Máquina identifica, coleta e compacta os materiais recicláveis de forma automática, sem a necessidade de intervenção humana/Imagem: Divulgação
Crescer em meio a uma crise financeira costuma ser uma arte realizada por poucos. Um bom exemplo é o do empreendedor paulista Thiago Von Gal, que teve de fechar em 2008 a empresa de turismo que havia aberto em Berlim, na Alemanha, dois anos antes, em razão da recessão econômica que assolava à Europa. Ao retornar ao Brasil, no entanto, ele decidiu apostar em uma ideia que conheceu no "velho continente", segundo informou a Agência Sebrae.
Ele investiu na Máquina de Venda Reversa (RVM, sigla em inglês), equipamento que identifica, coleta e compacta os materiais recicláveis de forma automática, sem a necessidade de intervenção humana. E cada produto recolhido gera um crédito financeiro.
Na Europa, o cidadão recebe o retorno em forma de desconto na próxima compra do produto. Mas, no Brasil, Thiago contou que precisou adaptar o modelo de negócio por causa da falta de consciência ecológica da população. “Ainda não temos uma educação ambiental difundida amplamente e, por isso, adaptamos o negócio. Funciona em parceria com indústrias e supermercados. O consumidor leva suas embalagens usadas até os pontos de coleta e, depois de colocar no equipamento, recebe benefícios que variam conforme a empresa que contrata o serviço”, explicou Von Gal, que hoje exerce o cargo de consultor na Eco RVS, importadora das máquinas.
O empreendimento é destaque na Feira do Empreendedor: oportunidades de negócios verdes, promovida pelo Sebrae durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), que vai funcionar no Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro, até o dia 23 de junho.
A máquina aceita latas de alumínio e metal, garrafas PET, plásticos, vidros e embalagens de produtos de beleza e limpeza. Cada RVM é programada para reconhecer e armazenar resíduos em diferentes compartimentos, deixando-os preparados para o transporte seletivo. A própria Eco RVS leva o material já selecionado para as cooperativas de reciclagem. “Com isso, promovemos também inclusão social”, destacou Von Gal.
As máquinas são fabricadas na Noruega e já são conhecidas dos europeus desde a década de 1970. No entanto, a tecnologia ainda é estranha no dia a dia do brasileiro. Segundo Thiago, as altas taxas cobradas sobre a importação do equipamento representam a maior dificuldade para a ampliação do negócio. Ele defende a adoção de uma política fiscal diferenciada para os produtos que trazem benefícios ambientais. “O imposto sobre tecnologias de reciclagem deveria ser zero”, defendeu.
A Eco RVS oferece coleta de resíduos e treina os clientes para o manuseio da máquina. Os equipamentos podem ser adaptados ao ramo de atividade das empresas. A ideia é espalhar equipamentos por supermercados, shoppings, metrôs, parques, faculdades e lojas de conveniência. De olho no futuro, a empresa aposta na implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no país, que obriga empresas e diversos setores industriais e estabelecer ações efetivas para a destinação adequada dos produtos.
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