Fábrica de butanol fóssil no Japão. Unidade brasileira produzirá o combustível a partir do bagaço da cana de açúcar. Foto: Divulgação
Produzido a partir de matérias-primas fósseis, o butanol (álcool butílico) costuma ser utilizado na fabricação de solventes para tintas automotivas e resinas acrílicas. O Brasil não é autossuficiente na produção, cuja demanda por ano é estimada em 50 mil toneladas, movimentando quase US$ 100 milhões - o país importa dois terços de sua necessidade anualmente.
A empresa Rhodia, controlada pela belga Solvay, vai construir no Brasil sua primeira fábrica global de bio n-butanol, em parceria com a americana Cobalt, informou o jornal Valor Econômico na quarta-feira, 1º de agosto. O produto, que será extraído do bagaço da cana-de-açúcar em um processo semelhante ao da produção de etanol de segunda geração, será utilizado em larga escala pela empresa na produção de solventes, voltados para o segmento de tintas para a indústria automobilística, adiantou Vincent Kamel, presidente da unidade global de negócios da Rhodia Coatis.
As empresas não informam os aportes nesse negócio. O Valor apurou, contudo, que investimentos desse porte são estimados em até US$ 200 milhões. Um memorando de entendimento entre as duas companhias foi assinado no fim de 2011. Agora, as duas empresas vão colocar esse projeto em prática.
A execução será feita em duas etapas. Primeiro, a Rhodia e a Cobalt vão instalar uma unidade-demonstração para a produção de bio n-butanol em São Paulo. Essa minifábrica será instalada ao lado de uma usina de álcool. As empresas não divulgam o nome desse parceiro do setor sucroalcooleiro. As companhias vão utilizar o bagaço da cana dessa usina como matéria-prima. Traduzindo a terminologia: bio, de fonte renovável, e n-butanol, de butanol normal.
Projeto piloto em 2013
Segundo Kamel, essa unidade-demonstração deverá começar a sua produção a partir de 2013. A segunda etapa prevê a construção de uma fábrica para a produção em escala industrial. Essa fábrica, que terá capacidade para até 100 mil toneladas do produto por ano, deverá iniciar a produção a partir de 2015.
"Estimamos que o mercado [de butanol] dobre nos próximos três anos", projetou Kamel. Nos últimos anos, a Rhodia começou a fazer pesquisas a partir de recursos naturais para substituição de matérias-primas fósseis em seu processo de produção. Junto com a Cobalt, que detém a tecnologia de n-butanol, as companhias desenvolveram a rota tecnológica para viabilizar o bio n-butanol.
Na prática, a produção de bio n-butanol segue um processo parecido ao do etanol de segunda geração. A partir dos açúcares extraídos do bagaço da cana, as companhias, por meio de sua tecnologia, conseguem produzir o butanol renovável. Essa mesma rota permite a produção do etanol utilizado como combustível. Kamel destacou que interessa à Rhodia o biobutanol voltado para a indústria química. A intenção da companhia é replicar no futuro o conceito de biorrefinarias no mercado latino-americano.
No Brasil, a Butamax, joint venture entre a DuPont e a petrolífera BP, anunciou a produção de do bio i-butanol, com tecnologia diferente da usada pela Rhodia e Cobalt, para a produção de biocombustível.
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