Por Agência Fapesp
O que aconteceu na Amazônia nos últimos 20 milhões de anos? Como era o ambiente e quais os organismos povoaram a região durante esse período? Qual é a explicação para tamanha biodiversidade encontrada hoje ali?
Para responder a essas e outras questões, pesquisadores brasileiros e estrangeiros trabalharão durante cinco anos em um Projeto Temático apoiado pela FAPESP e pela National Science Foundation (NSF) no âmbito de um acordo que prevê o desenvolvimento de atividades de cooperação entre os programas "Dimensions of Biodiversity" (NSF) e BIOTA (FAPESP).
Aprovado em setembro de 2012, os pesquisadores do projeto – especialistas de áreas diversas, de várias partes do Brasil, Estados Unidos, Europa, Canadá e Argentina – vão se reunir pela primeira vez na sede da FAPESP, em São Paulo, entre 4 e 8 de março.
O primeiro dia da reunião será aberto ao público e terá a forma de um simpósio, durante o qual membros da equipe do projeto apresentarão suas linhas de pesquisa e planos de trabalho para os próximos cinco anos.
Evolução
Os pesquisadores envolvidos no Projeto Temático tentarão entender a origem, a estruturação e a evolução dos organismos que povoam e povoaram a Amazônia a partir de quatro grandes grupos: plantas, primatas, borboletas e aves. “Em uma primeira etapa, estudaremos a história evolutiva desses organismos e caracterizaremos o ambiente amazônico, incluindo informações sobre a história geológica e ciclos biogeoquímicos”, disse a pesquisadora, especialista em sistemática de plantas.
Na segunda etapa do projeto, esses dados serão integrados de forma a reconstruir a história passada da Amazônia nos últimos milhões de anos.“Um dos aspectos inovadores é a união de dados de naturezas diferentes – taxonômicos, genéticos, ecológicos, geológicos, paleontológicos, entre outros – em uma proposta de trabalho muito integrada”, disse.
Dentro dos grupos-modelo, os pesquisadores pretendem reconstruir a filogenia, ou seja, “árvores evolutivas” desses grupos, bem como realizar estudos ao nível populacional de organismos selecionados. “Como ainda sabemos muito pouco sobre a biodiversidade amazônica, tivemos que selecionar grupos-modelo, pois seria absolutamente inviável estudar toda a biota amazônica durante o período de vigência deste projeto”, afirmou Lohmann, que também é presidente da Association for Tropical Biology and Conservation (ATBC).
Dividido em três partes (documentação da biota, descrição do ambiente e reconstrução da história da biota), o simpósio buscará integrar os pesquisadores das diferentes áreas, que usarão técnicas e tecnologias distintas. “Caracterizar a composição da biota e o ambiente atual da Amazônia já é uma tarefa bastante árdua. Mais complicado ainda é caracterizar esses aspectos ao longo dos últimos 20 milhões de anos. Para isso, usaremos metodologias diferentes e muita modelagem”, afirmou Lohmann.
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