a coletividade. Empresas, governos ou membros da sociedade civil organizada estão ávidos por poderem contribuir com a proteção florestal e o bem-estar social, mas a grande maioria não sabe como, e é exatamente aí que a ISO Florestal se encaixa perfeitamente", esclarece jorge Cajazeira, chairman mundial da ISO 19.228 e presidente do Sindicato das Indústrias de Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Papelão no Estado da Bahia (Sindpacel).
Cajazeira esclarece ainda que o setor privado tem um papel fundamental na conservação das florestas em todo o mundo e que é por meio do uso responsável dos recursos florestais que o setor poderá usar a força econômica como instrumento de proteção ambiental.
Empresas líderes
"As empresas líderes já enxergaram essa tendência e já se articularam 20 anos atrás quando criaram os primeiros sistemas de certificação voluntários. Agora essa tendência chega para todas as empresas, e aquelas que ficarem de fora certamente enfrentarão dificuldades crescentes para comercializar seus produtos, no Brasil e no exterior".
Trocando em miúdos, a lógica parece bastante simples: aqueles países que possuem a certificação poderão estabelecer relacionamentos comerciais de melhor qualidade. "Afinal, potenciais clientes terão mais segurança ao saber que a ISO certifica a empresa produtora de madeira. Ou seja, comprovando que não é madeira extraída ilegalmente ou traficada", afirma a advogada especialista em direito ambiental do Rusch Advogados, Erica Rusch.
Este será o terceiro encontro que ocorre para discussões sobre a estruturação da ISO Florestal, que promete ser uma importante ferramenta de apoio para que as empresas possam atender as legislações e facilitar o comércio entre países do Hemisfério Sul, tais como o Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul). As reuniões anteriores ocorreram no ano de 2014 nas cidades de Berlim e Paris, e as próximas estão previstas para Londres e Estocolmo.
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