O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, após reunião para tratar do texto final da Rio+20/Foto: Marcello Casal Jr./ABr
Chefes de Estado e governo dos 193 países signatários da ONU chegam na quarta-feira, 20 de junho, ao Rio de Janeiro, para os dois dias da cúpula de alto nível da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), onde irão receber o documento já debatido pelos negociadores, intitulado O Futuro que Queremos. A partir de então, eles terão até sexta-feira (22) para modificar o texto e ratificá-lo, caso haja consenso.
A presidenta Dilma Rousseff deve desembarcar no Rio pela manhã, depois de passar os últimos dois dias na Cúpula do G-20, no México. Ela passa a manhã no hotel em despachos internos e depois almoça com o presidente da França, François Hollande. À tarde, Dilma abre oficialmente a Rio+20, e tem mais duas reuniões bilaterais.
Inicialmente, Dilma pretende se reunir em audiências privadas com oito a dez chefes de Estado e governo. À tarde, ela conversa com os presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Goodluck Jonathan. Há ainda a previsão de reuniões com os primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A agenda dela ainda está sendo fechada, segundo assessores.
A presidenta Dilma Rousseff e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chegam ao Rio na quarta-feira (20)/Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República
Em sua primeira visita ao Brasil como presidente eleito, Hollande, que é defensor das discussões sobre desenvolvimento sustentável, também pretende tratar com Dilma da venda dos 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). A francesa Dassault, fabricante do Rafale, a sueca Saab, que fabrica o Gripen, e a norte-americana Boeing, do F-18 Super Hornet, disputam a venda.
África em foco
Com os africanos, a presidenta deve conversar sobre as possibilidades de ampliação de parcerias e cooperação com o Senegal e a Nigéria. A África ganhou destaque no documento preliminar da Rio+20. Em vários parágrafos, os representantes dos 193 países se comprometem a consolidar esforços para garantir a melhoria da qualidade de vida no continente africano.
Com a Turquia, o Brasil tem uma relação estreita que abrange várias negociações no Oriente Médio. Um dos temas da reunião de Dilma com Erdogan deve ser o agravamento da crise na Síria, que já dura mais de 15 meses e matou pelo menos 12 mil pessoas. Os turcos, diferentemente de nações vizinhas à Síria, cobraram ações mais concretas do presidente sírio, Bashar Al Assad, e condenaram a violação de direitos humanos na região.
Na conversa com Jiabao, Dilma deverá reforçar a atuação do Brics (grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul) além de temas bilaterais, pois atualmente os chineses são os principais parceiros do Brasil. Em maio, Jiabao afirmou à presidenta que a China quer ampliar e aprofundar as relações com a América Latina. A China superou os Estados Unidos em 2009, tornando-se a principal parceira comercial do Brasil.
Presidente iraniano pediu audiência com Dilma. Presença dele no Rio de Janeiro causou protestos de manifestantes/Foto: Miguel Ángel Romero/Presidencia de la República del Ecuador
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, também pediu audiência, mas ainda não há confirmação. A presença de Ahmadinejad no Rio gerou protestos de manifestantes no domingo (17). Para eles, o iraniano prega um discurso de discriminação. Mas o Brasil é apontado pelos iranianos como parceiro diferenciado.
Secretário-geral da ONU presente
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também chegou na quarta-feira (20) à capital fluminense, depois de participar da cúpula do G-20. Ele concederá entrevista coletiva no Riocentro, ao final da manhã. À tarde, ele estará presente para participar da foto oficial da conferência e, imediatamente depois, da abertura solene da mesma.
No final do dia, Ban e sua esposa, Yoo (Ban) Soon-taek, participarão da recepção oferecida pela presidenta Dilma Rousseff para todos os chefes de Estado e de governo. O secretário-geral da ONU vai participar das atividades da Rio+20 também na quinta-feira 21 e na sexta-feira 22, antes de voltar para Nova York.
Esta é a quarta visita do secretário-geral Ban Ki-moon ao Brasil, desde que iniciou seu primeiro mandato, em janeiro de 2007.
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