A criação em cativeiro do salmão utiliza intensivamente antibióticos, pesticidas e hormônios, que acabam por atingir as águas
Foto: sxc.hu
Você sabia que o salmão comercializado aqui no Brasil vem do Chile e esse peixe é criado em cativeiro? Qual é o problema disso? Segundo Andrew Sharpless, especialista da Oceana, uma das maiores organizações internacionais dedicadas à proteção dos oceanos, a criação do salmão em viveiros marítimos traz altos riscos de contaminação de todo o habitat.
Em entrevista a Revista América Economía, Sharpless afirmou que esse tipo de criação utiliza intensivamente antibióticos, pesticidas e hormônios, que acabam por atingir as águas de toda a região. Além disso, gera um consumo muito maior de recursos naturais, na medida em que para cada Kg de salmão cultivado são necessários cerca de 5 Kg de outros peixes em sua alimentação.
“Os produtores de salmão têm interesse econômico em reduzir essa proporção e estão trabalhando com a introdução de alguma porcentagem de grãos no alimento, mas, infelizmente, isso prejudica o sabor. Até o momento, esse é um problema sem solução. Por isso, comer salmão não é algo bom para o oceano”, alertou Sharpless.
Para o Instituto Akatu, os consumidores conscientes de seu poder de escolha são os agentes capazes de provocar empresas, ao demandar informações sobre os impactos da produção, levando-as a produzir bens e serviços de forma mais limpa e sustentável em todas as etapas da cadeia de produção.
Danos a saúde
As mesmas substâncias citadas pelo o especialista como responsáveis na contaminação da água, também podem ocasionar danos a saúde, segundo dados de uma pesquisa coordenada pela State University de Nova York, em Albany (EUA).
O estudo aponta que os derivados de petróleo utilizados no salmão do cativeiro (para ficar com a mesma coloração do selvagem) possuem alto teor cancerígeno. Sem falar que eles costumam ter o dobro da gordura - em sua maioria de gordura saturada (que não faz bem a saúde) e quase nada de Omega 3.
Os autores do estudo analisaram filetes de 700 salmões de viveiros e salmões selvagens procedentes de oito das maiores regiões produtoras da Europa e da América. As análises demonstraram que o salmão de criadouro procedente da Europa está, de maneira geral, mais contaminado do que o procedente da América do Norte e da América do Sul.
“Mas até o salmão de criação procedente do Chile ou do estado de Washington, que figuram entre os menos contaminados, apresentam uma taxa de PCB (Bifenil policlorinado), de dioxinas e de dieldrina superior à do salmão selvagem", indicam os cientistas em estudo publicado na revista Science.
Por tudo isso eles recomendam aos consumidores que reduzam o consumo do peixe e exijam indicações claras nas etiquetas dos alimentos na qual permitam distinguir entre o salmão de criação e o selvagem e que informem o país de origem do produto.
Mas é bom lembrar que nem por isso vamos sair por aí consumido "adoidado" peixes selvagens, até porque Andrew Sharpless alerta que o consumo excessivo pode ocasionar um colapso nos oceanos.
Assista o documentário (em inglês) que traz mais detalhes sobre o assunto.
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