Autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil lotaram o Palácio da ACB, em Salvador
Fotos: Hitanez Freitas
Um verdadeiro sucesso. Assim pode ser definido o “Fórum Internacional sobre Gestão de Baías”, realizado na quinta-feira, 25 de setembro, no Palácio da Associação Comercial da Bahia (ACB). O evento reuniu especialistas do Brasil e exterior, além de autoridades, políticos, representantes de órgãos ambientais e sociedade civil.
Marcado pela troca de experiências, o primeiro encontro da série Fóruns ACB ficou marcado pelo lançamento da “Carta da Baía de Todos-os-Santos”, que será encaminhada à Presidência da República com o objetivo de que a Baía de Todos-os-Santos (BTS) venha a ser reconhecida como sede natural da Amazônia Azul.
“Nascida às margens da BTS, nossa instituição sempre acreditou que essa região representa enorme potencial econômico, turístico e social. E hoje lançamos a BTS como sede da Amazônia Azul. O evento marca ainda o ingresso dela no Clube das Baías mais Belas do Mundo”, destacou o presidente da ACB, Marcos Fonseca.
Ao citar Albert Einstein, o diretor da ACB e do WorldWatchInstitute (WWI) Eduardo Athayde ressaltou a importância da troca de experiências proporcionada pelo Fórum. “Estamos aqui para aprender uns com os outros. A Bahia precisa reler e reinterpretar o seu potencial. Debatemos há alguns anos no Rotary da Baía de Todos os Santos a criação de uma agência de gestão para a Baia de Todos-os-Santos, porque hoje há um emaranhado de normas, a governança está superada”, apontou.
Painéis
A realização do Fórum foi dividida em dois painéis. O primeiro deles, sob o tema Gestão de Baías - Aspectos Nacionais, foi aberto pelo comandante Camilo de Souza, representante da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar. Ele destacou a posição estratégica da Baía de Todos-os-Santos e os seus atributos para vir a ser sede da Amazônia Azul. “A BTS é próxima à rodovia, ferrovia e aeroporto, talvez seja a única do país nesse sentido, além de ser a maior”, observou.
O gestor executivo da Baía de Guanabara, Gelson Serva, por sua vez, desejou que a BTS tome as medidas devidas para não chegar ao estado de degradação do conjunto de águas do Rio de Janeiro. “Temos investido em ações de mitigação a fim de melhorar o saneamento básico. Introduzimos ecobarreiras, ecobarcos que coletam 60 toneladas de resíduos/mês na Baía e temos substituído os lixões por aterros”, declarou.
Plano de Estado
Na mesma linha, o diretor de monitoramento do Inema, Eduardo Topázio, afirmou que o maior problema da BTS atualmente é o saneamento básico. “O monitoramento que fazemos visa melhorar a qualidade ambiental da Baía, monitorar a balneabilidade das praias e desenvolver um instrumento de gerenciamento ambiental. Mas é preciso mais investimentos”, defendeu.
A promotora de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia, Cristina Seixas, lembrou que o MP defende uma maior integração entre os atores que têm responsabilidade sobre a BTS. Na visão dela, há a necessidade da criação de um plano diretor para a Baía. “É preciso um plano de Estado, que é mais do que um plano de governo, que haja continuidade. Vemos muitos estudos sobre a BTS, planos e programas, mas pouco é feito na prática. Sem saneamento e com planos mirabolantes fica difícil”, criticou.
Homenagens
O engenheiro Aleixo Belov foi homenageado com um diploma pelo Rotary Baía de Todos-os-Santos e pela ACB, por seus relevantes serviços prestados ao Desenvolvimento Sustentável da BTS. “A BTS é um espelho d’água maravilhoso. Influencia na economia, esporte e lazer. É a mãe de toda a felicidade, todo o amor que eu desenvolvi pelo mar”, destacou Belov.
Por sua vez, Belov homenageou Reinaldo Loureiro, criador da Bahia Marina. “Outras marinas como esta deveriam ser criadas no entorno da BTS. Em Istambul, por exemplo, há várias delas. Estamos demorando a perceber isso. A Bahia Marina é a pérola dessa concha que é a BTS”, comparou o “lobo do mar”.
Experiências
O segundo painel do Fórum, intitulado Gestão de Baías - Visão Internacional, contou com a participação de especialistas estrangeiros, como Geoffrey Gibbs (Baía de São Francisco), Gary Andersen (Universidade de Berkeley) e Maria das Dores Meira (presidente do Clube Mais Belas Baías do Mundo - Paris).
Evento foi dividido em dois painéis que abordaram as visões nacional e internacional sobre as baías
“São Francisco não seria conhecida como a cidade mais bela dos EUA se não fosse nossa Baía”, destacou Gibbs. “Temos uma agência regional que regulariza tudo o que acontece na Baía, qualquer projeto relacionado a ela precisa passar por essa comissão e atender aos interesses de toda a Baía. Fazemos ainda o monitoramento dos trechos ameaçados pelo aquecimento global. Educação, pesquisa, resiliência e equidade são os nossos princípios, envolvendo a comunidade”, acrescentou o norte-americano.
Tecnologia
Por sua vez, Andersen, que é cientista chefe de sustentabilidade da Universidade de Berkeley e professor de microbiologia e meio ambiente, demonstrou como a inovação e a tecnologias têm contribuído para a preservação da Baía de São Francisco. “Monitoramos e identificamos todas as comunidades microbianas, qualquer sinal fecal humano, através de philochips. Por meio do programa Praias Californianas Limpas, desenvolvido pelo governo da Califórnia, interditamos as praias que estejam poluídas e tomamos as medidas cabíveis.”
Maria das Dores Meira explicou que os princípios do Clube Mais Belas Baías do Mundo incluem a contribuição pela reflexão e partilha de ideias e experiências “para garantir que estes locais tenham seu patrimônio salvaguardado”. Segundo ela, a BTS deverá ser, em breve, a segunda baía brasileira a ingressar no seleto time da entidade - a primeira foi a Baía da Rosa, situada em Santa Catarina.
Pacto Global
O encerramento do Fórum contou com a participação da diretora executiva da Rede Brasileira pelo Pacto Global, Renata Seabra, que mostrou como funciona esse organismo das Nações Unidas (do qual a ACB faz parte desde agosto) e qual é a importância dele para as práticas da Responsabilidade Social Empresarial, Outro momento de destaque do evento foi a distribuição do Relatório Estado do Mundo, batizado pela imprensa internacional como a "Bíblia da Sustentabilidade" publicado pelo Worldwatch Institute (WWI).
O Fórum Internacional sobre Gestão de Baías foi uma realização da Associação Comercial da Bahia, com corealização da Marinha do Brasil, Ibama, Iphan, Antac, Inema, Worldwatch Institute e Rotary Baía de Todos-os-Santos; e contou com o patrocínio da Petrobras, Sebrae, Bahiagás, e apoio do Ministério Público do Estado da Bahia e Prefeitura de Salvador.
Sobre a ACB
Fundada em 1811, a ACB continua a escrever sua história iniciada quando comerciantes locais e estrangeiros, residentes na Cidade da Bahia, solicitaram a D. João VI a criação de uma instituição para cuidar dos seus interesses. Hoje, com 203 anos, segue firme em sua missão de orientar os associados e os empresários baianos, defendendo-lhes os interesses coletivos.
Sobre a Amazônia Azul
A Marinha Brasileira criou o conceito de Amazônia Azul com o objetivo de chamar atenção para o potencial estratégico deste desconhecido e inexplorado patrimônio nacional, formado por 3,5 milhões de km², cuja área conta com os 8,5 mil km da costa brasileira, abrangendo 17 estados e mais de 400 municípios.
A ACB articula com a Marinha do Brasil trazer para a BTS a inteligência e o centro dos debates nacionais sobre a economia do mar. Para ser sede da Amazônia Azul, a Baia de Todos-os-Santos tem como trunfo o fato de estar no centro do litoral brasileiro e contar com a maior costa litorânea do Brasil (1.183 km), além de sua vocação natural para explorar os recursos do mar de forma sustentável.
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