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Em ação inédita, ONGs se retiram da COP-19 antes do término, acusando retrocessos

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21/11/2013 às 9:40 • Atualizada em 02/09/2022 às 1:16 - há XX semanas
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Manifestantes protestam contra lentidão nas negociações da COP
Fotos: Oxfam International

Pela primeira vez na história das COPs, realizadas há 19 anos, organizações não governamentais e movimentos sociais decidiram se retirar das discussões antes do término da conferência. Renomadas ONGs como Greenpeace, WWF, Oxfam, Amigos da Terra, Action Aid e 350.org anunciaram que vão, voluntariamente, caminhar para a porta de saída da conferência às 14h (horário de Varsóvia), um dia antes do encerramento da COP-19.

O argumento é o de que a conferência está no "caminho certo para entregar praticamente nada" e, portanto, as organizações irão fazer "melhor uso do seu tempo", mobilizando os cidadãos para pressionar os governos, conforme o manifesto divulgado pelas organizações, em relação aos acordos que deveriam servir de base para a assinatura de um acordo global em 2015.

Desde final da primeira semana, como observou o coordenador do Observatório do Clima André Ferretti, as negociações estavam em ritmo lento. A manifestação ocorre após claras demonstrações do governo polonês, sede da COP-19, de que não está muito interessado no sucesso das negociações.

Recuo

Além de promover uma conferência dos produtores de carvão paralelo à COP, o presidente da conferência do clima foi demitido do cargo de ministro de meio ambiente ontem, 20 de novembro, sob a justificativa de que o novo ministro, Maciej Grabowski, ex-vice-ministro das Finanças responsável pelo preparo da tributação do gás de xisto, agilizaria as operações do gás no país. "O que pode ser pior do que uma presidência da CoP contrária aos avanços das negociações climáticas? Uma presidência fraca e esvaziada de poder!", criticaram Délcio Rodrigues e Silvia Dias, membros da Vitae Civilis.

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Fora a isso, a COP-19, que começou no início da semana passada com ecos do Tufão Hayian e do novo relatório do IPCC confirmando o papel central do homem no aceleramento das mudanças climáticas, foi recheada de retrocessos na política global do clima. Foi o caso do Japão, que junto ao Canadá e a Austrália formaram o “trio do retrocesso” nesta COP. O governo japonês anunciou que vai cortar sua meta de redução de emissões de CO2 dos prometidos 25% para meros 3,8% até 2020, em relação ao que emitiam em 2005.

Ontem, em uma coletiva de imprensa na Polônia, a ministra do meio ambiente brasileira, Izabella Teixeira, ressaltou a urgência do envolvimento da comunidade internacional em ações para frear o aquecimento global “A ambição é o único elemento realmente capaz de produzir o regime aprimorado de que o mundo tanto precisa”, disse ela, pedindo “ambição, justiça e transparência” nas políticas globais do clima.

Leia o manifesto na íntegra (com tradução livre):

A Conferência do Clima de Varsóvia, que deveria ter sido um passo importante na transição justa para um futuro sustentável, está no caminho certo para entregar praticamente nada. Na verdade, as ações de muitos países ricos aqui em Varsóvia estão minando diretamente a própria UNFCCC, que é um importante processo multilateral que deve ser bem sucedido, se quisermos resolver a crise climática global.
A Conferência de Varsóvia colocou os interesses das indústrias de energia suja sobre a de cidadãos globais.
Organizações e movimentos que representam pessoas de todos os cantos da Terra decidiram que o melhor uso de nosso tempo é retirar-se voluntariamente das negociações sobre o clima de Varsóvia. Em vez disso, agora estamos concentrados na mobilização de pessoas para pressionar nossos governos a assumir a liderança para a ação climática séria.
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