Brasil tenta definir agenda de prioridades seis meses depois da Rio+20

"Vamos ouvir e consultar as propostas de cada setor", adiantou Luiz Alberto Figueiredo Machado, coordenador-geral da Rio+20
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

A Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) terminou em junho, mas os principais negociadores do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil, voltarão a se reunir na terça-feira, 18 de dezembro, em Brasília, quando definirão uma proposta comum sobre os compromissos firmados na cúpula e que precisam ser implementados. A ideia é fechar uma espécie de agenda consensual sobre as prioridades para o Brasil.

Para os negociadores do governo, a erradicação da pobreza é o item que deve ser destacado, não só no Brasil, mas na agenda global no quadro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, subsecretário-geral de meio ambiente, energia, ciência e tecnologia do Ministério das Relações Exteriores e coordenador-geral da Rio+20, afirmou à Agência Brasil que a reunião será fundamental para definir os rumos que serão tomados no país.

Autoridades durante cerimônia de encerramento da Rio+20. Entre elas, a presidente da República, Dilma Rousseff, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

"É um olhar para a frente e começar uma reflexão interna que envolve governo, sociedade civil e empresários. Não é uma avaliação, pois faremos uma reflexão sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável", destacou o embaixador. "Vamos ouvir e consultar as propostas de cada setor [para preparar uma posição comum]".

De 13 a 22 de junho, as atenções se voltaram para a capital fluminense, durante a Rio+20. Para o embaixador, a principal conquista da conferência foi aliar o desenvolvimento econômico a prioridades sociais e ambientais, incluindo questões como a erradicação da pobreza. "Trouxemos para a centralidade o tema do desenvolvimento sustentável com sinergia entre [o setor] econômico, social e ambiental", ressaltou o diplomata.

Segundo o embaixador, há 20 anos havia um consenso sobre a proposta, mas a prática não consolidava as disposições. "A prática estava menos sólida. Hoje todos sabem que não é possível desenvolver separadamente um desses pilares. Um afeta o outro de maneira decisiva. O Brasil tem sido exemplar", considerou Figueiredo Machado.

Propostas de todos

A reunião deve ter a participação de mais de 50 pessoas de vários segmentos da sociedade e do governo. O grupo ficará sob a coordenação dos ministros Antonio Patriota (das Relações Exteriores) e Izabella Teixeira (do Meio Ambiente). A ideia é que, durante cerca de duas horas, os negociadores apresentem suas sugestões para pôr em prática uma proposta.

O material será encaminhado para uma comissão que se dedicará, a partir de janeiro de 2013, a elaborar uma proposta consolidada que englobará as sugestões em nome do Brasil. Em seguida, o documento deve ser submetido à discussão nas Nações Unidas com representantes de outros países, que também apresentarão suas propostas.