Foram analisadas as temperaturas médias dos verões a partir de 1951. Foto: B4bees
"As mudanças climáticas que estão aqui são piores do que pensávamos". A afirmação é do diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos), James Hansen, que atribuiu a onda de calor no Texas em 2011, a da Rússia em 2010 e a da Europa em 2003 ao aquecimento global causado pelas emissões de gases estufa provenientes da ação humana.
De acordo com o novo estudo do cientista, o percentual de temperaturas elevadas, que atinge a superfície terrestre no verão, subiu de 1% nos anos anteriores a 1980 para 13% nos períodos recentes. A pesquisa foi publicada na revista da Academia de Ciências dos Estados Unidos e antecipada pelo jornal The New York Times.
Hansen confessou que foi muito otimista em 1988, quando esteve presente no Senado norte-americano para analisar o assunto. "[Há] um panorama obscuro sobre as consequências do aumento contínuo da temperatura impulsionado pelo uso de combustíveis fósseis. Tenho uma confissão a fazer: fui muito otimista", admitiu à BBC Brasil.
O pesquisador reforçou que as recentes ondas de calor estão vinculadas às mudanças climáticas e que a nova análise estatística realizada por ele e outros cientistas da Nasa mostra claramente esse vínculo. "O mais importante é olhar as estatísticas e ver que a mudança é grande demais para ser natural", frisou o cientista.
Foram analisadas as temperaturas médias dos verões a partir de 1951. Com o resultado, os pesquisadores chegaram a conclusão de que os verões apontados como extremamente quentes se tornaram mais frequentes. Desde 2006, cerca de 10% da superfície em terra no Hemisfério Norte têm registrado temperaturas extremas a cada verão.
"É pouco provável que as ações para reduzir as emissões de gases alcancem os resultados necessários enquanto o público não reconhecer que as mudanças climáticas causadas pela ação humana estão ocorrendo", alertou Hansen, que reforçou a necessidade de "perceber que haverá consequências inaceitáveis se não forem tomadas ações eficazes para desacelerar esse processo."
Os resultados provocaram uma divisão imediata entre cientistas. Segundo o New York Times, especialistas sugerem que Hansen apresentou argumentos estatísticos fracos para sustentar seu trabalho.
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