Marina Grossi explica que o setor produtivo tem sido mais requisitado frente às questões climáticas
Foto: Lia de Paula/Agência Senado
A ratificação pela presidente Dilma Rousseff do Acordo do Clima, realizada em 22 de abril, na sede da ONU, em Nova York, é um marco histórico sem precedentes segundo a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a economista Marina Grossi.
Com experiência como negociadora do Brasil na Conferência das Partes (COP) entre 1997 e 2001 e como coordenadora do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, entre 2001 e 2003, Grossi explica que o setor produtivo tem sido mais requisitado frente às questões climáticas e que, mundialmente, já não é possível para empresas e governos ignorar suas responsabilidades e compromissos nessa área.
“É preciso agir rápido para inverter essa curva, pois a sustentabilidade será, cada vez mais, diferencial competitivo em um mundo que caminha para uma economia de baixo carbono”, afirma ela. O Brasil está hoje entre as 10 nações que mais emitem gases de efeito estufa (GEE) e com tendência crescente para essas emissões. Para quem ainda se pergunta se o país poderia suportar o custo dessas adequações, Grossi argumenta: “Hoje, o desmatamento ilegal inunda o mercado de uma madeira barata, ruim para a economia. A expansão da certificação, contrariamente, agrega valor ao produto e fortalece uma cadeia produtiva, geradora de empregos e de pesquisa científica, que vai da silvicultura às indústrias de mobiliário, celulose, compensados etc.”.
Outro ponto destacado por Marina e que está no centro das atenções do setor produtivo é a questão da energia elétrica. No Acordo, o Brasil compromete-se a ampliar para 23% a participação de fontes renováveis alternativas na matriz elétrica nacional e a promover uma conservação de 10% de energia pelo aumento da eficiência no uso.
O assunto, considerado estratégico pelo Conselho de Líderes do CEBDS, instância formada por altos executivos dos mais expressivos grupos empresariais atuantes no país, é objeto de dois estudos que serão lançados em breve. “O empresariado brasileiro terá que atuar mais propositivamente na questão da sustentabilidade”, diz Grossi, lembrando que agora tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento assumiram compromissos de redução de emissão de GEE (com a apresentação das suas INDCs).
“Já havia uma preocupação com a sustentabilidade e com a redução de emissões em várias nações, independentemente do nível de desenvolvimento econômico. Porém, a existência de um compromisso formal deve alterar a velocidade e a efetividade das iniciativas a partir de agora. Evoluir nesse sentido exige pacto social e planejamento de longo prazo. No Brasil, temos grandes recursos para energia eólica e fotovoltaica e já há empresas substituindo o diesel por solar, por exemplo. O desafio é melhorar as condições para que essas iniciativas se multipliquem e se amplie a percepção dos benefícios daí advindos”, finaliza a economista.
(Via Plurale em site)
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