"Um dos resultados esperados da COP-11 é ter metas financeiras", projetou Braulio Dias.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Uma cúpula com representantes de mais de 190 países, uma cidade indiana (Hyderabad) e um desafio em comum: definir estratégias de financiamento para a proteção da biodiversidade mundial, enquanto os países europeus enfrentam uma poderosa crise financeira. Este é o clima da 11ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (COP-11), que começa dia 8 de outubro.
Na reunião anterior, há dois anos, em Nagoya, no Japão, os 192 países-membros mais a União Europeia concordaram com as chamadas metas de Aichi - 20 compromissos a serem atingidos até 2020, que têm como objetivo conter a perda de biodiversidade.
Cálculos feitos pela CDB, que serão apresentados durante a COP-11, consideram que, em um pior cenário, os custos podem chegar a algumas centenas de bilhões de dólares. A mais cara das metas - a que prevê que 17% das áreas terrestres e 10% das marinhas e costeiras sejam protegidas (hoje o mundo tem cerca de 12,7% e 4%, respectivamente) - poderia chegar a US$ 600 bilhões. Isso se não houver políticas públicas que incentivem o desenvolvimento sustentável.
"Um dos resultados esperados da COP-11 é ter metas financeiras. Só que, infelizmente, isso está coincidindo com a crise econômico-financeira que ainda persiste. Então vai ser um grande desafio, vamos precisar de muita criatividade e boa vontade dos países para chegar a um acordo", projetou o brasileiro Braulio Dias, secretário-executivo da CDB, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
Mais além
Segundo Dias, é fundamental fazer com que a biodiversidade receba uma atenção adequada nos outros setores. "Não pode ser apenas a área ambiental que vai cuidar disso. Os setores que usam ou impactam a biodiversidade têm de assumir sua parcela de responsabilidade e, com seus recursos, ajudar a reduzir esses impactos. Estou falando de setor agrícola, de pesca, de floresta, de produção de energia, setor de mineração, petróleo e gás, transporte. Se tiver sucesso nisso, aí a gente divide os custos e passa a ser mais viável implementar essa agenda."
Sobre a implementação das Metas de Aichi, o secretário-executivo da CDB informou que foi contratado um estudo para tentar identificar quais seriam as necessidades que demandariam apoio do GEF, que é o fundo mundial para o meio ambiente e o mecanismo financeiro da convenção. "Esse relatório vai ser apresentado agora para ser apreciado pelos países. Ele fala em algumas centenas de bilhões de dólares. O estudo olha meta por meta, tentando identificar quanto cada uma custaria para ser implementada, levando em conta diferentes cenários, dos mais aos menos otimistas", destacou Dias.
Conforme o secretário, esses custos dependem das condições políticas e econômicas de cada lugar. "Só para ter uma ideia, para implementar a meta 11, que é a de áreas protegidas, a estimativa é que serão precisos até US$ 600 bilhões. Esse é o limite superior para a meta mais cara de implementação, considerando o cenário de business as usual, sem ajuda de políticas públicas voltada para um desenvolvimento sustentável", observou.
- Relembre a entrevista de Braulio Dias ao EcoD -
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