Obras da hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira próximo a Porto Velho, em Rondônia
Foto: Divulgação
Imagine o desaparecimento de metade da Amazônia em um futuro próximo, graças às pressões de projetos rodoviários (estradas ou multimodais), de petróleo e gás, mineração e hidrelétricas. Imaginou? Pois bem, essa possibilidade existe, segundo constata o atlas Amazônia sob Pressão, divulgado na terça-feira, 4 de dezembro, pela Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (Raisg).
A análise do desmatamento mostra que, entre 2000 e 2010, foram suprimidos cerca de 240 mil km2 de floresta amazônica, o que representa o dobro da Amazônia equatoriana ou a totalidade do território do Reino Unido. Oitenta por cento desse desmatamento ocorreu no Brasil, que tem a maior área de floresta do continente (62%).
"Se todos os interesses econômicos que se sobrepõem se concretizarem nos próximos anos, a Amazônia vai se tornar uma savana com ilhas de floresta", projetou o coordenador-geral da Raisg, Beto Ricardo, que representa o Instituto Socioambiental (Brasil).
As pressões e ameaças à Amazônia mostram que as paisagens de floresta, da diversidade socioambiental e de água doce estão sendo substituídas por paisagens degradadas, savanizadas, áreas mais secas e mais homogêneas. O atlas mostra um arco do desmatamento que se estende do Brasil para a Bolívia, uma área de pressão sobre água, de exploração de petróleo na Amazônia Andina e um anel periférico de mineração.
O desmatamento acumulado na década corresponde a 4,5% da área de floresta que estava de pé até o início do século (68,8 milhões de km²). O Brasil foi o país que mais desmatou, mas também o que combateu o desmatamento com mais eficiência nos últimos cinco anos do período (2005-2010), em que a taxa anual de desmate caiu de 19 mil para 7 mil km².
Mais recentemente, no período 2011-2012, o índice caiu ainda mais, para cerca de 4,6 mil km² - a taxa mais baixa já registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde 1988.
Conjunto de pressões representam ameaça
O Atlas traz um conjunto de seis pressões e ameaças sobre a Amazônia na última década: estradas, petróleo e gás, hidrelétricas, mineração, desmatamento e focos de calor - analisados por cinco diferentes unidades territoriais: a Amazônia, o Amazonas de cada país, Áreas Naturais Protegidas, Bacias Hidrográficas e Territórios Indígenas.
Segundo os organizadores do atlas, não foi possível incluir a análise de temas relevantes como a mineração ilegal, extração de madeira e agricultura, devido à falta de informação qualificada e cartograficamente representável para todos os países da Amazônia. Quando esses fatores forem incluídos a situação geral pode ser ainda mais adversa.
- Conheça o atlas na íntegra (em PDF) -
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