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SUSTENTABILIDADE

Brasil é quarto no ranking mundial de construções sustentáveis

O Brasil já é o quarto país que mais ergue construções sustentáveis no mundo. É o que informa o Green Building Council (US GBC), maior órgão internacional de certificação do setor. Segundo Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, o país já começa a despontar como um dos líderes desse mercado, "que vem crescendo muito nos últimos anos".

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22/05/2012 às 16:00 • Atualizada em 05/09/2022 às 8:13 - há XX semanas
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A Rochavera Corporate Towers, em São Paulo, é uma das construções que receberam selo LEED do GBC Brasil / Fotos: Divulgação GBC Brasil

O Brasil já é o quarto país que mais ergue construções sustentáveis no mundo. É o que informa o Green Building Council (USGBC), maior órgão internacional de certificação do setor. Segundo Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, o país já começa a despontar como um dos líderes desse mercado, “que vem crescendo muito nos últimos anos”.

Apesar de o primeiro prédio sustentável do Brasil ter sido registrado em 2004, somente em 2007 o conceito começou a ganhar força, lembrou Casado em entrevista à Agência Brasil. De 2007 até abril de 2012, o Brasil conta com um total de 526 empreendimentos sustentáveis, sendo 52 certificados e 474 em processo de certificação no USGBC. Até 2007, eram apenas oito projetos brasileiros certificados.

O ranking mundial é liderado pelos Estados Unidos, com um total de 40.262 construções sustentáveis, seguido pela China, com 869, e os Emirados Árabes Unidos, com 767. Marcos Casado lembrou que, nos Estados Unidos, esse processo começou 15 anos antes do que no Brasil.

“Eles já têm uma cultura toda transformada para isso e nós ainda estamos nessa etapa inicial de mudar a cultura e provar que é viável trabalhar em cima desse conceito na construção civil, que é um dos setores que mais causam impacto ao meio ambiente”, explicou o gerente técnico do GBC no Brasil.

Custo-benefício

Segundo Casado, já existe o engajamento do setor da construção nesse tipo de mercado, que se mostra bastante aquecido no país e no mundo. Além disso, ele destacou que há um conhecimento maior por parte das pessoas, devido aos benefícios que esse conceito acaba introduzindo na construção.

“Eles vão desde a economia dos recursos naturais e a redução dos resíduos, até a redução dos custos operacionais da edificação, depois do seu uso. Isso vem levando as construtoras e grandes empresas a adotar esse conceito”, argumentou.

Os chamados "prédios verdes" não têm, entretanto, nível de emissão zero de gás carbônico. “Mas a gente reduz muito esses impactos”, explicou o gerente. Em vários países do mundo, já existem prédios autossustentáveis, que geram a própria energia que consomem e neutralizam o carbono emitido. Essa tecnologia, entretanto, ainda não foi implantada no Brasil. “A gente está caminhando para isso. Acredito que, em breve, em cinco ou dez anos no máximo, a gente vai estar com esses edifícios também no Brasil”, projetou Casado.

Para os moradores de prédios sustentáveis, também há benefícios, ressaltou. “Para o usuário comercial ou residencial, a grande vantagem está no custo operacional, porque eu reduzo, em média, em 30% o consumo de energia, entre 30% e 50% o consumo de água, além de diminuir a geração de resíduos”.

O custo operacional fica, em média, entre 8% e 9% mais barato do que em um prédio convencional. Por isso, relatou Casado, os prédios sustentáveis são mais valorizados pelos construtores e apresentam preço mais alto. “A contrapartida vem no custo operacional. Acaba sendo mais barata a operação e ele equilibra esse custo financeiro”.

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Auditório do Edifício sede da Odebrecht

Tendência

Para Casado, as construções sustentáveis são uma tendência mundial. “A gente tem hoje, só em certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) no mundo, mais de 60 mil projetos. Então, é uma tendência muito grande e a gente percebe que esse número cresce a cada dia”.

Desde agosto de 2011, vem sendo registrado pelo menos um projeto por dia útil no Brasil, buscando certificação. Marcos Casado estimou que até o fim deste ano, o número de empreendimentos sustentáveis brasileiros em certificação alcance entre 650 e 700 unidades.

Agora, o GBC Brasil está iniciando um trabalho com a Companhia de Desenvolvimento Urbano de São Paulo para incorporar o conceito de sustentabilidade também em construções populares. Cobertura verde, aproveitamento da água pluvial, aquecimento solar e aumento do pé direito para melhoria do conforto são alguns dos itens em estudo. “Isso acaba barateando o custo operacional”.

O GBC Brasil desenvolve também o projeto da Copa Verde. Estão sendo certificados com o selo de sustentabilidade 12 estádios que se acham em reforma ou em construção nas cidades que sediarão os jogos da Copa do Mundo de 2014.

Outro ramo em plena expansão é o de materiais de construção sustentáveis, apontou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio (Sinduscon-RJ), Roberto Kauffmann. “Sem dúvida alguma. A tendência mundial e aqui no Brasil seria a utilização de uma série de itens de sustentabilidade, como aquecimento solar e eólico, telhas especiais, uma série de itens que tornam a construção sustentável”, acrescentou.

Kauffmann lembrou que também a Caixa Econômica Federal, principal financiadora do setor da construção, incentiva que as empresas usem materiais sustentáveis nos empreendimentos, seja para o programa Minha Casa Minha Vida ou para os financiamentos normais.

Preocupações sociais, econômicas e ambientais

Para o coordenador do curso de graduação de arquitetura e urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), Fernando Betim, além de certificados, as construções sustentáveis precisam envolver um conjunto de ações que devem combinar preocupações sociais, ambientais e econômicas.

“Quando nos propomos a construir algo, devemos, já na escolha dos materiais e processos a serem implementados, conhecer o percurso de cada elemento que será utilizado em sua fabricação, no seu transporte, no seu manuseio, no seu consumo de energia, na sua interação construtiva, na sua manutenção e até no seu descarte”, explicou. É importante, acrescentou, que os espaços traduzam os desejos e características da identidade cultural local.

O professor da PUC-RJ deixou claro que não existe arquitetura ou materiais sustentáveis mas, sim, ações e relações humanas que se apropriam dos objetos e espaços de modo sustentável. “Quem garante a sustentabilidade é a maneira de as pessoas fazerem uso das coisas e este é o maior desafio: a mudança comportamental”, enfatizou Betim.

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