Christiana Figueres, secretária-executiva da COP-18, já adianta que os resultados não serão os esperados
Foto: sallie-shatz
"O que vier de Doha não será no nível de ambição que precisamos". O resumo da 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-18) foi feito por Christiana Figueres, secretária-executiva da ONU. Esta segunda-feira, 3 de dezembro, marca o início da semana decisiva da cúpula realizada no Catar, mas ainda é incerta a renovação do Protocolo de Kyoto, que expira no dia 31 do mesmo mês - hoje o único acordo internacional de proteção climática em vigor.
Durante a COP-17, em 2011, na África do Sul, os governos de quase 200 países concordaram em renovar o Protocolo de Kyoto até 2017 ou 2020 agora na COP-18, além de definirem as metas de redução de emissões dos gases de efeito estufa. Também em Durban ficou acertada a criação de um acordo similar que incluíria nações desenvolvidas e em desenvolvimento, a partir de 2015, para entrar em vigor até 2020.
Nos bastidores de Doha, o acordo que estenderia o Protocolo de Kyoto já tem sido chamado de "Kyotinho". Explica-se. Só a União Europeia e a Austrália, responsáveis por cerca de 15% das emissões globais de carbono, concordaram em participar com ações concretas de redução de emissões. Canadá e Japão, que participaram da primeira etapa, já avisaram que não vão aderir ao novo período.
Hoje, o maior impasse para a extensão é puxado por Rússia, Polônia e Ucrânia. Esses países emitiram menos do que poderiam na primeira fase de Kyoto e agora querem levar essas "sobras" no potencial de emissões, o chamado hot air, para a segunda fase do acordo, o que desagrada boa parte dos negociadores, pois tal medida em nada contribuíria para o objetivo de limitar o aumento da temepratura global nas próximas décadas.
Mesmo que tenha um alcance limitado, a extensão das metas de Kyoto é importante na construção do futuro pacto global para redução de emissões.
Especialistas temem que um fracasso nessa negociação influencie negativamente o futuro acordo, que ainda nem foi rascunhado, mas é ameaçado pela prioridade dada à crise econômica mundial.
Protocolo de Kyoto
Criado em 1997, no Japão, o acordo comprometeu as nações desenvolvidas a reduzir suas emissões de gases-estufa em 5,2%, entre 2008 e 2012, em comparação aos níveis de 1990.
O tratado, porém, já foi criado com ausências importantes. Os Estados Unidos, maior poluidor per capita do planeta, não ratificaram o pacto, e nações em desenvolvimento como China, Índia e Brasil, que hoje respondem por boa parte das emissões mundiais, não tinham metas imediatas.
A COP-18 segue até o dia 7 de dezembro. Na terça-feira (4), os ministros de Meio Ambiente chegam a Doha para participar da cúpula de alto nível, uma semana após os negociadores de mais de 190 países terem adiantado os diálogos.
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